Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Há com o que se preocupar?

          Não é por que tinha Copa do Mundo que nós deixamos de acompanhar as notícias referentes à política e a transição do governo do Messias para o do Molusco, certo amigo leitor?


   Confesso que não sou um grande entendido das relações financeiras que ocorrem em termos de macroeconomia de um país, mas está sendo com bastante receito e dúvidas que vejo a proposta da PEC da Transição de permitir que os valores referentes a alguns auxílios financeiros à populações mais carentes sejam alocados acima do teto de gastos do governo; não que essas populações mais carentes não mereçam, pelo contrário, merecem muito sim.

Mas eu fico pensando: se a gente, cidadão comum, gasta acima de nosso teto financeiro, acima daquilo que temos como previsão financeira ou planejamento orçamentário, nós nos endividamos muito, certo? O mesmo não acontece com os governos? Claro que sim; é o chamado “aumento da dívida pública”. O problema é que, em caso de endividamento do governo, advinha quem vai ter que arcar com a conta? Nós mesmos, os pagadores de impostos.

Um comerciante que gastar mais do que ganha com suas vendas irá, inexoravelmente, à falência. Um país, o Estado, não vai à falência, não pode falir. Então, para se “desendividar” vai ter que meter a mão no bolso dos contribuintes. Anote aí amigo leitor: da morte e dos impostos ninguém escapa. E já vivemos em um país onde a carga tributária é indecente.

O pior é ver que essa PEC vai ser aprovada quase que sem ressalvas. Onde está o bom senso de nossos senadores e deputados? Onde está a oposição? Onde ficam os princípios da administração pública?

Não é por que a democracia está vencendo o reacionarismo e as ameaças a sua integridade que os eleitos podem fazer o que bem entendem e agir de forma inconsequente.

                Ou de repente é a minha ignorância que não deixa ver as coisas pelo ângulo certo e fica procurando cabelo em ovo, perna em cobra e dente em boca de galinha, certo?

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Está acabando a Copa do Mundo da Polêmica

          A Copa do Mundo começou dominada pela polêmica, visto que muitos especialistas destacaram o elevado (ou seria absurdo?) custo financeiro e humano para a realização da mesma no Catar.

      Analisando-se a questão sob o ângulo financeiro, vejo como extremamente difícil avaliar qual o custo verdadeiro de uma copa do mundo, sejam os valores envolvidos nas candidaturas e nas escolhas dos países, o que nem sempre é muito transparente, sejam os valores gastos ou investidos para criar a estrutura e a infraestrutura necessárias para a realização do certame. Por mais que auditorias sejam feitas, que dados venham à luz, que documentos tornem-se públicos, pode acreditar amigo leitor que o que ficamos sabendo de custos financeiros, gastos e despesas é apenas a ponta do iceberg. Ainda, se nos países democráticos esse controle já é difícil, imagina numa ditadura onde a circulação de informações é bastante restrita.

No campo das relações humanas, as maiores e mais severas críticas ou acusações contra os organizadores, em especial à FIFA, foi de se saber da exploração de trabalhadores e a supressão dos mais básicos direitos trabalhistas daqueles que trabalhavam nas obras da copa, com uso de trabalho idêntico ao trabalho escravo de milhares de pessoas, em especial estrangeiros. Além disso a escolha do Catar pelo órgão máximo do futebol mundial recebeu grandes críticas também, pois este é um país onde “direitos humanos”, assim, entre aspas, é um conceito muito relativo e que se destina principalmente aos homens naturais do país e ricos.

Tem-se então o grande paradoxo da copa: está sendo realizado em um país financeira e economicamente rico, com estruturas físicas modernas que refletem os ares de século XXI, seja lá o que isso significar, mas tem um lado social, cultural e político digno de uma ditadura do século XIX ou XX.

Não é por que se gosta de futebol ou por que se idolatra os jogadores de futebol que devemos deixar de lado a consciência sobre essas questões, certo? Não devemos fechar os olhos para isso!

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

E tudo se resume a respeito!

            “Aprendi que existem pessoas maravilhosas que votaram no Bolsonaro e existem pessoas maravilhosas que votaram no Lula. Há extremistas dos dois lados. A escolha por um desses candidatos não define o caráter de ninguém. Ela é baseada nos conhecimentos e experiências de vida e sobretudo como cada indivíduo significou tudo isso. Isso não faz das pessoas melhores ou piores, são apenas pontos de vistas e expectativas diferentes. No entanto, a forma grosseira de lidar, julgar e acusar o outro por que ele pensa diferente, supor que você é mais inteligente, vivido, esclarecido, enquanto o outro é alienado, ignorante, manipulado, isso sim diz muito sobre você! Cuidado com as projeções pessoais, pois elas tem mais a ver com a gente do que com o outro.”

      Esse texto, cuja autoria desconheço, circulou pelas redes sociais e frequentou até meu status. Traduz exatamente aquilo que eu penso, e serve como ponto de partida para a reflexão deste fim de semana. 

terça-feira, 18 de outubro de 2022

Dia do Professor

 

         Das muitas homenagens que recebi ao logo de quase quarenta anos dedicados ao magistério, uma em especial ficou guardada na memória pela emoção que suscita. É um pequeno texto que muito ilustra o compromisso do professor, do educador, não apenas o da sala de aula, mas o da vida, pois que serve também para a educação de nossos filhos. Compartilho com os amigos leitores, nesta data tão magnânima e de importância superlativa. Se alguém souber o autor do texto, por favor me indique, pois que o tenho guardado em uma folha de caderno da época em que me despedi da escola de Porto Alegre ao vir para o Vale Verde e com o qual fui homenageado, há mais de dezenove anos. Lá vai:

“Ensinarás a voar, mas não voarão o teu voo;

ensinarás a sonhar, mas não sonharão o teu sonho;

ensinarás a viver, mas não viverão a tua vida;

ensinarás a chorar, mas não chorarão o teu choro;

ensinarás a sorrir, mas não sorrirão apenas teu sorriso;

ensinarás a cantar, mas não cantarão a tua canção;

ensinarás a pensar, mas não pensarão como tu.

Porém, saberás que cada vez que voem, sonhem, vivam, chorem, sorriam, cantem e pensem, estará a semente do caminho ensinado e aprendido”.

Clap, clap, clap clap = aplusos!!!!! Magnífico!

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Da minha ignorância famigerada e a necessidade constante de satisfazer tamanho apetite insaciável

            A ignorância da gente é uma coisa espetacular. Está sempre disposta a se fazer presente em nossa singela vida e veementemente dá mostras que, por mais que estudemos, que pesquisemos, que exerçamos o senso crítico e a consciência crítica, nada sabemos, pelo contrário, sabemos muito pouco e cada vez menos, se é que sabemos mesmo de algo. É bem o que disse o filósofo grego Sócrates, conhecido como “o homem que perguntava”: “só sei que nada sei”.

Minha ignorância às vezes se faz tão grande, tão presente, que parece ser quase que uma entidade física que me acompanha diariamente. Noutras vezes ela se esconde, hiberna, eclipsa diante do conhecimento, de um conhecimento, dando-me a superficial impressão de que se foi embora, ao menos sobre um ou outro assunto. Ledo engano! Eis aí sensação ou sentimento fugaz, pois basta um descuido e ela grita, lá do fundo da sala “presente fessor!” e voltamos a compartilhar o mesmo corpo, no mesmo tempo e no mesmo espaço.

Não raro minha ignorância é igual ao animal de estimação do Mano Lima, a cadela Baia, pois muitas meses me ajuda, mas noutras vezes me “atrapaia”, ahahahahahah. Isso é parte do ser humano, e acredito mesmo que se chagamos até este momento de nossa evolução, em uma caminhada que recém está no início, deve-se muito a ela, inclusive nossa própria sobrevivência. É na busca por alimentar a fome de conhecimento, e o conhecimento é o principal alimento da ignorância, que o progresso se faz.

Semana passada alimentei um pouco a minha ignorância.

Em uma contenda judicial descobri que existe uma categoria de pessoas no Brasil, distribuídas numa determinada faixa etária, que são caracterizados como os “super-idosos”. Isso mesmo amigo leitor, na população de idade mais avançada existem os idosos e existem os super-idosos.

Quando eu pensei que fosse apenas um exercício de semântica de meu interlocutor, fui pesquisar e descobri que não só existem descrições para a expressão super-idoso, como suporte legal para tal definição.

Idoso é o indivíduo que tem mais de sessenta anos (ano que vem este colunista já entra para as estatísticas, sempre elas, como tal, com direito a carteirinha e tudo). Nesse sentido, em face desta idade, os indivíduos possuem alguns “privilégios” e algumas prioridades diante de pessoas mais novas. O super-idoso, por sua vez, é o indivíduo que tem mais de oitenta anos e que em razão da idade, mais avançada em relação aos demais idosos de sessenta anos, necessitam de mais prioridades ou das chamadas “prioridades especiais”. Consultando do Dr. Google, aquele que de tudo sabe e de tudo vê, mas que não sabe e não vê tudo, pois que também ignorante, se observa que os super-idosos possuem algumas características muito particulares: não apresentam doenças incapacitantes nem comprometimento clínico físico ou mental, gozam de uma relativa qualidade de vida (seja lá o que isso significar), tem autonomia de locomoção, de alimentação e de tomada de decisões pessoais, independem financeiramente de filhos, netos ou programas públicos assistenciais, etc. Um dos conceitos que encontrei diz que “são chamados de super-idosos pessoas com 80 anos ou mais que, diante de um teste cognitivo, apresentam um desempenho igual ou superior ao de pessoas na faixa de 50 a 60 anos. Além disso, são consideradas saudáveis por não apresentarem doenças crônicas e não utilizarem medicamento” (nutritotal.com.br). Conheço vários super-idosos; a rainha Elizabeth III, recém finada, era uma super-idosa; minha família, longeva por natureza, teve muitos super-idosos, e eis que meus pais ainda o são. 

Foi uma boa aprendizagem já que diz respeito a nossa realidade imediata e sei que muita gente desconhece isso. E anote aí amigo leitor: estamos nos encaminhando a passos largos para lá. Alimentei um pouco minha ignorância. Mas só um pouco...

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Bicentenário da Independência do Brasil

        Parabéns a nosso amado Brasil, sil, sil, pelo Bicentenário de nossa Independência, processo que foi conduzido por um monarca, o Imperador D. Pedro I. Esse nosso país tem que ser muuuuito forte mesmo para ter sobrevivido relativamente bem a duzentos anos de uma história marcada, infelizmente, por privilegiamentos, negociatas, corrupção endêmica, preconceito e discriminação racial, social, cultural e econômica.

São duzentos anos de uma história muito rica que ainda precisa ser melhor estudada, conhecida, entendida e reconhecida, afim de que possamos abandonar o senso comum e possamos compreender, afinal, que temos que ter consciência e agir em busca de um bem comum, construído a partir de um consenso nacional que deve estar acima de tudo e de todos, certo?

Sou um otimista, pois acredito que ainda podemos ter um bom futuro, apesar de tudo e de todos, pois o povo é forte e a terra é fértil. Parabéns para nós. Parabéns Brasil.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

A quem interessa a polarização política?

        Acompanhei, até o momento, as entrevistas dos presidenciáveis no Jornal Nacional, e como o amigo leitor pode imaginar, não houve grandes novidades nos discursos.

O messias reacionário, com sua predisposição para o desdém e para o conflito, e seu autoproclamado viés ditatorial (acredito que nem os próprios militares levam ele muito a sério), esteve beligerante com os entrevistadores que também não fizeram muita questão de amainar o conflito, e daí pecaram muito, pois tentando pegar o ômi pelas palavras e suas contradições, que não são poucas, deixaram de fazer importantes perguntas sobre a atualidade brasileira e a busca de alternativas para contornar os problemas nacionais que começam a se avolumar. Foi uma “briga de cegos” em que ninguém gritou “de faca não!”... Caso ele se eleja, penso que teremos o mesmo do mesmo.

O Ciro Gomes até foi uma surpresa, pois falou bem, não fugiu às perguntas mais incisivas, dando respostas fundamentadas e objetivamente coerentes, e teve, então, um bom desempenho. Porém, e sempre há poréns, tudo muito bonito, todos os problemas do Brasil com soluções possíveis, mas tudo muito fácil demais e, sabemos todos, com esse Congresso Nacional fisiologista e barganhador, nada é fácil, nada é sem segundas e terceiras intensões, nada é descompromissado de interesses muitas vezes velados. É como se diz: de boas intensões o cemitério está cheio. Dizer o que pode e o que precisa ser feito é uma coisa; fazer o que tem que ser feito é outra. Caso ele se eleja, acredito que encontrará enormes dificuldades de se manter fiel ao que tem pregado.

A entrevista do molusco ligeiro eu não consegui assistir, o que é uma pena, pois eu queria ver como ele se saiu respondendo às acusações de corrupção de seu governo (e dele próprio), pois é sabido que ele não foi inocentado pelo STF, apenas teve o processo anulado por inobservância a algumas normas processuais de direito. Li também que ele chamou o messias de “bobo da corte” e refém do Congresso, verdades ululantes, mas desnecessárias de serem ditas, ainda mais por ele que, em seu governo, também buscou aproximação com o famigerado e inescrupuloso centrão na busca de uma indistinta governabilidade, ponto onde seu governo e a credibilidade de seu partido político foram por água abaixo. Outra coisa que eu queria ver ele responder é com relação a como seria seu futuro novo governo, caso ele fosse eleito, e o que seria diferente do anterior. Caso ele se eleja tenho curiosidade de saber como será seu governo com as estruturas de mando e organização de seu partido combalidas por denúncias de corrupção.

Uma última questão que eu li acerca da entrevista do Lula diz respeito à crítica que fez sobre as investigações da Lava-Jato, dizendo que extrapolou os limites do judiciário, enveredando por um viés político que tinha como foco ele próprio, no que eu concordo em boa parte e justifico por dois argumentos principais: o primeiro é que o juiz encarregado de apreciar as acusações foi trabalhar como ministro do maior adversário político do investigado, o que é muito, mas muito suspeito; o segundo é que, por experiência e como muito se tem visto por aí, sei que no Brasil um processo contra um prefeito qualquer, independentemente da acusação, seja improbidade, corrupção ou outro, pode durar no mínimo dez anos até o seu final, e a pergunta que se faz é como então um processo contra um presidente da República, algo muito mais complexo e de contextualização muito mais morosa, pode ter durado apenas pouco mais de três anos? Suspeito, muito suspeito...

E até a eleição vem mais por aí, ah se vem... Voltaremos!

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

E o caso da Boate Kiss?

          A sociedade gaúcha ficou surpresa com a notícia de que o julgamento dos acusados no caso da Boate Kiss ia ser anulado e que os réus que estavam presos seriam postos em liberdade. Decorridos mais de nove nos do trágico acontecimento, quando se pensava que as responsabilidades seria por fim apuradas e os culpados punidos, o processamento do fato voltará à estaca zero caso seja confirmada a decisão do TJ – Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul devendo haver, então, novo julgamento.

A anulação ocorreu por dois votos a um em um órgão colegiado do Tribunal de Justiça, e atendeu aos recursos interpostos pela defesa dos réus alegando algumas nulidades. Com isso o mérito da questão, isto é, se os réus eram ou não culpados pelas mortes das duzentas e quarenta e duas pessoas na boate, não chegou a ser apreciado pelos desembargadores do TJ, pois quando a preliminar de nulidade é aceita como elemento de defesa o processo é declaro nulo e todo o assunto que vem depois se quer é avaliado. É uma questão particular dos processos judiciais e está explicitamente determinado em lei.

Alguns esclarecimentos, então, para que o amigo leitor, talvez leigo em matéria de direito, possa se inteirar sobre o tema. E uma ressalva: todos os argumentos e elementos a seguir apresentados estão amplamente definidos em lei, não são criação da minha cabeça ou se quer da minha vontade, certo?

Primeiro, a decisão de anulação do julgamento ocorreu em sede de recurso, em segunda instância, o que significa que na primeira instância, conduzida por um juiz de direito, os réus foram condenados. Os réus perderam e seus advogados recorreram.

A decisão de anulação do julgamento não é definitiva, pois a Promotoria de Justiça e os assistentes da acusação podem dela recorrer para o STJ – Superior Tribunal de Justiça ou, de repente, até para o STF – Supremo Tribunal Federal, órgãos que poderão anular a anulação (essa foi boa). Se na instância superior a anulação for anulada, passa a valer a decisão da primeira instância, voltando o processo a tramitar a partir da anulação; agora, se a anulação for confirmada, o processo voltará a tramitar desde antes do julgamento. Parece confuso né?

Uma questão que vira-e-mexe eu abordo aqui, e que é muito pertinente à decisão do Tribunal de Justiça e ainda suscita muitas dúvidas, diz respeito à distinção entre questão de fato e questão de direito nos julgamentos: a questão de fato, ou matéria de fato, diz respeito ao fato que está sendo julgado, às provas que colaboram para apurar o fato em si, contribuindo para a culpa ou não dos acusados, no caso da boate Kiss, as questões e circunstâncias que colaboram para a responsabilização, ou não, dos réus, isto é, se eles deram causa às mortes dos jovens ou se contribuíram para as mesmas. Questão de direito ou matéria de direito, diz respeito, grosso modo, às implicações da lei e, por conseguinte, dos processos e procedimentos, na apuração dos fatos e das questões de fato, por fim, na responsabilização dos acusados. A anulação do julgamento dos réus no caso da boate Kiss se deu por que o Tribunal de Justiça aceitou os argumentos da defesa quanto às preliminares de questões de direito, e não de fato, qual seja principalmente a distinção entre homicídio culposo e homicídio com dolo eventual.

Homicídio culposo é aquele em que o autor, mesmo não querendo o resultado morte, contribuiu para ela por que agiu com imprudência, com imperícia ou com negligência, tendo, então, culpa; no homicídio com dolo eventual, o agente ou autor do homicídio sabe que suas ações podem causar a morte em alguém, mas acredita honestamente que não a causará, então continua agindo, concluindo-se que ele assumiu o risco de matar, daí o nome dolo (vontade) eventual de matar. Existe um terceiro tipo de homicídio que é o doloso, quando o autor quer matar a vítima, tem a intensão (dolo) de matar. Cada tipo de homicídio tem uma pena diferente, daí por que os recursos para caracterizar ou descaracterizar cada um são muito comuns no direito brasileiro, pois quanto mais grave, maior a pena. Parece que é o que está ocorrendo no caso da boate Kiss.

O fato de o julgamento ter sido anulado, mesmo que a princípio provisoriamente, não significa que os réus são inocentes. Ninguém foi inocentado. Significa apenas que uma questão de direito, determinada em lei, portanto, e que não foi observada, mostrou que o processo precisa ser refeito. Os tribunais superiores irão confirmar isso ou não.

Anular julgamentos por questões de direito, sem chegar-se a se observar, avaliar e julgar as questões de fato, é um expediente muito comum no Judiciário brasileiro. Muito comum mesmo. Por exemplo, foi o que aconteceu com o julgamento de ex-presidente Lula: alguns dos processos dele foram anulados por que os órgão recursais aceitaram as teses da defesa que atingiam apenas questões de direito, o que não significa, como eu já disse, que ele tenha sido absolvido ou inocentado. Ele deverá ser novamente julgado, mas desta vez seguindo-se os ritos e as determinações legais corretas, evitando-se as que deram causa às anulações.

        Independentemente de quem tenha ou não razão nessa situação toda, o mais desagradável é ver que as feridas há muito abertas, desde aquela fatídica noite de janeiro de 2013 em Santa Maria, continuam abertas e com certeza voltarão a sangrar muito, até por que tamanho pesar não esvanecerá nunca. O tempo amaina a dor, mas o sofrimento permanece irremediável...

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Festas de São João

          Estamos em meados de julho e começam a terminar os festejos juninos. É interessante notar que até essas tradicionais festas acabaram por sofrer os reflexos dessa relativização de conceitos e preconceitos e de práticas que atinge nosso mundo e muitas atividades que até bem pouco tempo eram aceitas como comuns, normais e ingênuas.

A fogueira de São João, por exemplo, tornou-se proibida, pois mesmo que a lenha usada nela tenha certificação de procedência de madeira oriunda de reflorestamento regulamentado e certificado pelo IBAMA, Ministério da Agricultura e Meio Ambiente, pela Secretaria do Meio Ambiente e pela Associação dos Defensores das Matas e dos Mananciais Arboríferos (ADMMA – associação que eu criei agora, para ilustrar o texto, ahahah), ela causa fumaça e agride a camada de ozônio, tornando-se, então, ecologicamente inviável.

O mesmo raciocínio da fogueira vale para as bandeirinhas que enfeitam os arraiais juninos, pois o papel com que as mesmas são confeccionadas deve ter as mesmas certificações que a madeira da fogueira. Além de que o descarte das mesmas deve ocorrer apenas depois da aplicação do princípio dos 3Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

O quentão, a bebida mais clássica de uma boa festa de São João, não pode ser de vinho, quiçá ter uma boa dose de pinga agregada ao sabor, pois isso é fomentar em uma festa popular o consumo de álcool que, como sabemos, é uma droga. Lícita, mas droga!

Um simples cachorro-quente, um dos quitutes mais apreciados por crianças e marmanjos em festas populares, entrou na pauta do questionamento de consumo nas festas juninas escolares, afinal a salsicha é um alimento ultraprocessado, é um embutido, e como tal, não é saudável, além de conter elevados índices de sódio, corantes, conservantes, etc.. Não sei se é verdade, mas ouvi que houve a sugestão de se substituir a salsicha por uma... cenoura. Hein? Hã? Como assim, cara pálida? É quase de rir, ahahahahah. E tem a questão do molho, que não pode ser industrializado, mas deve ser feito com tomates produzidos em empresas agrícolas vinculadas ao sistema de agricultura familiar certificadas com o selo nacional da produção orgânica, o famoso “livre de agrotóxicos”.

Um dos doces mais tradicionais de uma festa junina é o pé-de-moleque, que terá que trocar de nome sob pena de ser banido de tais comemorações. Isso pelo simples fato de que comer um pé-de-moleque suscita a ideia de antropofagia e, na esteira de um raciocínio de analogia, se o quentão favorece o alcoolismo, o pé-de-moleque incentiva o canibalismo, certo?

O casamento na roça, a teatralização mais icônica, tradicional e festiva de uma festa junina, passou a ser visto como um triste episódio de preconceito, ironia e chacota ao homem simples do interior; é a ridicularização do matuto e, portanto, reprovável. Ainda mais que geralmente nesse casamento a noiva vai casar grávida, o que demonstra a ignorância do roceiro quanto aos métodos contraceptivos, além de que, não raro, o filho não é do noivo, mais de um outro que, também não é incomum, pode ser até o padre. Que barbarbaridade! Isso além do preconceito sexual implícito, afinal, por que a noiva não casa com uma noiva e o noivo não casa com outro noivo?

         Pois é amigo leitor, em tempos de tantas relativizações a gente até brinca com as coisas, mas é um brincar meio de esguelha, pois a linha que divide o permitido e correto do socialmente reprovável e incorreto é muito tênue e a nossa geração ainda está aprendendo a se ver livre dos preconceitos que até bem pouco tempo se quer existiam... Pelo sim, pelo não, muito cuidado ao caminhar, pois estamos pisando em ovos (no sentido figurado, claro).

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Quando os extremos se aproximam, quase se igualam...

          Logo no início da semana conversei com um eleitor do molusco ligeiro que intensifica sua militância para a campanha eleitoral que se aproxima. Fiquei impressionado com a passionalidade da argumentação por ele desenvolvida para defender a candidatura do ômi, o que, como toda e qualquer forma de paixão, turva a visão, agride o bom-senso, ofende o senso crítico e a inteligência. Depois, em outra oportunidade, na verdade em outras oportunidades, conversei com eleitores e defensores do messias reacionário, e mais uma vez fiquei impressionado com a passionalidade da argumentação desenvolvida para defender a candidatura do ômi, o que, como toda e qualquer forma de paixão, turva a visão, agride o bom-senso, ofende o senso crítico e a inteligência. Vou exemplificar.

O primeiro dos militantes não aceita, sob hipótese alguma, a ideia de que seu candidato venha a ser culpado de alguma das mazelas que ocorreu durante seu governo ou as que lhes são atribuídas. Para ele, o ômi é inocente e procurou, sempre que necessário, contribuir para a punição daqueles que, no seu mandato, se envolveram em falcatruas e corrupção. Para os segundos, é absurda a ideia de que seu candidato venha a ser culpado de alguma das mazelas que ocorreu durante seu governo ou as que lhes são atribuídas. Para ele, o ômi é inocente e procura, sempre que necessário, contribuir para a punição daqueles que, no seu mandato, se envolvem ou envolveram em falcatruas e corrupção.

Ainda, para o primeiro, o Poder Judiciário extrapolou sua competência simplesmente para punir o ômi e atrapalhar seu governo, criando o que se chama de “república do judiciário”, com a judicialização das questões políticas, tanto que, para esses, quando o judiciário manda prender um de seus políticos ou simpatizantes, está fazendo isso à revelia da lei, simplesmente para cometer abuso, e quando manda soltar um político ou simpatizante do opositor, é por que está mancomunado com aqueles e o faz por interesses obscuros e mesquinhos; para os segundos, o Poder Judiciário está extrapolando sua competência simplesmente para punir o ômi e atrapalhar seu governo, criando o que se chama de “república do judiciário”, com a judicialização das questões políticas, tanto que, para eles, quando o judiciário manda prender um de seus políticos ou simpatizantes, está fazendo isso à revelia da lei, simplesmente para cometer abuso, e quando manda soltar um político ou simpatizante do opositor, é por que está mancomunado com aqueles e o faz por interesses obscuros e mesquinhos. Tem mais.

Para os simpatizantes do Lula os meios de comunicação, as grandes mídias, são instrumentos do mal que servem para lhe atingir, ofender, depreciar e prejudicar; para os defensores do Bolsonaro, também; as pesquisas de opinião não mostram a realidade do poder eleitoral de Lula, diminuindo a sua vantagem eleitoral sobre seu concorrente ou não retratando a verdade de intenções de voto do eleitorado brasileiro. E para os simpatizantes do Bolsonaro? Também! O Lula é uma vítima; o Bolsonaro, também. O Lula é a solução; o Bolsonaro, também. O Lula é o cara; o Bolsonaro, também.

O Lula é visto pelos bolsonaristas, como sinônimo de corrupção, negociatas políticas, falcatrua, roubo e retrocesso; o Bolsonaro é visto agora, e também, pelos lulistas, como sinônimo de corrupção, negociatas políticas, descaso com o meio ambiente e a sociedade, preconceito e retrocesso.

Interessante é que quando se apresenta para os simpatizantes do Lula argumentos que justificam ou comprovam algumas das acusações feitas pelos bolsonaristas ou pela sociedade, a justificativa que se recebe é “não foi bem assim”, ou “a justiça não apontou nada”, ou ainda e muito comum, “mas o caso é diferente”, ou então, “me prova que isso é verdade e não criação de um judiciário politicamente comprometido ou uma imprensa imparcial”... Mas quando se apresenta para os simpatizantes do Bolsonaro argumentos que justificam ou comprovam algumas das acusações feitas pelos lulistas ou pela sociedade, a justificativa que se recebe é “não é bem assim”, ou “a justiça ainda não apontou nada”, ou ainda e muito comum, “mas o caso é diferente”, ou então, “me prova que isso é verdade e não criação de um judiciário politicamente comprometido ou uma imprensa imparcial”...

No meio dessa polarização estão os eleitores que infelizmente não têm uma terceira via plausível ou possível para optar e poder afastar, de uma vez por todas, esse radicalismo bilateral e retrógrado que nos atinge e só faz mal a nosso amado Brasil, sil, sil...

O terceiro grupo de eleitores, aqueles que, por convicção ou interesse não se aliam nem ao molusco nem ao messias, está em um triste dilema: não votar em nenhum, anulando seu voto (nunca branco, mas, na falta de opções, nulo) e deixar que os outros escolham por si, ou escolher entre o ruim e o pior sabendo que nenhum atende às mínimas necessidades de um governo razoável para nosso país!

A Democracia, assim, com letra maiúscula, é formada, como tudo na vida, por um ponto de equilíbrio entre o bônus e o ônus, e quem não aceitar isso está na contramão da História, daí por que não se pode admitir, em hipótese alguma, pregações simplificantes como o golpismo intervencionista. Isso nunca!

Pensemos nisso, pois o assunto não se esgota. Voltaremos!

sábado, 19 de março de 2022

Por mais respeito aos ciclistas

           Foi destaque no esporte amador desta semana o protesto que um grupo de ciclistas fez em São Paulo para chamar a atenção para os riscos que os ciclistas sofrem no trânsito, em especial, mas não só, naquela cidade.



Pelados ou semivestidos e sob o slogam “pelada você me vê?” os pedalantes paulistas deram voz a uma campanha global cobrando investimentos para o ciclo-transporte e a mobilidade com as bikes, e justiça para os ciclistas mortos no trânsito.

Pedir respeito no trânsito para os ciclistas é a preocupação de todos os praticantes e simpatizantes da atividade no momento. Que as autoridades encampem esta campanha.

* Por falar nisso, volto a um tema recorrente em minha coluna e muito particular ao mundo dos ciclistas, mas também aos motociclistas e a muitos pedestres, pois que envolve respeito e segurança: o ataque de cães nas estradas, nas ruas e nas rodovias.


Há alguns dias, conversando com alguns colegas ciclistas de Santa Cruz do Sul, recebi uma queixa sobre o ataque de cães que os mesmos sofreram na RS 405, entre a entrada da cidade e o trevo do Piquete Mateadores. No entorno da Ponte Seca também ocorre alguns incidentes assim como nas proximidade da Escola Nero. Um colega relatou que por pouco não caiu da bike, pois o cachorro chegou muito perto de lhe morder.

Pois bem, semana passada fomos nós aqui do Vale que em um pedal noturno tivemos o desprazer de sermos atacados por cães naquele primeiro trajeto, quase na confluência da RS 405 com a rua Antônio Vieira de Mello. Situação muito complicada, pois eram animais de médio-grande porte que poderiam ter causado um grande acidente.

Na verdade, acidente não é o termo correto, na medida em que um cachorro que sai do seu pátio e ataca um ciclista, motociclista ou pedestre, não causa um acidente, causa um crime, um delito penal. Se o dono do cachorro deixa seu animal solto à noite e não fecha o portão ou a porteira, se é que tenha portão ou porteira, ele está assumindo o risco de causar um problema que pode ser muito grave a quem passa nas proximidades. O nome disso no direito penal é omissão e está tipificado no Código Penal, em seu artigo 13, parágrafo 2º: — a omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. Como o dono do cão evita o resultado dele atacar pessoas? Garantindo que seu animal fique dentro de sua propriedade. Simples!


Para aumentar meu poder de convencimento sobre a gravidade dos fatos e a necessidade de os donos garantirem os cuidados de segurança com seus cães, apresento abaixo uma das muitas decisões que o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul tem sobre o assunto:

Ementa: RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. DESCUIDO NA GUARDA DE ANIMAIS. CÃES. PROVA EMPRESTADA. VALIDADE. LESÕES CORPORAIS. DANOS EMERGENTES. DANOS MORAIS. Trata-se de recurso interposto contra sentença de parcial procedência de pedido indenitário de danos materiais e morais decorrentes de acidente de trânsito. Não há dúvidas de que o autor é o proprietário da motocicleta sinistrada, bem móvel que se transfere com a tradição. No que diz com o acidente em si, o autor junta fotografias do momento posterior à queda da motocicleta, motivada pelo ataque dos cães de propriedade dos réus e boletim de ocorrência policial. A contestação não o nega. Em processo outro, cuja prova foi emprestada a estes autos, ficou patente que os réus não bem se desincumbem da sua obrigação legal da guarda de seus cães. Relativamente aos danos emergentes, o autor acostou três orçamentos, como usual, compatíveis com a extensão do dano comunicada no boletim de ocorrência. Já quanto ao aparelho celular, a decisão não pode subsistir, pois foi juntada nota fiscal de compra do aparelho, sem que se possa saber a) se os danos decorreram mesmo do acidente e b) qual a extensão dos danos. Danos morais ocorrentes, em razão das lesões físicas experimentadas pelo autor e por seu filho, criança, em virtude do acidente. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.(Recurso Cível, Nº 71007308349, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Fabio Vieira Heerdt, Julgado em: 19-07-2018)

Falando apenas de bikes, amigo leitor, existem algumas que custam mais de vinte mil reais e que dependendo do dano não podem ser recuperadas. O dono do animal terá sim que indenizar o ciclista ou motociclista que comprovar os danos sofridos, além de danos morais que certamente incidirão no caso. E hoje em dia está relativamente fácil fazer prova nesse sentido: primeiro, por que ciclistas raramente andam sozinhos; depois, por que geralmente o ciclista anda com GPS ligado, o qual, entre outras coisas, identifica o exato momento do ataque dos cães; também, por que geralmente se pedala com o celular bem à mão justamente para a garantia de se comprovar os incidentes do trânsito.


A coisa é séria e fica aqui, mais uma vez, meu apelo: pela segurança dos ciclistas, motociclistas e pedestres, mantenhamos nossos animais no interior de nossas propriedades, por favor. Ah, um esclarecimento: o dano poderá ser causado mesmo que não haja ataque pelo cachorro; basta ele causar uma queda para caracterizar a infração e o dever de reparação, ok?

* Por falar nisso, felizmente para as bandas do Passo do Sobrado esse tipo de ocorrência é muito mais raro. Poucos os riscos e os sustos. Não que não haja muitos cães acuando em nós, mais via de regra estão presos além das cercas e porteiras. Muito obrigado.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Volta às aulas 2022

           Estamos em época de volta às aulas, período sempre, e ainda mais nesta época, pelo momento, caracterizado por dúvidas, incertezas, expectativas...

         Noutros tempos seria eu a estar no olho do furação, gerenciando RH, distribuição de cargas horárias, horários, ordem das salas de aula, merenda, obras emergenciais, compra de material didático e pedagógico, implantação de políticas públicas, o humor da mantenedora, etc., ou planejando aulas, projetos, tarefas, atividades.

Hoje sou mero assistente do processo e o mínimo que posso fazer é desejar muita resiliência e muita paciência para as equipes diretivas, para os professores e funcionários que estão retomando as atividades regulares dentro dessa nova normalidade, afinal, como sei por experiência, todo início de ano o abacaxi tem que ser descascado e os pepinos fatiados, e é muito fácil para aqueles que nunca estiveram em uma sala de aula ou que há muito não a frequentam regularmente, “querer coisas” e “exigir coisas”, muitas vezes tentando impor sua vontade e esquecendo que no processo de gestão, principalmente da educação, o primeiro princípio é o de ouvir as partes envolvidas ou implicadas. Desejo coragem, conhecimento e disposição para o trabalho aos meus queridos colegas de profissão. Força no músculo que a tarefa é digna dos Doze Trabalhos de Hércules.

E não esqueçam: se alguém pode fazer alguma diferença em nossa sociedade para o bem de nossas crianças e suas famílias são vocês, com certeza; ninguém pode dar o que não tem, e de onde menos se espera que as coisas venham, dali é que não vem nada mesmo.

       Como eu tenho orgulho dessa Classe, assim, com letra maiúscula. Força e luz meu povo, beijo em seus corações!!!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Ainda sobre os bancos...

       Conversando com alguns leitores sobre a postagem de semana passada, destaque comum foi a dificuldade para as pessoas, principalmente (mas não só) os mais velhos, em usar os serviços eletrônicos oferecidos pelos bancos ou a prestação de serviços pessoais de forma não muito agradável ou simpática, como se o trabalhador do banco estivesse prestando um favor em atender o cliente.

Conversei pessoalmente também com muita gente, leitoras desta coluna ou não, sobre a qualidade dos serviços bancários prestados e o atendimento dispensado ao consumidor nas agências bancárias, não só nas agências aqui de nossa região, destaco, e me chamou atenção duas posições bastante objetivas: uma grande gama de reclamações e críticas nada elogiosas contra um banco em espacial (aqui banco não significa agência bancária, destaco), que obviamente não vou identificar visto que essa minha pesquisa e avaliação carecem de fundamentação estatística e científica, mas mostra que o serviço prestado por aquele banco nem sempre é bom para todos, e uma quase unanimidade em elogiar o bom atendimento pessoal prestado pela turma cooperada (e aqui não me acusem de merchandising, por favor!!!).

É como eu disse a alguns leitores: os bancos cobram taxas e nós pagamos sem chiar, mesmo podendo exigir o pacote de serviços gratuitos regulamentados pelo Banco Central. Então está na hora de começarmos a perder a vergonha e exigir também um atendimento minimamente satisfatório, respeitoso e responsável nos bancos nos quais mantemos nossas preciosas contas e nosso precioso din-din. E em não havendo essa qualidade nos serviços prestados e no atendimento pessoal que se comunique primeiro a diretoria do banco, preferencialmente de forma escrita, e depois o Banco Central, requerendo-se providências, certo?

sábado, 22 de janeiro de 2022

Os bancos querem nos enlouquecer? Ou não nos querem mais como clientes físicos?

 

   Como os amigos leitores já devem ter notado, ou sido “vítima”, assim, entre aspas, os bancos de uma forma geral estão racionalizando cada vez mais os serviços prestados, incentivando, induzindo ou fazendo com que seus clientes usem mais-e-mais os chamados “serviços on line” sob a justificativa de que “é mais fácil, mais prático, mais rápido, mais eficiente ou mais moderno”, afinal, tais serviços podem ser realizados de casa ou do trabalho. Muitos consumidores acreditam nisso e optam por esses serviços, e para eles deve ser mesmo mais indicado, claro; mas não é meu caso e aí, uma crítica, visto que já fui amistosamente criticado por uma bancária por não ter aderido aos serviços bancários on line: “mas tu, um professor e advogado, um cara estudado, inteligente e bonito ainda vindo ao banco para pagar boletos e fazer movimentações financeiras? Por que não adere ao programa “esvazie sua agência e faça o dono banco mais feliz?”. Minha resposta, em tom menos jocoso do que eu teria gostado foi: primeiro, por que eu não quero (sorrisos); segundo, por que eu tenho tempo para ir ao banco (mais sorrisos); terceiro, por que há muitos e muitos anos eu pago uma taxa de manutenção de conta, já sou meio sócio do banco (kkk); quarto, por que ainda sou reticente no uso de senhas e em movimentação de valores via internet, seja por insegurança minha ou descrença na segurança do sistema mesmo (aí quem sorriu foi a bancária). Na verdade eu queria ter dito que sou um bom pagador de impostos e taxas e não devo satisfação da minha vida, o que seria uma ótima resposta, porém, muito mal-educada, ahahahahah. Óbvio que eu não disse!

Quando os bancos não conseguem fazer o seu cliente optar, de forma espontânea, por esses serviços on line, que devem ser bons para as pessoas mesmo, mas é muito melhor para o banco, não se iludam, levam-no a ter que usar os caixas eletrônicos que, a cada momento, oferecem uma gama cada vez maior de serviços e operações.

Ocorre que alguns serviços nesses caixas eletrônicos se tornam complexos e isso causa dois tipos de transtornos para os consumidores (que pagam pela manutenção de suas contas nos bancos, explica-se, pois parece que às vezes o banco nos atende de graça...): um, é que aquelas pessoas mais xucras no trato com as máquinas, e aqui não temos demérito nenhum, precisam sempre de ajuda para realizarem o serviço pretendido; outro, é que, mesmo pessoas que dominam a técnica de usar o caixa eletrônico não conseguem realizar o serviço necessário, tendo então que ir ao atendimento pelo caixa físico, ou seja investindo mais de seu tempo, e enfrentando, às vezes, duas ou três filas. É o que ocorre, por exemplo, com o pagamento de boletos através de código de barras: é muito comum que a máquina não consiga ler o código de barras impresso no boleto, aparecendo a mensagem “tempo esgotado e prepare-se para digitar o código”: o consumidor tem que digitar o referido código numa sequência que, a princípio, tem até quarenta e oito números. Quem já passou por isso sabe não ser tarefa das mais fáceis. Faça o teste ai amigo leitor, tente digitar em uma calculadora ou no seu celular o seguinte número, como se fosse um código de barras impresso em um boleto que deverá ser pago no dia, sob pena de multa e juros: 564987231147852369951487263024062300857912253584. Difícil, né? Agora tente esse outro: 989600000005856000000003658000000457826000045000. Mais difícil ainda, pois essa grande quantidade de zeros embaralha os olhos e confunde a mente...

Mais! Não é raro que os números referentes ao código de barras no documento sejam a menos do que os espaços disponíveis a serem preenchidos na máquina. A pessoa digita todo o código e a máquina fica ali, com um, dois ou três espaços faltando e o cursor piscando... Fazer o que então, antes que apareça a mensagem “tempo esgotado”: apertar o enter e ver a mensagem de “número de código de barras incorreto, prepare-se para digitar novamente” ou “boleto inválido, procure a agência emissora”? Ou completar os espaços faltantes com zeros e ver uma prestação de R$ 160,00 passar para R$ 1.600,00 ou até R$ 16.000,00? A alternativa então, como eu disse, é ir, depois de toda façanha no caixa eletrônico, ao caixa físico. Mas às vezes nem isso facilita a vida do consumidor.

Este causo que descrevo abaixo ocorreu numa agência bancária que, por óbvio, não vou identificar, pois acredito ser um caso pontual e na maioria das vezes anteriores em que precisei dos serviços bancários fui muito bem atendido.

O cidadão cria coragem e vai ao banco pagar um boleto no caixa eletrônico; para variar a máquina não lê o código (tempo esgotado) e o cidadão se prepara para digitar aquela bela sequência numérica. Digita uma vez e o código está incorreto; digita uma segunda vez e faltam números (espaços e cursor piscando); digita novamente e o código está incorreto ou o boleto é inválido... Vai então para o caixa interno da agência para ser atendido por uma pessoa. Chega no caixa e não tem ninguém para atendê-lo; espera um pouco e não aparece ninguém; espera mais um pouco e continua sem ser atendido; continua esperando e, para passar o tempo, olha o watss, atualiza as mensagens, envia mensagens, recebe mensagens; continua esperado e nada; espera mais um pouco e aproveita para ler todas as informações contidas no boleto; e nada! Cansado de esperar, vai embora.

Durante o período em que esperei para ser atendido, nos três guichês de atendimento pessoal estavam trabalhadores do banco, mas nenhum atendendo ninguém; estavam trabalhando, claro, mas não atendendo gente. Fiquei com a nítida impressão de que quando eu fui embora apenas os guardas tenham me visto entrar e sair do banco, nenhum dos demais: acredito que se tivessem me visto ao menos me diriam para esperar um pouco, ou que o atendimento iria demorar, ou que, apesar de serem 10:45h, a pessoa responsável pelo caixa estava almoçando e voltaria em trinta minutos (como já ocorreu comigo anteriormente), ou me ofereceriam um cafezinho enquanto aguardava... Mas nada. Nadica. Ninguém me olhou; ninguém me disse nada!

O que incomodou não foi esperar, afinal, se tem uma coisa que professores e advogados aprendem na vida é que esperar faz parte do processo. Fiquei ali, plantado como uma coluna de mármore no templo (já que a tv está reprisando a novela dos árabes, kkk) sem se quer ser notado. Poderiam até ter pedido para eu atravessar a rua e fazer uma visita na Igreja enquanto aguardava, ou oferecido um cafezinho, mas ao não me darem a menor atenção ou uma reles satisfação quando à necessidade de esperar, o que eu faria de bom grado, acabaram por causar um enorme incômodo, pois como consumidor, ou melhor, como todo e qualquer consumidor, merece-se um mínimo de atenção, certo? Voltei noutro dia, mundo de muuita paciência fui na máquina, e fui testando completar o código de números até dar certo. E deu, depois de umas quatro tentativas. Ufa, boleto pago em dia!


          Acredito que eu não tenha sido o único a passar por situação semelhante, certo? Mande aí seu causo ou sua situação constrangedora ocorrida em agências bancárias. Vamos rir juntos!!!

sábado, 8 de janeiro de 2022

Eu ia fazer uma conta no Face...

         Uma das mais interessantes tradições desse período de “virada de ano” é fazer planos para o ano que está começando. Nesse sentido, como muitos que estão me lendo também fiz os meus e hoje, passada uma semana do início de 2022, fazendo uma avaliação das coisas a que me dispus para curto prazo, pois costumo estabelecer meus planos em curto prazo, trinta ou sessenta dias, médio prazo, três ou quatro meses, e longo prazo, até meio ano, uma me chamou a atenção e eu quero comentar com os amigos leitores: vou criar uma conta de face book. Chega de ser tratado como um alienígena quando as pessoas ficam sabendo que eu não tenho face; chega de ser olhado com espanto, de ter que dar explicações, listar justificativas infundadas, de ser tido como um pária das redes sociais, sinônimo de atraso e de ignorância. Vou para o face então.

       Porém, e sempre há poréns, a partir de minha interpretação sobre como eu vejo o face book e a disposição das pessoas que nele se relacionam, isso quando eu frequentava a rede pela conta da escola ou pelas da família, resolvi fazer um texto contemplando uma lista de assuntos que eu não gostaria de ver na minha página. Essa lista seria encaminhada a todas as pessoas que “me solicitassem amizade”.

Primeira coisa, que chega a ser óbvia: não quero nada que diga respeito a Bolsonaro e Lula. Primeiro, por que já tenho minhas convicções plenamente formadas, como o amigo leitor bem sabe, depois, por que nesse tempo de intransigências os ignóbeis de plantão, com sua disposição policialesca, costumam sempre polarizar, visto que para eles, se tu critica um, necessariamente tu tens que ser apoiador do outro, o que não é verdade. Então será assim, sem bolsomígnions e sem pretralhas. Nada de falar do messias reacionário e do molusco cara-de-pau.

Por uma questão de lógica, também não quererei receber postagens referentes a política partidária e políticos, pois como eu já disse, não são os políticos que me escolhem, sou eu quem os escolhe; então, não preciso deles tomando meu precioso tempo de laser. Ao menos por enquanto é assim. Isso sem falar que é do meu bolso que sai parte dos subsídios que eles recebem para exercer seus mandatos nem sempre de forma satisfatória. Não dá pra misturar as coisas, certo?

Piadas sexistas, racistas, preconceituosas não serão admitidas, pois para mim há tempo os negros deixaram de ser diferentes ou inferiores por causa da cor de sua pele, a loiras e os portugueses deixaram de ser burros, questionar a sexualidade de um homem ou de uma mulher deixou de ser xingamento ou motivo de gozação e brincadeiras.

Ainda na esteira dos assuntos políticos, não serão aceitas mensagens que questionem a eficiência e a eficácia da vacinação, seja contra o COVID e suas variantes, seja contra o H3N2 ou qualquer outra doença. Se no dia-a-dia o obscurantismo e a ignorância podem ser alardeadas aos quatro ventos, às vezes até como virtude, na minha rede social não! Negar a vacina não é exercício da liberdade de escolha, pelo contrário, é irresponsabilidade com o social e o coletivo e cristalina demonstração de falta de inteligência.

Excluirei das minhas relações facebookistas (palavra que eu nem sei se existe...) aquelas pessoas que repassarem notícias notadamente fakes, de fácil comprovação, pois isso é um desfavor à sociedade, contribuindo sobremaneira para aumentar o caos de informação e desinformação que vivemos. O mesmo vale para aqueles que repassarem “superpromoções” de distribuição de prêmios ou brindes grátis, pois como é sabido, não existe almoço grátis e é justamente nesses superpromoções que se escondem os golpes. E como tem gente que cai. Cai não, se atira. Por favor, vanserrespeitá?

Também não repassarei postagens de autoajuda, pois se é autoajuda, não precisa dos outros, certo? Da mesma forma correntes de orações daquelas em que o emitente solicita que “não quebre a corrente”, “mande para mim também” ou “passe para mais doze pessoas sob pena de te acontecer algo muito grave...” E ainda justificam: doze são os apóstolos, os meses do ano, o número de ovos na caixinha de uma dúzia... A corrente vai quebrar.

Não curtirei ainda aquelas pessoas que ficam mandando indiretas, recadinhos, avisinhos, subentendendo insinuações, dando respostinhas, pois que, covardes para uma conversa tete-a-tete, escondem sua frustração atrás do anonimato do destinatário da mensagem. Que coisa feia...

Outra situação que me deixa muito constrangido é aquela de pessoas que terminam seus relacionamentos afetivos, casamentos ou não, independentemente de causa ou responsabilidade, e no dia seguinte já estão postando coisas supernovas da nova vida de supernovo solteiro ou de um supernovo relacionamento. E a família? E o histórico? E o respeito recíproco? Um conhecido se separou na segunda, na quarta já postou fotos nas baladas e no agito da noite, e no sábado já fez circular imagens com o novo amor, o amor verdadeiro, a pessoa ideal, a cara-metade, aquela que o completa... Me poupe, se poupe, nos poupe!

Também não quererei imagens de crimes, de acidentes, de gente morta ou esgualepada, maltrato a pessoas e animais. O mundo já está cheio de coisas muito ruins para a gente perder tempo com coisas muito piores. Vão carpir uma verga, ok?

Em contrapartida, poderemos postar coisas relacionadas a futebol. Desde que sejam feitas de forma respeitosa, pois até a flauta é bem vinda quando feita de forma elegante e inteligente sem buscar ofender ou agredir os rivais, como muito se tem visto por aí, combinado?

Dito tudo isso e analisado de forma criteriosa essa sumária lista de assuntos que serão proibidos no meu face, lista que não se esgota, pelo contrário, é muito mais ampla, cheguei ao final concluindo de forma singela que estou muito metido na vida das pessoas. Se elas querem falar de Bolsonaro, de Lula e de políticos, se querem fazer piadas grotescas ou criminosas, deixando transparecer seus preconceitos, se querem propagar a ignorância e a bestialidade, ou desejam apenas curtir uma dor na cabeça de galhada, postar coisas bisonhas ou aberrações, quem sou eu para discriminá-las? Que direito tenho eu de fazer isso? Cada um posta o que quer e aquilo com o qual se identifica e que arque com as consequências de suas postagens, certo?

                    É por esse motivo, então, que decidi agora que não vou mais fazer uma conta de face book: a uma, por que certamente terei muitos poucos amigos e conversarei com muito poucas pessoas, talvez até sozinho; a duas, por que ao criterizar as pessoas com as quais me relacionarei estarei criando mais problemas do que prazeres nas redes sociais, o que penso ser indevido. Penso, então, por correto, que continuarei a ser um alienígena, um pária das redes sociais, alguém que é olhado com estranheza e incredulidade toda vez que diz que não tem face. Acredito que com isso o mínimo que tenho a ganhar é o de economizar minha beleza e minha paciência, certo? Ou não?