Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Então é Natal...

         Mais um Natal na pandemia, dessa vez, no entanto, com aquela “sensação de normalidade” que já estamos vivendo há algum tempo, ou melhor, para aqueles que, como eu, usam de vez-em-quando a máscara de proteção, é uma “sensação de aparente normalidade”: aglomerações, reuniões, solenidades, festas, etc.. Nos anos anteriores as restrições eram maiores, bem maiores, e as festas, muito mais comedidas, certo?


Se vale uma ressalva, basta observarmos como está a situação em muitos países da Europa que passaram por essa situação de “aparente normalidade” antes de nós para termos um uma pequena mostra do que está por vir: aumento na rigidez das regras de distanciamento, maior fiscalização e controle sobre a mobilidade das pessoas que optaram em não se vacinar, restringindo seu acesso a muitos lugares públicos, a festas e eventos, fechamentos de lugares públicos, look out, etc.

Apesar de tudo estamos numa das épocas mais emocionantes e emocionais do calendário brasileiro: época de reunir familiares, encontrar amigos, trocar presentes, dividir emoções, somar sentimentos de fé, solidariedade e comprometimento com o bem comum.


Natal é hora de relegar nossos problemas a um plano secundário e desejar que possamos encontrar, na força do nascimento de Cristo, a força para continuarmos nossa luta, nossa missão, nosso sagrado direito de desejar ser feliz, pois só assim, imbuídos desse espírito é que a troca de presentes, a reunião de entes queridos e nosso momento de reflexão, eis que este não pode faltar, terão sentido.

       Natal é data da celebração da paz e do amor. E na minha humilde interpretação dos fatos, é hora de agradecer a Deus por tudo que nos foi dado ao longo do ano, tudo de bom e tudo de nem tão bom, como mesmo os nossos fardos, pois me é muito particular acreditar piamente que aquilo que não me mata, me educa e me fortalece. Sempre.

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Dia da Consciência Negra (e o mesmo do mesmo! Sempre?)

        Celebramos sábado passado, 20/11/2021, o Dia Nacional da Consciência Negra coroando uma série de atividades e eventos que marcaram esta Semana da Consciência Negra, assim, com letra maiúscula. Em muitas cidades brasileiras é feriado.

       Apesar de esta efeméride existir há mais de dez anos, foi instituída por lei em 10 de novembro de 2011, muita gente ainda torce a cara para sua alusão, se é que a aceita como necessária ou legítima, contrariedade que aumenta, e muito, quando inter-relacionada com outras medidas que objetivam combater o racismo e o preconceito racial e seus efeitos nefandos como a política de quotas para negros, por exemplo.

Até certo tempo atrás, dez anos mais ou menos, talvez, ainda era aceito se discutir da necessidade ou da legitimidade dessa data em nosso calendário e de suas implicações para o processo de superação do racismo e do preconceito racial. Atualmente, esta discussão já está superada e quando alguém traz a mesma à baila é por que ainda cultiva muito dos elementos que alicerçam tanto o racismo quanto o preconceito racial. Anote aí amigo leitor: não se discute mais a importância, o significado e a simbologia do Vinte de Novembro.

Historiadores, sociólogos, filósofos, humanistas de uma forma geral, tem o conhecimento formado a partir de muito estudo, de muita pesquisa, de muito trabalho. Não inventam suas teses nem seu conhecimento. Para esses, a superação da discussão acerca do Dia da Consciência Negra ocorreu há muito mais tempo. Pode-se até não concordar com eles, mas tem que reconhecer que tal posicionamento não se baseia em achismo e nem em dados superficiais ou vazios de fundamentação e justificação técnico-científica.

Argumentos como “os negros são mais racistas que os brancos”, “as cotas significam discriminar os negros, pois dizem que eles não têm capacidade de progredir sem ajuda”, “quando chamam alguém de bugre ou chamam de alemão eu não há ofensa, por que  chamar de negro ofende então?”, “eu não sou racista, mas acho que há exagero nessa discussão e que cada um pensa o que que quiser”, “conheço negros que são gente boa...” ou “...honestos...” ou “...trabalhadores...”, “a oportunidade é para todos, os negros não aproveitam”, etc, até tinham uma certa aceitação, para fins de argumentação, há uns vinte anos atrás; hoje não mais, pois como eu disse, esta discussão está tão superada nos meios culturalmente mais esclarecidos que fica até difícil de contrarrazoar, pois são argumentos que suscitam muito mais o riso e a incredulidade do que o objetivo de fomentar uma discussão ou uma contrariedade ao conhecimento estabelecido; simplesmente não se discute mais isso, ou, em outras palavras, discutir e argumentar essas bobagens significa estar-se muito atrás na evolução das ideias e da cultura. Se, quando proferidas essas bobagens, as pessoas não se opuserem é apenas por um motivo: respeito à ignorância (no sentido de ignorar) alheia. Apenas isso.

O amigo leitor até pode achar que isso tudo que eu escrevi é bobagem ou excesso (de repente em sua cabeça até pode ser). Mas tem que ter a consciência de que está errado e nessa condição não pode externar, em qualquer lugar e para quaisquer pessoas, o seu ponto de vista, sob pena de ter sua ignorância (no sentido de ignorar) criminalizada. Então tem que calar. Assim é comigo e meus preconceitos: são fortes, estão arraigados em uma formação cultural de uma vida inteira, mas nem por isso se justificam ou deixam de estar errados; então eu me calo, aceito as opiniões diversas e tento, dentro do possível, compreender meu equívoco e tentar superá-lo. É fácil? Claro que não, pois é toda uma história reproduzindo os mesmos preconceitos e convivendo com eles como se não fossem errados. Mas é extremamente necessária e importante a disposição para a mudança. E quem não concorda que busque informações para transformar em conhecimento. Tarefa difícil, pois é mais fácil repetir o mesmo do mesmo de sempre.

É bom deixar claro que os negros não são coitados e o que buscam é o direito de superar todas as formas de discriminação e preconceito que os atingem e que sabemos não serem poucos. Para tal, a primeira coisa que precisam é de respeito, pois é exatamente no ato de compreender a significação da data de hoje, bem como o significado da palavra respeito, que reside toda sua luta. É algo muito mais complexo do que o senso comum determina.

Para superar o racismo e toda forma de preconceito ou discriminação racial a luta tem que ser de todos, e não só dos negros. Nesse sentido, não basta não ser racista; é preciso combater, ojerizar, criminalizar, irresignar-se, indignar-se contra o racismo.

         Que todos possam superar a discussão hora apresentada como eu e muitos outros já superaram, pelo amor ou pela dor, é o primeiro passo para uma sociedade mais humana, mais justa, menos preconceituosa. Chega de desculpas e explicações infundadas; não existe o não por que não
          Pensemos nisso?

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Primavera, bike, motos e caveiras

            Dias amenos pedem assuntos amenos.

Amena é a primavera com sua inspiração, época de belezas e do aroma das flores e das temperaturas equilibradas; período de sorrisos, por baixo das máscaras, daqueles que não sucumbiram à pandemia.


Então, aproveitando essa excelente época do ano, vamos falar sobre caveiras?

Muitos me perguntam por que em algumas das peças de roupas que eu uso, especialmente as da bike e da moto, aparecem bordados ou estampas de caveiras? Seja nas bandanas, na máscara, na luva, na balaclava, na jaqueta, lá está elas presentes.

Caveira é, via de regra e segundo muitos dicionários, o conjunto de crânio e ossos da face de um vertebrado morto, em especial a do ser humano. É essa caveira que eu uso.

Muitos são os significados da caveira, sendo muito comum identifica-la com a morte. Nesse sentido, é corriqueiro que ela esteja relacionada à coisas nocivas ou negativas como crimes ou ameaças de crimes, substâncias tóxicas, venenos ou locais intoxicantes e perigosos ou que exponham a algum tipo de risco. É sinal de alerta: tem perigo, lá está a ceveirinha, muitas vezes alocada sobre um par de ossos cruzados. Os piratas e os corsários se identificavam com caveiras, informando aos demais navegantes do perigo que representavam. A tropa de elite da polícia tem como símbolo a caveira e seu veículo blindado se chama caveirão, num objetivo aviso: cuidado, não viemos para brincadeiras. A polícia do Brasil é uma das que mais mata no mundo.

Porém, e sempre há poréns, como no meu caso e de muitos outros ciclistas e motociclistas, desportistas que cultivam uma vida saudável, equilibrada, responsável, a identificação com caveiras tem um outro sentido extremamente positivo e com o qual eu me identifico muito.

O amigo leitor sabia que a caveira também está relacionada, de uma forma geral, ao princípio da igualdade entre as pessoas? Hein? Hã? Depois de dito até parece óbvio, certo?

Anote aí: no momento que restarem apenas nossos ossos, se não formos cremados, claro, kkk, aí seremos todos iguais, primeiro, por que pouco importará quem fomos, depois, por que, olhando-se para uma caveira, não saberemos se seu antigo proprietário era branco ou preto, bonito ou feio, rico ou pobre, inteligente ou não, hétero, homo ou não binário, se era trabalhador ou preguiçoso, se era honesto ou um safardana, se foi casado ou solteiro, se era gordo ou magro, e tudo mais. Como caveira, ou já no estado de caveira, tudo isso pouco importará. Daí que nesse sentido a caveira indica, também, desapego e simplicidade, o que se opõe ao materialismo, ao individualismo e à desigualdade. Querem maior desapego do que à própria carne? Quem desapega de sua vida se desapega de tudo mais.

Os ciclistas e motociclistas se identificam com esses princípios.


Sobre uma bike, todo mundo é igual, por melhor ou mais moderna que a bicicleta seja, pois todos pedalam, fazem força, suam, cansam, passam frio, passam calor, sentem sede e fome, comem terra e mosquitos, se alimentam mal, etc. O cara com a bike de cem mil reais se iguala ao da de mil e quinhentos. E todos se divertem, se solidarizam, se exibem, se vangloriam e voltam para casa, via de regra muito cansados, mas completamente revigorados. Se as bikes podem ser diferentes, o mor pelo ciclismo os iguala.

Com os motociclistas ocorre a mesma coisa, pois não são as bikes que os une, mas o amor e o gosto por elas, ouvir o ronco do motor, mostrar seu equipamento, sua habilidade e técnica; também aquela insuspeita vontade de pegar a estrada e andar de cara no vento, gozando de cada rajada recebida. Sobre uma moto todos são iguais, e como os ciclistas, motociclistas também são solidários e parceiros; e também voltam cansados, mas vivificados.

Ora, vendo por esse ângulo é muito fácil compreender por que a caveira está presente, então, em uniformes e equipamentos de muitos ciclistas e motociclistas. É algo muito positivo, saudável e elogiável, ao contrário do que se possa pensar, certo? Sem falar que indica para os ciclistas aquele grupo de pessoas que não se priva de fazer força até estalar os ossos, enfrentar ribanceiras e perrengues em trilhas e estradas quando poderiam estar em casa, sentados, simplesmente “varejando”. Para os motociclistas também indica um sentimento de desapego ao conforto, buscando sobre suas motos contagiar com sua alegria, seus sorrisos, seus barulhos, até as pessoas que os assistem.


E o que tem a ver primavera com caveiras?

Ora, sabemos que a primavera tem uma simbologia bastante interessante: por suceder o inverno, a estação mais exigente de todas, ela representa renovação, renascimento, restauração de forças e energias, símbolo da vitória sobre os rigores do frio e preparação para a intensidade do verão. A caveira, que ao fim e ao cabo é nossa última lembrança física da estada nesse mundo, também traz implícita uma essa referente à mudança desta vida para outra; nesse sentido, tal qual a primavera, é também transformação na vida de alguém como princípio de nova etapa ou ciclo. Nossa vida é começo, meio e fim. Todo começo levará à um fim; todo fim nada mais é do que um (re)começo. Que bacana isso, né gente?

                     Vale, então, a reflexão!

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Blindados, voto escrito e o Estado Democrático de Direito


E a semana começou com a polêmica do desfile de tropas da marinha brasileira na explanada dos ministérios no Distrito Federal objetivando entregar ao presidente da República um convite para participar de uma atividade militar. Boa parte da altercação envolvendo a para militar foi o fato de que tal mobilização, que até onde se sabe ocorre todos os anos, ocorreu na véspera de a Câmara dos Deputados votar a proposta de Emenda Constitucional para implantar o voto impresso defendida pelo presidente Messias. Claro que contribuiu muito para dar nuances de arrelia ao acontecimento a postura beligerante do nosso mandatário-mor que não se cansa de promover acusações levianas e infundadas contra o sistema eleitoral brasileiro e agressões gratuitas aos membros do TSE e do STF. A falta de senso de autoridade, e de respeito, que caracteriza nosso presidente chegou ao ápice, ao menos na minha humilde leitura dos fatos, quando o mesmo referiu-se a um dos membros do STF com palavras de calão, chamando-o de éfedepe. Da mesma forma ele se dirige aos membros de oposição no Legislativo, sempre com desdém, ameaças veladas, subentendimento de uso da força, etc.

Ora, quando o representante do Poder Executivo vê a atuação constitucional do Legislativo e do Judiciário como ameaça, perseguição pessoal e conluio para prejudicá-lo, é por que o senso de competência, de responsabilidade e de compromisso com a democracia e o Estado de Direito estão muito comprometidos.

Com relação à questão envolvendo o voto eletrônico e a confiabilidade em sua lisura, penso que é uma situação ainda a ser bastante esclarecida, pois quanto mais provas nesse sentido, melhor. Mas daí a se fazer acusações medíocres sobre a honestidade do processo eleitoral brasileiro é uma distância abissal.

As pessoas perguntam por que eu confio no voto eletrônico, se eu não tenho como confirmar que ele registrou o voto que dei de fato na urna? Ora, como resposta eu digo que confio na urna eletrônica por que confio no TSE – Tribunal Superior Eleitoral, e confio no TSE pelo mesmo motivo que confio que um presidente da República ao ser eleito, por mais incompetente, ignorante, irascível e reacionário que seja, tem todo direito de governar dentro das regras democráticas até o término de seu mandato. A não ser que cometa crime de responsabilidade, claro, o que se aplica a todo e qualquer agente público.

Confio no TSE na mesma proporção que confio nas demais instituições que caracterizam o Estado Democrático de Direito: no Judiciário, no Legislativo, no Executivo, no Ministério Público, no Tribunal de Contas, nas Escolas, nas políticas públicas de saúde, inclusive nos programas de vacinação, na polícia, etc. Por serem órgãos compostos por pessoas, são falíveis, óbvio, passíveis de se desvirtuarem de ações corretas e honestas, o que só reforça a necessidade de se confiar que as responsabilidades por ações e omissões delituosas serão devidamente apuradas e responsabilizadas pelos órgão competentes. STF e TSE são falhos? Com certeza são, como o são todas as instituições que citei acima, mas é muito pior sem eles do que com eles, pois acredito honestamente que mais acertem do que errem.

Nossa democracia moderna é relativamente recente, visto que há pouco mais de trinta anos vivíamos sob uma ditadura. Ditadura militar, destaca-se. Então, retrocessos como o que estamos vivenciando no atual governo federal, que não esconde sua vontade centralizadora e sua contrariedade com o jogo político, bem como com as demais instituições que caracterizam o Estado Democrático de Direito, fazem parte do processo de amadurecimento da mesma. Para quem tem aspirações autocráticas como nosso presidente o jogo político, a oposição e a imprensa, entre tantos outros, são sinônimos de inimigos e agressores. O ômi toma como resistência e oposição pessoal o que no fundo é institucional e parte do processo democrático.


Daí me perguntam se eu acredito que possa haver um golpe militar no Brasil nesse momento. Penso que se dependesse do presidente, de alguns poucos asseclas, de algumas viúvas da ditadura, e de uma parte do povo brasileiro que viu o período de exceção por um ângulo relativamente positivo, até poderia sim. Mas numa análise mais ampla, crítica e contextualizada do momento histórico brasileiro acredito que seja difícil se materializar. As justificativas se lhes apresento em outro momento, visto que o assunto não se esgota, ok?

Então, a negativa da Câmara em aprovar o voto impresso proposto pelo presidente mostra que, ao menos neste caso, aquela Casa Legislativa está cumprindo de forma satisfatória seu papel de fiscal do Executivo, mandando-lhe o seguinte recado: “mantenha-se na linha, pois nosso apoio não será incondicional, ainda mais diante de tuas iniciativas tresloucadas baseadas em teorias conspiratórias infundadas que agridem o bom senso, a lei e a ordem”.

            Como a rusga entre o ômi e a oposição está tomando ares de retaliação recíproca, ouve-se boatos de que a CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito da Vacina quer indiciá-lo por charlatanismo, curandeirismo e propaganda enganosa em face da defesa do uso de medicamentos sem eficácia científica comprovada. Se isso ocorrer, o processo de impeachment é o desdobramento natural das acusações. Não sei se chega a tanto. Não sei se todas as cartas foram postas na mesa e todas as fichas foram jogadas. Ao menos o recado está dado. Voltaremos!

sexta-feira, 25 de junho de 2021

segunda-feira, 31 de maio de 2021

Retorno às aulas em meio à pandemia...

         A pedra foi cantada: bastou intensificar-se o retorno das aulas presenciais que o surto de COVID começou a crescer e muitas escolas tiveram que voltar a suspender as aulas, algumas até fechar. Alguém pensou que seria diferente? E aí nota-se uma discrepante realidade: a maioria, a grande maioria das escolas em que isso ocorreu são as públicas. Por que?


Conversei com alguns professores, ouvi algumas reportagens na tv, e ficou latente uma observação: os alunos não conseguem ou não querem observar os protocolos de segurança, principalmente os de não se aglomerarem e de manterem distanciamento; mantêm os mesmos hábitos que possuíam antes da pandemia, no período da “antiga normalidade”.  Ora, na hora que houver um aluno contaminado, mesmo que assintomático, é um rastilho de pólvora para a contaminação dos demais colegas e professores, sendo que esses, logo-logo, estarão em outras turmas, contribuindo para ampliar a propagação da doença.

Em função dessa triste constatação, alguns pais são muito objetivos em dizer que gostariam sim de mandar seus filhos para a escola, mas não o fazem, pois o comportamento desses jovens incautos cria muita insegurança. “De nada adianta meu filho se cuidar se os colegas não se cuidam”, me disse uma mãe esta semana. Pura verdade.

    As escolas terão que exercer de forma muito intensa seu poder de polícia para controlar esses alunos, afinal, é uma questão de segurança à saúde pública e os professores deverão ser vacinados. Se isso não ocorrer, mais escolas terão que fechar suas portas, ampliando ainda mais as incomensuráveis perdas escolares dos alunos. E das escolas para as famílias e para a comunidade será, então, apenas uma questão de tempo

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Homenagem de um amigo morto

     Esta semana tive o desprazer de participar das solenidades fúnebres de um amigo que faleceu de COVID. Numa questão de trinta dias ele adoeceu, foi para o hospital, ficou na emergência, foi para a UTI, precisou ser entubado e, depois de três dias, morreu.

    Era grupo de risco, tinha comorbidades, acho não se cuidava. 

    A surpresa da morte se deu em face da reiterada esperança que tínhamos de que pudesse superar a doença, afinal, até três dias antes de morrer o quadro, grave, encontrava-se “estável”, conforme boletim de uma esperançosa esposa. A tristeza da morte não estava apenas na idade do amigo, afinal essa geração de sessenta e quatro não é tão vigorosa quanto a de sessenta e três (kkk), que essa sim é uma geração de fortes, mas também estava no fato de que quando se perde um amigo, desses das antigas, amigo daqueles desde a adolescência, o único amigo restante de vários que se perderam no tempo e na distância, parece que um pedaço da gente morre junto; ao menos temporariamente, um membro de nosso corpo e um naco de nosso espírito vai junto no caixão.

Víamo-nos pouco, mas conversávamos muito. Herdamos gostos e assuntos de interesse em comum como pescarias, acampamentos, filmes, armas, bebidas, mulheres, pois começamos a namorar nossas esposas mais ou menos na mesma época. Há quatro meses eu o levara no alambique aqui do Vale Verde para “se abastecer para o inverno”, como ele disse, mas teria que voltar em breve, pois o combustível fora pouco... Na nossa penúltima conversa tratamos das piranhas (os peixes) que apareciam no Jacuí nos meses de verão, e discutimos questões referentes ao desequilíbrio ecológico que poderia causar esse problema. Parceria de muitos causos, muitas aventuras, algumas desventuras. Nossa última conversa foi exatos trinta dias antes de morrer, no dia que foi hospitalizado. Perguntei, via watts, se ele ainda vivia ou se eu já precisava pôr o terno preto no sol. Ele disse que sim, estava vivo, mas que estava hospitalizado e já dependia de oxigênio; concluiu comentando do extremo cansaço que sentia, da dificuldade de respirar e que “uma doença dessas só Hitler merecia pegar...”.

A esposa dele, enfermeira do hospital de Clínicas de Porto Alegre, ao mesmo tempo em que era esperançosa, sabia, por ofício, que o quadro era gravíssimo, quase irreversível. Nos últimos dias manteve a chama acesa no grupo dos amigos, mas preparou-nos para o desfecho. A ligação telefônica às quatro e cinquenta, como a maioria das ligações feitas na madrugada, apenas confirmou o que já se esperava. O Bixo Véio, o Caboclo, guerreiro sobrevivente das selvas do Vietnam, como a gente gostava de se chamar, bateu as botas! Se foi o caboclo na flor da idade, como muitas vezes comentávamos ao saber que um de nossa geração tinha morrido.

Durante o velório, após os cumprimentos iniciais (sempre fico constrangido na hora de prestar esses cumprimentos), após dividir a dor com muitos amigos e conhecidos em comum, notei que havia um grupo de amigos, os novos amigos dele, amigos também de muitos anos; desses eu conhecia um, já havíamos nos encontrado algumas vezes, e fui cumprimenta-lo. Perguntei se ele lembrava de mim. Ele disse que sim, óbvio, e me apresentou aos demais amigos: _ este é o amigo número dois da vida do Sandro, aquele que ele gosta de ficar contando pra nós das histórias; como eu já tinha perdido o amigo, que estava ali, gelado, esticado no caixão, não perdi a piada: _ se sou o amigo número dois, onde está o número um que não vi ainda? Foi um momento muito emocionante, pois éramos amigos, quase todos desconhecidos entre si, dividindo a mesma dor da perda de um parceiro em comum.

Ora, se meu amigo comentou com o amigo dele que eu era um amigo, e esse amigo dele sabia disso e me apresentou como tal aos demais amigos, não pude deixar de ficar feliz, de me sentir mesmo homenageado pelo amigo falecido, pois sabemos que o tempo e a distância amainam relações e relacionamentos, superficializam antigas amizades e mitigam sentimentos. Eu estava ali, considerado amigo pelos amigos dele, fazendo parte de um pequeno grupo, mostrando que a distância física não fora suficientemente forte para sofrear o sentimento de amizade há décadas cultivado. Um momento de luz em meio à tristeza!

E assim é a vida; e também a morte. Felizes os que possuem amigos autênticos, pois mesmo que morram, permanecerão vivos em nossas memórias. E morrerão um segunda vez quando nós, então, também formos. E iremos, que ninguém vai ficar para semente.

Ao ajudar a carregar o caixão, mais um que eu carrego, não pude deixar de lembrar que ele não atendeu meu último pedido: que já que ele não se cuidava, que ao menos emagrecesse um pouco, para não pesar no caixão. O ômi tava pesado sim. Não deixei de rir, assim como ele também não deixaria. Assim são as boas amizades; na alegria e na tristeza; no prazer do reencontro e na dor da despedida derradeira. Que Deus o tenha.

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Dia do Trabalho e do Trabalhador

 

    Parabéns amigos trabalhadores. Amanhã, 1º de Maio, é o Dia do Trabalho, e por consequência, Dia do Trabalhador. Numa época de tantas flexibilizações na legislação trabalhista, de tantas dificuldades para patrões e empregados, essa data acaba por assumir papel especial, pois se é um dia de descanso, deve ser também de muita atenção e reflexão, pois se a coisa está difícil para quem fornece e tem trabalho, imagina para quem não tem? A luta é necessária, e é uma luta boa, que se faz um dia depois do outro. Força no músculo!

sexta-feira, 23 de abril de 2021

COVID e Estatísticas

         
            Alguns meses após o início da pandemia os especialistas defenderam a ideia de que as estatísticas de contaminação estavam subfaturadas, visto que, como não havia testagem em massa, elas reproduziam apenas uma parcela (testada) da população, o que ficava muito aquém da realidade, chegando a especular que, para cada contaminado testado haveria outros dois que não foram “descobertos”. Lembram disso? Muita gente criticou essa ideia, muita gente riu, muita gente disse que os especialistas estavam dizendo isso para prejudicar o governo do ômi. O passar do tempo comprovou ser uma verdade. Eu também confirmei.

Casal de amigos de Santa Cruz precisou levar o filho ao hospital, visto que o mesmo apresentava sintomas de síndrome gripal. Feito o atendimento, o menino foi submetido ao exame e, dois dias depois, teve comprovada a contaminação por COVID. Diante dessa realidade eu pergunto: os pais do menino foram testados? E quais as chances deles estarem contaminados também, mesmo que assintomáticos? Óbvio que esses não entram nas estatísticas.

Leitora do blog informa que foi ao posto de saúde aqui do Vale com fortes sintomas de síndrome gripal e lhe foi indicado que voltasse para casa e ficasse em repouso. Não foi testada. E ainda sugeriram que ela, sua família, marido, dois filhos e mãe, ficassem em “quarentena” de quinze dias (não seria quinzena, então?) sob observação. Nenhum foi testado. É de se perguntar: quais as possibilidades desse pessoal estar com COVID? Por que não foram testados? Não havia testes disponíveis?

Isso sem falar na quantidade de gente que faz o exame por conta, descobre o resultado positivo, não fala pra ninguém, fica bem quietinho, nem sempre denticasa, e continua agindo como se estivesse tudo normal.

        Tem como confiar nas estatísticas oficiais então, sem ao menos considerar que elas podem estar muito aquém da realidade?

sexta-feira, 16 de abril de 2021

Mais do mesmo!

 


    Agora andam dizendo que a vacina do COVID está matando gente. Bom, pra quem já virou jacaré, desenvolveu câncer, fez surgir guelras em pessoas, fez crescer pelos em mulheres (?), causou impotência sexual nos homens (!), promoveu mudança no DNA humano, tornou as pessoas dependentes de um processo de dominação da China, carregou microchips nas injeções para deixar as pessoas sem o livre arbítrio, facilitando a dominação estrangeira, tomou a vacina só pra prejudicar o governo do ômi, etc., agora vem mais essa. E os que morrem que não de COVID sem ter tomado a vacina? Hein? É a epidemia sendo contraposta à “infodemia”. Bom, para quem acreditava que a pandemia era apenas uma gripezinha, não é de se duvidar que acreditem nessas popagens todas. Vacina matando? Aí eu tô louco então. Ou não?

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Aí que eu me refiro!!!

 

Foi boa a repercussão da postagem anterior, conforme manifestações em brenopiresmoreira@gmail.com. 


    Muitos leitores comentaram que sentiram sintomas parecidos com os meus, outros mais ou menos graves. É como escrevi: acredito que existam pessoas que contraiam o vírus e fiquem assintomáticas. Acredito que outras tenham sintomas leves; outras também podem ter sintomas mais graves; há também as que têm sintomas severos e precisam ser hospitalizadas. É uma situação muito delicada. Não tem como saber quem será quem.

Aí tenho que ouvir de um conhecido que eu sou um homem muito vil, muito fraco e muito frouxo, pois fiquei com sintomas mais graves da doença enquanto ele teve apenas sintomas muito leves e superficiais, como se significasse que, por ter sintomas leves, ele era mais forte. Não pude deixar barato: eu fiquei doente, me curei, e continuo bonito (modéstia à parte, claro, ahahahahah); e ele que não ficou doente mas continua muito longe de ser bonito? Pra feiura não tem cura, ahahahahahah. Aí que eu me refiro!!!

Brincadeiras à parte, por que a flauta entre amigos pega, e não é pouca, muita gente que achava que contrair COVID era apenas como ficar com uma "gripezinha" está se obrigando a rever seus conceitos. Antes tarde do que nunca!

terça-feira, 30 de março de 2021

Diário de um COVID(ado...)

         Então a coisa se desenha assim: pois àquelas pessoas que não se cuidam ou que se cuidam “meia-boca”, não resta saber se vão ficar doentes, mas sim quando ficarão doentes, lembrando que o “se cuidar” é, como forma correta ou minimamente ideal, observar as conhecidas e apregoadas regras de higiene e isolamento: não sair de casa ou sair apenas se estritamente necessário, usar máscara desde o momento que sai até o momento que retorna, manter o distanciamento social, evitar aglomeração, lavar muito bem as mãos e usar muito o álcool gel. Há mais de um ano estamos nessa peleia e esmorecer agora é dar sorte para o azar.


Em algum ponto do caminho desses cuidados básicos eu falhei, por que tive o desprazer de entrar para as estatísticas, sempre elas, como mais um contaminado pelo COVID19 e pude constatar que o que falam sobre a doença, sobre a gravidade da mesma, era verdade.

Acredito que existam pessoas que contraem o vírus e ficam assintomáticos. Acredito que outros tenham sintomas leves; outros também podem ter sintomas mais graves; há também os que têm sintomas severos e precisam ser hospitalizados. É uma situação muito delicada.

Como sou um indivíduo muito metódico em meu cotidiano, como me conheço física, emocional, psíquica e espiritualmente (masáaaaaa), logo que senti o mais leve dos sintomas comecei a fazer um diário, pois sabia que “alguma coisa não estava bem, e se prenunciavam alguns dias difíceis” ...

O mínimo que posso fazer para auxiliar os amigos leitores que porventura venham, também, ficar doente, ou que não acreditam muito que a doença é tirana, é dividir com eles minha experiência. Abaixo reproduzo meu diário, destacando que o dia 1 não equivale ao dia primeiro do mês, mas ao primeiro dia em que senti sintomas. Lá vai:

- dia 01 – era um sábado: leve dor na nuca (essa sempre aparece quando estou para ficar resfriado, por isso é velha conhecida);

- dia 02 - domingo: mesma dor esporádica na nuca e na musculatura próxima, semelhante a um leve torcicolo; parecia o Robocop olhando para os lados, kkkkk;

- dia 03 - segunda: intensa dor na nuca, pescoço, ombros, e leve dor nos músculos das pernas;

- dia 04 - terça: indelével coceira na garganta e o surgimento de um pigarro; continuam as dores na nuca, pescoço e ombros; aumentam as dores nas pernas, em especial os músculos das coxas;

- dia 05 - quarta: o pigarro vira tosse suave, dor nos músculos se ampliando (braços, costas, barriga, pernas); dor nas juntas e articulações; incipiente sensação de cansaço;

- dia 06 - quinta: músculos bastante, mas bastante doloridos, crise de dor ciática aguda, dor no pulmão, lado esquerdo, sensação de cansaço aumentada (noite de dormir sentado), alterações de temperatura, calafrios, suador;

- dia 07 - sexta: bastante, mas bastante dor no corpo, tosse suave, sensação muito grande de cansaço, absoluta falta de força no corpo, (mais uma noite sem dormir na horizontal), a dor no “polmão” troca de lado, alteração de temperatura com calor e frio extremos, nariz levemente congestionado (situação agravada na tentativa de dormir deitado); ciático inflamado a todo vapor...;

- dia 08 - sábado:  dor no corpo menos intensa que nos dias anteriores, mas ainda muito insistente; cansaço diminui, mas fazer atividades básicas como escovar os dentes, caminhar, manter-se em pé, ainda estão bastante custosas; tosse mais incomodativa, respiração mais pesada, leve dor de cabeça, dor nos olhos, nariz ainda levemente congestionado;

- dia 09 - domingo: intensa dor no ciático; persiste a sensação de cansaço; alteração de temperatura, dor nos olhos, respiração ainda pesada, diarreia, suaves indícios de perdas no olfato e paladar;

- dia 10 - segunda:  diminui bastante a dor no corpo; vem a diarreia; perda do olfato e do paladar; dor ciática aguda ainda; respiração pesada;

- dia 11 - terça: continua a sensação de cansaço e indisposição, perda total do paladar e do olfato; congestão nasal, respiração pesada, dor ciática, sem diarreia;

-dia 12 - quarta: muita “zonzeira” e tontura; equilíbrio afetado, perda do paladar e olfato, congestão nasal e respiração pesada; sensação de cansaço diminuindo;

- dia 13 - quinta: muita zonzeira ainda, momentos de desequilíbrio, perda do paladar e olfato; um pouco cansado ainda; respiração menos pesada;

- dia 14 - sexta: leve zonzeira, sem paladar e olfato, respiração ainda um pouco pesada; à noite, incipiente indício de retorno do olfato e do paladar;

- dia 15 – sábado: sintomas de cansaço desaparecem, a zonzeira desaparece, respiração mais próxima do normal, olfato e paladar ainda comprometidos;

- dia 16 – domingo: parei de fazer o diário, me considerei curado, com suaves sintomas de cansaço, sem dor generalizada, mas ainda sem olfato e paladar integrais que ficariam ainda por um bom tempo comprometidos.

E aí, amigo leitor, é pouco ou quer mais? E olha que eu, apesar da idade, não sou um indivíduo sedentário, pratico bastante esportes, não fumo, me alimento bem a não possuo comorbidades...

De tudo, o que pude concluir é que o que leva a pessoa para o hospital é a falta de ar, que felizmente e graças a Deus eu não tive, pois se a tivesse, teria que ter buscado recursos, com certeza, principalmente entre os dias seis a nove, o pico da “fraqueza”.  Para não dizer que não tomei remédio, tomei relaxante muscular duas noites, quando a dor nos músculos estava muito intensa. Nunca pensei que atividades simples do cotidiano como escovar os dentes, tomar banho, trocar de roupa, calçar um sapato ou até caminhar, bem como atos involuntários como rir, espirrar, tossir, pudessem ser tão custosos e doloridos e exigiriam tanto esforço. Como diz a gurizada, “o troço foi punk!!!” Como diz meu pai, “a coisa tava osca”.

Vale a lição. Se tem alguém a ser culpado por toda essa situação fui eu mesmo que não me cuidei como devia, ninguém mais; nem médicos, nem familiares, nem o Bolsonaro, nem o Lula, nem o STF, nem a falta de vacina ou de remédio, nem ninguém. Ah, e o olfato e o paladar ainda não estão 100%, passados mais de um mês.

O aviso está dado!