Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

segunda-feira, 31 de março de 2014

Senso Comum e Desconhecimento Histórico



           Tenho recebido muitos e-mails tecendo enormes críticas às políticas assistências desenvolvidas pelo governo federal.

            Nessas críticas muitos demonstram sua inconformidade com programas do governo federal como o bolsa saúde, o bolsa escola, e o bolsa família. Existe também muita crítica a outros programas como minha casa, minha vida, fase um e dois, com relação às quotas nas universidades e muitos outros. Alguns de meus contatos chegam a justificar tal contrariedade arguindo que isso agride o princípio da igualdade entre as pessoas, pois todos têm as mesmas chances, que não é justo com quem “se mata” para conseguir uma vaga através do estudo, e daí por que não pode haver distinção de tratamentos, etc.

            Antes de qualquer coisa, é de se destacar que o Brasil não é um país de iguais, ao contrário do que muitos pesam. Pensar isso é reproduzir senso comum.

            Nosso amado país é caracterizado, por uma questão conhecidamente histórica, por possuir enormes e absurdas desigualdades sociais e econômicas. Nesse sentido, os modernos princípios legais vigentes dão conta de que os iguais devem ser tratados de forma igual; os desiguais, de forma desigual. Isso quer dizer que, num país como o nosso, em que a base da pirâmide social é muito desigual do meio e do topo, aqueles não podem ser tratados da mesma forma que esses, muito pelo contrário. É certo, público e notório que em no Brasil as pessoas não possuem as mesmas chances e oportunidades.

            Os que são contra as cotas universitárias esquecem-se de ver que as universidades públicas são ocupadas, hoje em dia, por uma maioria de estudantes que advém de escolas particulares ou que puderam pagar por intensos cursos preparatórios, realidade que foge ao alcance da maioria da população, casualmente a maioria desigual da população.

            Ainda, quero perguntar para aqueles muitos que são contra a bolsa escola, por exemplo, se são também contra as bolsas pesquisas, de estudo e de apoio financeiro do Cnpq, do Capes, do Prouni, entre outros, que anualmente são distribuídas a centenas de estudantes e que saem da mesma fonte que aquela? Isso eles não lembram... Mas são contra.

            Tem mais. Só quem já passou pela dificuldade em financiar uma casa própria sabe o que é para adquirir-se um imóvel, num país tão desigual como o nosso. O “minha casa, minha vida”, pejorativamente chamado de “minha casa, minha dívida” pelos que não precisam do programa (ou o amigo leitor acha que quem é adepto do programa usa essa expressão?), é uma forma sim, de se oportunizar acesso à casa própria por parcela da população. Isto é inconteste. Mas muita gente não quer ver assim...
            Nosso país tem uma dívida histórica muito grande com a parcela da população que está na base da pirâmide social. Se tais políticas governamentais possuem um caráter de paternalismo, entendo que, neste momento, elas são necessárias, pois se prestam a curto e médio prazo, resgatar esta dívida. E as estatísticas (sempre elas) estão aí para comprovar que, em parte, estão conseguindo seu intento. Mas muito ainda há que se fazer. Muito.

            Feliz será o dia em que os governos não terão, entre suas prioridades, a necessidade de adotarem políticas assistenciais para uma maioria "menos privilegiada". Os céticos acreditam que isto é impossível. Eu, como sou otimista, creio que em três ou quatro gerações, sessenta a oitenta anos, se não houver mudança de rumos, isto poderá começar a se tornar possível.
 
            Oxalá um dia possamos acusar o governo, justificadamente, de ser paternalista sem necessidade. Tomara. Por enquanto, entendo que não dá.
 

segunda-feira, 24 de março de 2014

E alguém tinha alguma dúvida?



         Pesquisas internacionais dão conta que um dos (muitos)  "nós" da educação brasileira, que atrapalha e impede seu desenvolvimento, é a ineficiência das práticas de gestão nas diferentes esferas de poder. Gente despreparada e incompetente e propostas ou políticas educacionais infundadas acabam por comprometer toda e qualquer intensão ou disposição de melhorar as práticas escolares e o rendimento escolar dos alunos. Essa questão se apresenta, inclusive, como mais contundente do que a falta de recursos financeiros e humanos (que também são graves problemas).
         Uma pergunta é pertinente: alguém tinha alguma dúvida disso?

sexta-feira, 14 de março de 2014

A Lei de Gerson e a Lei de Neymar



Há algum tempo o jogador de futebol Gerson, famoso e um dos destaques da grande seleção brasileira da Copa de Setenta, apareceu na televisão fazendo propaganda de uma marca de cigarros. Ao final concluía dizendo que “o importante é levar vantagem em tudo”.
Ao que me lembro, o “levar vantagem em tudo” referia-se a um produto que alegava ser mais saboroso, ter menos alcatrão e nicotina, etc. Nesse sentido, o fumante que optasse por aquele produto estaria auferindo uma série de vantagens.
Não demorou para que, num país como o nosso, houvesse uma apropriação da expressão “o importante é levar vantagem em tudo”. Ela passou a significar ou a fazer referência à pratica comum e disseminada de, no Brasil, todo mundo querer levar vantagem em alguma coisa.
Atualmente, em um primeiro momento, pode-se até fazer referência à classe política brasileira que, sabemos, parece ser ou formar o grupo que, raras exceções (como se as exceções já não fossem raras por sua natureza), é pródiga em levar vantagem, via de regra indevidas, em tudo. Tenho a impressão amigo leitor, que a classe política brasileira, salvo as exceções, friso, é corrupta por sua natureza.
Mas não nos iludamos. Não é apenas aos políticos que se aplica a Lei de Gerson, muito pelo contrário.
A pessoa comum, muitas vezes o cidadão de bem, também é dado à prática de querer levar vantagem em tudo. Basta uma pequena observação de nosso cotidiano para vermos que isso é muito mais comum do que se imagina. Furar uma fila, estacionar na faixa de segurança, pagar um preço a menor, dar um troco a menor, usar relações pessoas para obter privilégios, descumprir horários, fugir das responsabilidades, votar em políticos safados e incompetentes, e muito mais, tudo isso são formas de, direta ou indiretamente, obter algum tipo de vantagem. E se o indivíduo comum age assim, dá para esperar que nossos políticos sejam diferentes? Hein? Ham?
Mas um dia o Gerson, estigmatizado por sua infame lei, foi à televisão para se explicar. Não precisava. Qualquer pessoa com inteligência acima do senso comum sabia que aquela não era a ideia proposta pela propaganda. Mas que pegou como uma instrução para justificar essa disposição dos brasileiros em sempre se dar bem, isso pegou. E creio que não muda mais. Coitado do Gerson.
Agora temos observado na TV o Neymar fazendo uma propaganda de refrigerante em que os turistas, por desconhecerem a língua portuguesa, fazem papel de bobos atribuindo-se adjetivos jocosos, depreciativos e risíveis. É a Lei do Neymar: aproveitar que durante a Copa do Mundo o Brasil receberá muitos turistas e submetê-los ao ridículo para podermos dar umas boas risadas. Não é essa a ideia que a infeliz propaganda nos passa? Amigo leitor, será que eu estou vendo coisa onde não tem, do tipo chifre em cabeça de cavalo, dente em boca de galinha, perna em cobra e cabelo em ovo?
E se as pessoas começarem a achar que é normal e até aconselhável tratar os turistas da forma como o jogador de bola trata na TV, isso não vai prejudicar ainda mais a nossa imagem junto á comunidade internacional?
Confesso que a primeira vez que vi a propaganda fiquei meio constrangido. É desrespeitosa, para dizer o mínimo. E não venha depois o Neymar dizer que era apenas uma propaganda, que não foi ele quem fez o texto, etc., pois tenho certeza que ela sabia o que estava fazendo.
Tenho pena é dos turistas, visto que virão para um país onde as pessoas querem obter vantagem em tudo e onde serão motivo de chacota e de ridicularização. Depois não querem que o Brasil e os brasileiros sejam vistos no exterior como um povo subdesenvolvido que não tem muita civilidade, responsabilidade e respeito pelos outros e por si.
         Ah, e o locutor ainda diz “este (refrigerante) é produto genuinamente brasileiro!” Então tá, ficamos assim...

terça-feira, 4 de março de 2014

Carnaval - Terça-feira gorda

   E o carnaval segue seu rumo: viajar X ficar em casa, comedimento X excessos, sair com os amigos X reunir os amigos, beber algumas X beber todas, botar fantasia X tirar fantasia, ver os desfiles na tv X participar dos desfiles, gostar de carnaval X não gostar de carnaval e por aí vai.
   E lembrando sempre: se a terça-feira é gorda, a quarta é de cinzas...