Acompanhei, até o momento, as entrevistas dos presidenciáveis no Jornal Nacional, e como o amigo leitor pode imaginar, não houve grandes novidades nos discursos.
O messias
reacionário, com sua predisposição para o desdém e para o conflito, e seu autoproclamado
viés ditatorial (acredito que nem os próprios militares levam ele muito a
sério), esteve beligerante com os entrevistadores que também não fizeram muita
questão de amainar o conflito, e daí pecaram muito, pois tentando pegar o ômi
pelas palavras e suas contradições, que não são poucas, deixaram de fazer
importantes perguntas sobre a atualidade brasileira e a busca de alternativas
para contornar os problemas nacionais que começam a se avolumar. Foi uma “briga
de cegos” em que ninguém gritou “de faca não!”... Caso ele se eleja, penso que
teremos o mesmo do mesmo.
O Ciro Gomes
até foi uma surpresa, pois falou bem, não fugiu às perguntas mais incisivas,
dando respostas fundamentadas e objetivamente coerentes, e teve, então, um bom
desempenho. Porém, e sempre há poréns, tudo muito bonito, todos os problemas do
Brasil com soluções possíveis, mas tudo muito fácil demais e, sabemos todos,
com esse Congresso Nacional fisiologista e barganhador, nada é fácil, nada é
sem segundas e terceiras intensões, nada é descompromissado de interesses
muitas vezes velados. É como se diz: de boas intensões o cemitério está cheio.
Dizer o que pode e o que precisa ser feito é uma coisa; fazer o que tem que ser
feito é outra. Caso ele se eleja, acredito que encontrará enormes dificuldades
de se manter fiel ao que tem pregado.
A entrevista
do molusco ligeiro eu não consegui assistir, o que é uma pena, pois eu queria
ver como ele se saiu respondendo às acusações de corrupção de seu governo (e
dele próprio), pois é sabido que ele não foi inocentado pelo STF, apenas teve o
processo anulado por inobservância a algumas normas processuais de direito. Li
também que ele chamou o messias de “bobo da corte” e refém do Congresso,
verdades ululantes, mas desnecessárias de serem ditas, ainda mais por ele que,
em seu governo, também buscou aproximação com o famigerado e inescrupuloso
centrão na busca de uma indistinta governabilidade, ponto onde seu governo e a
credibilidade de seu partido político foram por água abaixo. Outra coisa que eu
queria ver ele responder é com relação a como seria seu futuro novo governo,
caso ele fosse eleito, e o que seria diferente do anterior. Caso ele se eleja
tenho curiosidade de saber como será seu governo com as estruturas de mando e
organização de seu partido combalidas por denúncias de corrupção.
Uma última
questão que eu li acerca da entrevista do Lula diz respeito à crítica que fez
sobre as investigações da Lava-Jato, dizendo que extrapolou os limites do
judiciário, enveredando por um viés político que tinha como foco ele próprio,
no que eu concordo em boa parte e justifico por dois argumentos principais: o
primeiro é que o juiz encarregado de apreciar as acusações foi trabalhar como
ministro do maior adversário político do investigado, o que é muito, mas muito
suspeito; o segundo é que, por experiência e como muito se tem visto por aí,
sei que no Brasil um processo contra um prefeito qualquer, independentemente da
acusação, seja improbidade, corrupção ou outro, pode durar no mínimo dez anos
até o seu final, e a pergunta que se faz é como então um processo contra um
presidente da República, algo muito mais complexo e de contextualização muito
mais morosa, pode ter durado apenas pouco mais de três anos? Suspeito, muito
suspeito...
E até a
eleição vem mais por aí, ah se vem... Voltaremos!