E nossa cidade, nossa região,
no cerne dos acontecimentos nacionais, foi atingida pelo movimento de
paralisação dos caminhoneiros. Uma pequena ressalva: até onde vi, este
movimento deveria ser chamado, também, de paralisação dos tratores. Ao menos
aqui em nossa região deveria se chamar assim, uma vez que a presença dessas
máquinas é que tem capitaneado o movimento. Bloqueiam os dois lados das
rodovias e só passa quem querem, na velocidade, na quantidade e no momento que
querem.
O
movimento está se polarizando: de um lado os manifestantes que reivindicam,
entre outras coisas, uma elevação do valor do frete e a diminuição do preço do
óleo diesel, além de protestarem pelo lamentável estado de nossas estradas, em
especial as pedagiadas, ponto este que, tenho certeza, também é caro a nós
proprietários de veículos que trafegamos por rodovias que, muitas vezes, não
apresentam as mínimas condições de manutenção e de segurança. De outro, o
governo que, via decisões judiciais, começa a responsabilizar, civil e
criminalmente, os manifestantes que não atendem a tais decisões, em especial a
de suspender as paralisações e interrupções de rodovias. Multas de até dez mil
reais por hora de paralisação de estradas mantidas estão sendo aplicadas, bem
como autorizado o uso de força policial para fazer cumprir tais decisões.
Felizmente, até agora, o movimento é pacífico.
Não
sejamos ingênuos, no entanto, em não acreditar que por trás dessas paralisações
existem muitos outros interesses políticos e econômicos que escapam ao nosso
conhecimento. É como ouvi outro dia na explanação de um comentarista, no rádio,
que muito lhe causava espanto o fato de o sindicato dos comerciantes varejistas
estar apoiando o movimento dos caminhoneiros que busca elevar o frete, uma vez
que, se obtido, vai levar diretamente ao aumento do preço de seus produtos. Que
interesses têm os comerciantes varejistas num movimento que vai aumentar o
preços de seus produtos?
Entendo
que os caminhoneiros defendem uma bandeira justa, claro, mas não posso deixar
de destacar que essas paralisações causam bastante transtorno, em especial aos
que, como eu, viajam todos os dias; sem falar que trafegar por entre os bretes
de caminhões e tratores me causa um opressiva impressão.
Fiquemos na expectativa, pois vejo
que muito ainda está por vir...