Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

FICHA LIMPA

         Hoje faz um ano que foi instituída a Lei Complementar 135/10, conhecida como Lei da Ficha Limpa, que, entre outras coisas, ampliou os casos de inelegibilidade em nosso país.
         Em muitos lugares serão realizadas atividades de comemoração, e não pode ser diferente, pois, em matéria de moralidade política, toda e qualquer medida é muito bem vinda.
         No entanto, esta Lei encontra-se, nesse momento, em uma situação muito delicada, na medida em que o STF - Supremo Tribunal Federal está para julgar a constitucionalidade (ou não) desse instituto e sua aplicabilidade no próximo pleito (2012).
         Por ser um órgão político é muito oportuno que o cidadão fiscalize o processo de votação dessa lei em nosso "Pretório Excelso". Nesse sentido há a necessidade de que se instigue a Presidência da República para que indique, ao STF, um ministro simpático à Lei da Ficha Limpa, pois ele poderá decidir o futuro dessa legislação.
         Convido todos meus leitores a participar dessa campanha no seguinte link:
         Nosso país, nosso estado e nossos municípios agradecem. E merecem. E precisam!!!



quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Gaúchos e Farrapos

            Feita (e perdida) a revolução (que nunca foi) a gauchada retorna à vida normal e a seus afazeres normais, para, digamos, esperar a próxima oportunidade de tirar os petrechos do armário, pegar em armas simbólicas (faca de gaúcho não é arma, mas quite de sobrevivência) e sair se vangloriando de sua história e de sua cultura.

Até a algum tempo, uns vinte ou trinta anos, as comemorações farroupilhas eram restritas ao âmbito dos CTGs. Lembro que as festividades reduziam-se a um desfile da gauchada pelas ruas das cidades, um fandango em uma noite e, no máximo, um fim de semana de churrascadas. “Lá vêm os gaúchos”, dizia-se com freqüência àquela época. Nós não éramos gaúchos, os cavalarianos eram!

            A comemoração maior era referente ao Sete de Setembro cujas atividades envolviam toda a chamada Semana da Pátria: cartazes, bandas marciais, fitinhas verde-amarelas, marcha de estudantes e professores na avenida (direito-esquerdo-direito-esquerdo), desfile do Exército, etc. Ainda hoje meu subconsciente faz uma associação entre o cheiro da flor de laranjeira (na casa de minha avó, onde eu morava, havia um laranjal) e os toques das bandas marciais às quais, durante meu período escolar, sempre participava, desde o Ensino Fundamental até o Ensino Médio. Claro que também justificava o fato da prioridade de uma comemoração sobre outra a realidade de que vivíamos numa ditadura ufanista onde o importante era amar e louvar o Brasil acima de todas as coisas, inclusive do próprio estado.

Com o passar dos anos, as coisas foram se modificando. A ditadura sucumbiu (felizmente) ao tempo.

A partir do inexorável processo de abertura política no final dos anos oitenta e principalmente início dos noventa, foi se tornando pública a face nem sempre correta, honesta e ética da ditadura. Com isso, aproveitando-se das fissuras históricas e culturais que começaram a aparecer, o movimento tradicionalista, através do Vinte de Setembro, começou a se apresentar como uma alternativa de comemoração independentemente das comemorações do Dia da Independência. Tal alternativa avolumou-se com o passar dos anos e hoje, em muitos municípios do Rio Grande, o Vinte sublimou o Sete. O tradicionalismo enrijeceu a cultura gaúcha e esta se tornou um monolito de adoração sobre a qual não se admitia questionamento ou oposição.

É sabido que muito do que se diz “farroupilha” ou relativo ao “tradicionalmente farroupilha” é convenção estabelecida em processos nem sempre pacíficos no seio da entidade maior do tradicionalismo gaúcho que é o MTG – Movimento Tradicionalista Gaúcho. O regramento a cerca de vestuário, cancioneiro, comportamento, usos e costumes gaúchos, história, etc., tudo, senão a maior parte é convenção. E como tal deve sempre ser concebida.

A questão que se apresenta é que tais convenções acabaram por se tornar dogmas que, por sua vez, passaram a representar, a materializar os conceitos de certo e do errado, de pode e não pode, de “é assim” e “não é assim”. Questão pior ainda é que isso não só nos meios tradicionalistas, mas nos meios populares também.

É justamente por serem convenções dogmatizadas que penso que deve haver liberdade para que as pessoas se vistam da forma que melhor lhes convir. Sem que sejam, neste intuito, recriminadas ou ridicularizadas.

O conhecimento da história e dos preceitos de desenvolvimento do tradicionalismo é muito importante e não deve ficar restrito a grupos reservados como estudiosos, pesquisadores ou tradicionalistas. Quando tais dogmas começam a ser cobrados pelo cidadão comum como se fossem regras imutáveis que não suportam alternativas ou variantes, aí estamos diante de um grande desconhecimento ou de uma grande falta de informação. Tais comportamentos se prestam, também, para perpetuar a dogmatização estabelecida, fazendo com que a maioria da população se sinta “fora do meio”, fora do todo, fora do conjunto da sociedade, a tal ponto que se continua ouvindo a expressão de “lá vem os gaúchos”, como ocorria há vinte ou trinta anos.

Quem perpetua os dogmas de há muito conhecidos como tal é o mesmo que perpetua o preconceito, a desigualdade, a exclusão.

Quem sabe o que é certo ou errado em termos de cultura popular?

            O que o amigo leitor pensa a respeito?

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Semana Farroupilha e o Povo do Rio Grande

         Refletindo sobre os festejos da Semana Farroupilha me deparei com a análise do gaúcho-farrapo-comemorador. Sua vestimenta, sua atuação nesse espontâneo teatro-histórico-cultural cujo palco são as ruas e avenidas de todas as cidades do Rio Grande, seus hábitos e seu comportamento.
         Dividi os gaúchos em três grupos distintos, mas interrelacionados.
         Existe o gaúcho rural, dos estâncias, das pequenas e médias cidades, acostumado com as lidas campeiras. Conhecedor da lida e dos apetrechos que a compõe. Para esses, a Semana Farroupilha tem uma identificação muito forte com seu cotidiano. O festejo é exibir, de forma cênica, o cotidiano de seus afazeres.
         Existe o gaúcho migrante. Saiu do interior e foi para a cidade grande. Abandonou alguns hábitos, adotou outros, mas sem esquecer dos primeiros. Para esses, a Semana Farroupilha traz ótimas lembranças. É um retroceder saudosista, carregado, muitas vezes, daquela boa e inafastável saudade. Um dia fui assim.
         Existe, por fim, o gaúcho urbano. Aquele que nunca saiu da cidade. Para esses, a Semana Farroupilha é uma festa que relembra feitos históricos de um passado distante mas nem por isso menos importante ou significativo.
         Em comum?
          Aquele incontido e inexplicável sentimento de unidade e alegria que sentimos quando vemos aquela gauchada entrando ao tropel numa avenida ostentando as cores do Rio Grande. São inconscientes laços de uma origem que, por força da geografia, nos enche de orgulho pelo simples fato de sermos chamados de gaúchos.
         Mazaaaaaaaah!




segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Viu a reportagem?

         O(a) amigo(a) leitor(a) viu a reportagem da Rede Globo a cerca de um estudo que informa que o poder legislativo brasileiro é um dos mais caros do mundo? E tem eleitor bocó que se orgulha em dizer que não gosta de política ou que não quer se envolver em política. Não sabe o imbecil que, ao final, é ele quem paga a conta? Situações como essa é que contribuem para aumentar o enorme desprestígio da classe política brasileira. Não concordo com o termo de abertura, pois a cada quatro anos podemos dar um bom recado via campanha eleitoral e urna eletrônica, mas vale pelo vídeo. Até por que o colega que me encaminhou o mesmo proferiu uma hilária frase: "_ bom se um político pegasse aftosa! Assim, teríamos que sacrificar o rebanho todo...". Não é pra tanto, eh, eh, eh.
         Assista!

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

EXPOINTER: RS, Celeiro do Brasil


Durante muito tempo o Rio Grande do Sul foi qualificado como o “celeiro do Brasil”.

Para muitos, isso era uma lisonja, um elogio, algo que merecia o apupo e o regozijo das populações locais. No entanto a mim essa expressão pode refletir outros significados, pois existe um porém. Sempre há um porém.

Quais são as implicações sócio-econômicas de um estado que se caracteriza por ser o celeiro de um país?

A primeira delas diz respeito às limitações econômicas a que este celeiro é submetido.

Um estado fornecedor de gêneros de primeira necessidade teria, pela natureza de sua função, que oferecer alimentos a baixo custo. Nesse sentido, esse estado-celeiro teria suas aspirações econômicas limitadas por um interesse maior: a alimentação da população de forma barata. Isso por si só, já representa um entrave ao desenvolvimento econômico, pois o progresso, inclusive no setor primário (agricultura, pecuária e extrativismo), pressupõe pesquisa, estudo, formação de mão-de-obra especializada, desenvolvimento tecnológico, etc. E como fazer isso se os valores gastos (investidos) não poderão ser repassados aos produtos a serem comercializados?

Outra implicação, decorrente da primeira, é que na qualidade de celeiro a economia local não se torna objeto prioritário nos investimentos públicos, na medida em que o abastecimento da população será sempre atividade complementar no contexto econômico nacional. O objeto principal será a produção de bens industrializados voltados, principalmente, para a exportação, na medida em que o Estado é sempre carecedor de divisas, e essas são, geralmente, em “moeda forte”. Assim, políticas econômicas serão voltadas para os estados industrializados, geradores de riqueza e promotores do desenvolvimento nacional. Com isso, a concentração industrial acaba por se intensificar. É uma forma superlativa do “dinheiro atrai dinheiro”. Os estados industrializados, por sua vez, não terão que se preocupar tanto em fazer maiores investimentos na produção de alimentos, afinal, o Estado (nacional) já possui um celeiro...

Outra implicação, ainda, diz respeito ao mercado de trabalho. Com plena convicção afirmo que este campo é muito limitado num “estado-celeiro”, até por que a mão de obra será preparada para as funções produtivas ligadas ao setor primário em detrimento dos demais. Gera-se aí um círculo vicioso: menos pesquisa é menos desenvolvimento; menos desenvolvimento representa menos empregos; menos empregos representa menos oportunidades para o desenvolvimento de uma mão-de-obra especializada; esta, por sua vez, sem acesso ao estudo, à pesquisa e à diversificação econômica, limita o desenvolvimento tecnológico, e assim sucessivamente. Não que haja uma estagnação. Mas o crescimento é muito limitado.

Por fim, uma implicação que merece destaque é que, assim como a economia do estado-celeiro fica submetida aos interesses gerais da nação e ao poder econômico dos estados “mais desenvolvidos”, também politicamente há uma indisfarçada submissão do primeiro. Os estados economicamente mais ricos são, via de regra, os politicamente mais fortes. Possuem os mais poderosos e atuantes lobbies. Não é por acaso que as políticas econômicas oficiais venham lhes favorecer, afinal, quem pode mais, chora menos.

            Ao longo da história do Brasil sucessivos governos chamavam o Rio Grande do Sul de celeiro do Brasil. Felizmente isso está mudando. Apesar de toda a pressão que sofremos.

            Durante muito tempo nosso estado foi tratado assim, como um simples celeiro. Um estado de segunda categoria que existia para fornecer gêneros de primeira necessidade para o restante da nação, submetido aos interesses do centro.  Esse já era um fator de reclamação dos Farroupilhas no século XIX. Felizmente as coisas estão mudando. A metade sul de nosso estado ainda sofre sérias dificuldades por ter assumido integralmente seu “papel celeiro”. Mas os governos estaduais começam a adotar medidas para revigorar essa região. Enquanto isso a região norte do Rio Grande apresenta grandes índices de crescimento econômico.

Então, quanto ouvirmos alguém se referindo ao nosso estado como o celeiro do Brasil, devemos ter muito claro que nem sempre isso é elogioso. Que por trás dessa aparente homenagem escondem-se algumas implicações que nos atingem diretamente, gostemos ou não.

Podemos até aceitar essa qualificação, desde que sejamos mais. Desde que sejamos, também, a oficina da nação, a fábrica da nação, a faculdade da nação, o porto da nação, etc. Mas só o celeiro não. Nesse sentido isso tem que soar como um xingamento. E a EXPOINTER é um ótimo lugar para tal.
          
           Pense nisso!