Escrevi outro
dia que o STF – Supremo Tribunal Federal estava precisando se aproximar da
população, afinal, se hoje tem uma instituição brasileira que é muito mal
vista, muito incompreendida, muito desconhecida, é ele.
Porém, a cada
dia que passa mais e mais nos surpreendemos com algumas posturas desse que é o
mais poderoso órgão da Justiça brasileira.
Leio que semana
passada uma Juíza Federal de São Paulo cancelou, via decisão judicial liminar,
uma licitação do STF que objetivava adquirir refeições para a instituição, comida
e bebida, onde apareciam alguns itens interessantes: champanhe brut com ao
menos quatro premiações internacionais, cachaças envelhecidas em barris de
madeira nobre, além de gim, vodca, conhaque envelhecido por no mínimo dois
anos. Entre as refeições estão camarão à baiana, medalhões de lagosta com molho
de manteiga queimada, bacalhau à Gomes de Sá (este é bom!), frigideira de siri,
arroz de pato, pato assado, tournedos de filé e pernil de cordeiro assado.
Segundo a
Juíza que suspendeu a licitação, “os itens exigidos destoam sobremaneira da
realidade socioeconômico brasileira, configurando um desprestígio ao cidadão
brasileiro que arduamente recolhe seus impostos para manter a máquina pública
funcionando a seu benefício". Ah, os vinhos servidos, conforme o edital,
devem ser envelhecidos em barril de carvalho francês ou americano e oriundos de
determinadas safras e tipos de uva, para que ocorra a devida harmonização com a
comida que venha a ser servida.
Esses alimentos
seriam adquiridos pela bagatela de 1,13 milhões de reais. O amigo leitor sabe
donde sai esse din-din, né? Do bolso dos trouxas pagadores de impostos...
Infelizmente foi
fugaz a decisão da Dra. Solange Salgado, e durou pouco a alegria daqueles que achavam
que a moralidade nas fileiras do STF seria imposta por uma Juíza, assim, com
letra maiúscula, de primeira instância.
Na
segunda-feira passada, 06, um desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª
Região, órgão jurisdicional superior à Dra. Juíza Solange, liberou a licitação
para a compra da almeirada.
Segundo o
desembargador, a licitação não é "lesiva à moralidade administrativa".
Para esse elemento do judiciário, a licitação da xepa se destina a
"qualificar o STF a oferecer refeições institucionais às mais graduadas
autoridades nacionais e estrangeiras, em compromissos oficiais nos quais a
própria dignidade da Instituição, obviamente, é exposta".
Então
tá. Lá se vai o STF fazer um rango de qualidade acompanhado de uma bebidinha
mais-ou-menos.
Dá próxima vez que eu for ao STF em Brasília, antes de começar a
defender minha tese vou perguntar: _ presidente, excelência, não se importa de
me servir um martelinho daquela pinga envelhecida em barris de madeira nobre?
Só pra soltar a voz e tirar o pigarro do fumo, ahahahahah.... Vai que cola...