Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Dia da Consciência Negra (e o mesmo do mesmo! Sempre?)

        Celebramos sábado passado, 20/11/2021, o Dia Nacional da Consciência Negra coroando uma série de atividades e eventos que marcaram esta Semana da Consciência Negra, assim, com letra maiúscula. Em muitas cidades brasileiras é feriado.

       Apesar de esta efeméride existir há mais de dez anos, foi instituída por lei em 10 de novembro de 2011, muita gente ainda torce a cara para sua alusão, se é que a aceita como necessária ou legítima, contrariedade que aumenta, e muito, quando inter-relacionada com outras medidas que objetivam combater o racismo e o preconceito racial e seus efeitos nefandos como a política de quotas para negros, por exemplo.

Até certo tempo atrás, dez anos mais ou menos, talvez, ainda era aceito se discutir da necessidade ou da legitimidade dessa data em nosso calendário e de suas implicações para o processo de superação do racismo e do preconceito racial. Atualmente, esta discussão já está superada e quando alguém traz a mesma à baila é por que ainda cultiva muito dos elementos que alicerçam tanto o racismo quanto o preconceito racial. Anote aí amigo leitor: não se discute mais a importância, o significado e a simbologia do Vinte de Novembro.

Historiadores, sociólogos, filósofos, humanistas de uma forma geral, tem o conhecimento formado a partir de muito estudo, de muita pesquisa, de muito trabalho. Não inventam suas teses nem seu conhecimento. Para esses, a superação da discussão acerca do Dia da Consciência Negra ocorreu há muito mais tempo. Pode-se até não concordar com eles, mas tem que reconhecer que tal posicionamento não se baseia em achismo e nem em dados superficiais ou vazios de fundamentação e justificação técnico-científica.

Argumentos como “os negros são mais racistas que os brancos”, “as cotas significam discriminar os negros, pois dizem que eles não têm capacidade de progredir sem ajuda”, “quando chamam alguém de bugre ou chamam de alemão eu não há ofensa, por que  chamar de negro ofende então?”, “eu não sou racista, mas acho que há exagero nessa discussão e que cada um pensa o que que quiser”, “conheço negros que são gente boa...” ou “...honestos...” ou “...trabalhadores...”, “a oportunidade é para todos, os negros não aproveitam”, etc, até tinham uma certa aceitação, para fins de argumentação, há uns vinte anos atrás; hoje não mais, pois como eu disse, esta discussão está tão superada nos meios culturalmente mais esclarecidos que fica até difícil de contrarrazoar, pois são argumentos que suscitam muito mais o riso e a incredulidade do que o objetivo de fomentar uma discussão ou uma contrariedade ao conhecimento estabelecido; simplesmente não se discute mais isso, ou, em outras palavras, discutir e argumentar essas bobagens significa estar-se muito atrás na evolução das ideias e da cultura. Se, quando proferidas essas bobagens, as pessoas não se opuserem é apenas por um motivo: respeito à ignorância (no sentido de ignorar) alheia. Apenas isso.

O amigo leitor até pode achar que isso tudo que eu escrevi é bobagem ou excesso (de repente em sua cabeça até pode ser). Mas tem que ter a consciência de que está errado e nessa condição não pode externar, em qualquer lugar e para quaisquer pessoas, o seu ponto de vista, sob pena de ter sua ignorância (no sentido de ignorar) criminalizada. Então tem que calar. Assim é comigo e meus preconceitos: são fortes, estão arraigados em uma formação cultural de uma vida inteira, mas nem por isso se justificam ou deixam de estar errados; então eu me calo, aceito as opiniões diversas e tento, dentro do possível, compreender meu equívoco e tentar superá-lo. É fácil? Claro que não, pois é toda uma história reproduzindo os mesmos preconceitos e convivendo com eles como se não fossem errados. Mas é extremamente necessária e importante a disposição para a mudança. E quem não concorda que busque informações para transformar em conhecimento. Tarefa difícil, pois é mais fácil repetir o mesmo do mesmo de sempre.

É bom deixar claro que os negros não são coitados e o que buscam é o direito de superar todas as formas de discriminação e preconceito que os atingem e que sabemos não serem poucos. Para tal, a primeira coisa que precisam é de respeito, pois é exatamente no ato de compreender a significação da data de hoje, bem como o significado da palavra respeito, que reside toda sua luta. É algo muito mais complexo do que o senso comum determina.

Para superar o racismo e toda forma de preconceito ou discriminação racial a luta tem que ser de todos, e não só dos negros. Nesse sentido, não basta não ser racista; é preciso combater, ojerizar, criminalizar, irresignar-se, indignar-se contra o racismo.

         Que todos possam superar a discussão hora apresentada como eu e muitos outros já superaram, pelo amor ou pela dor, é o primeiro passo para uma sociedade mais humana, mais justa, menos preconceituosa. Chega de desculpas e explicações infundadas; não existe o não por que não
          Pensemos nisso?