Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

sábado, 8 de janeiro de 2022

Eu ia fazer uma conta no Face...

         Uma das mais interessantes tradições desse período de “virada de ano” é fazer planos para o ano que está começando. Nesse sentido, como muitos que estão me lendo também fiz os meus e hoje, passada uma semana do início de 2022, fazendo uma avaliação das coisas a que me dispus para curto prazo, pois costumo estabelecer meus planos em curto prazo, trinta ou sessenta dias, médio prazo, três ou quatro meses, e longo prazo, até meio ano, uma me chamou a atenção e eu quero comentar com os amigos leitores: vou criar uma conta de face book. Chega de ser tratado como um alienígena quando as pessoas ficam sabendo que eu não tenho face; chega de ser olhado com espanto, de ter que dar explicações, listar justificativas infundadas, de ser tido como um pária das redes sociais, sinônimo de atraso e de ignorância. Vou para o face então.

       Porém, e sempre há poréns, a partir de minha interpretação sobre como eu vejo o face book e a disposição das pessoas que nele se relacionam, isso quando eu frequentava a rede pela conta da escola ou pelas da família, resolvi fazer um texto contemplando uma lista de assuntos que eu não gostaria de ver na minha página. Essa lista seria encaminhada a todas as pessoas que “me solicitassem amizade”.

Primeira coisa, que chega a ser óbvia: não quero nada que diga respeito a Bolsonaro e Lula. Primeiro, por que já tenho minhas convicções plenamente formadas, como o amigo leitor bem sabe, depois, por que nesse tempo de intransigências os ignóbeis de plantão, com sua disposição policialesca, costumam sempre polarizar, visto que para eles, se tu critica um, necessariamente tu tens que ser apoiador do outro, o que não é verdade. Então será assim, sem bolsomígnions e sem pretralhas. Nada de falar do messias reacionário e do molusco cara-de-pau.

Por uma questão de lógica, também não quererei receber postagens referentes a política partidária e políticos, pois como eu já disse, não são os políticos que me escolhem, sou eu quem os escolhe; então, não preciso deles tomando meu precioso tempo de laser. Ao menos por enquanto é assim. Isso sem falar que é do meu bolso que sai parte dos subsídios que eles recebem para exercer seus mandatos nem sempre de forma satisfatória. Não dá pra misturar as coisas, certo?

Piadas sexistas, racistas, preconceituosas não serão admitidas, pois para mim há tempo os negros deixaram de ser diferentes ou inferiores por causa da cor de sua pele, a loiras e os portugueses deixaram de ser burros, questionar a sexualidade de um homem ou de uma mulher deixou de ser xingamento ou motivo de gozação e brincadeiras.

Ainda na esteira dos assuntos políticos, não serão aceitas mensagens que questionem a eficiência e a eficácia da vacinação, seja contra o COVID e suas variantes, seja contra o H3N2 ou qualquer outra doença. Se no dia-a-dia o obscurantismo e a ignorância podem ser alardeadas aos quatro ventos, às vezes até como virtude, na minha rede social não! Negar a vacina não é exercício da liberdade de escolha, pelo contrário, é irresponsabilidade com o social e o coletivo e cristalina demonstração de falta de inteligência.

Excluirei das minhas relações facebookistas (palavra que eu nem sei se existe...) aquelas pessoas que repassarem notícias notadamente fakes, de fácil comprovação, pois isso é um desfavor à sociedade, contribuindo sobremaneira para aumentar o caos de informação e desinformação que vivemos. O mesmo vale para aqueles que repassarem “superpromoções” de distribuição de prêmios ou brindes grátis, pois como é sabido, não existe almoço grátis e é justamente nesses superpromoções que se escondem os golpes. E como tem gente que cai. Cai não, se atira. Por favor, vanserrespeitá?

Também não repassarei postagens de autoajuda, pois se é autoajuda, não precisa dos outros, certo? Da mesma forma correntes de orações daquelas em que o emitente solicita que “não quebre a corrente”, “mande para mim também” ou “passe para mais doze pessoas sob pena de te acontecer algo muito grave...” E ainda justificam: doze são os apóstolos, os meses do ano, o número de ovos na caixinha de uma dúzia... A corrente vai quebrar.

Não curtirei ainda aquelas pessoas que ficam mandando indiretas, recadinhos, avisinhos, subentendendo insinuações, dando respostinhas, pois que, covardes para uma conversa tete-a-tete, escondem sua frustração atrás do anonimato do destinatário da mensagem. Que coisa feia...

Outra situação que me deixa muito constrangido é aquela de pessoas que terminam seus relacionamentos afetivos, casamentos ou não, independentemente de causa ou responsabilidade, e no dia seguinte já estão postando coisas supernovas da nova vida de supernovo solteiro ou de um supernovo relacionamento. E a família? E o histórico? E o respeito recíproco? Um conhecido se separou na segunda, na quarta já postou fotos nas baladas e no agito da noite, e no sábado já fez circular imagens com o novo amor, o amor verdadeiro, a pessoa ideal, a cara-metade, aquela que o completa... Me poupe, se poupe, nos poupe!

Também não quererei imagens de crimes, de acidentes, de gente morta ou esgualepada, maltrato a pessoas e animais. O mundo já está cheio de coisas muito ruins para a gente perder tempo com coisas muito piores. Vão carpir uma verga, ok?

Em contrapartida, poderemos postar coisas relacionadas a futebol. Desde que sejam feitas de forma respeitosa, pois até a flauta é bem vinda quando feita de forma elegante e inteligente sem buscar ofender ou agredir os rivais, como muito se tem visto por aí, combinado?

Dito tudo isso e analisado de forma criteriosa essa sumária lista de assuntos que serão proibidos no meu face, lista que não se esgota, pelo contrário, é muito mais ampla, cheguei ao final concluindo de forma singela que estou muito metido na vida das pessoas. Se elas querem falar de Bolsonaro, de Lula e de políticos, se querem fazer piadas grotescas ou criminosas, deixando transparecer seus preconceitos, se querem propagar a ignorância e a bestialidade, ou desejam apenas curtir uma dor na cabeça de galhada, postar coisas bisonhas ou aberrações, quem sou eu para discriminá-las? Que direito tenho eu de fazer isso? Cada um posta o que quer e aquilo com o qual se identifica e que arque com as consequências de suas postagens, certo?

                    É por esse motivo, então, que decidi agora que não vou mais fazer uma conta de face book: a uma, por que certamente terei muitos poucos amigos e conversarei com muito poucas pessoas, talvez até sozinho; a duas, por que ao criterizar as pessoas com as quais me relacionarei estarei criando mais problemas do que prazeres nas redes sociais, o que penso ser indevido. Penso, então, por correto, que continuarei a ser um alienígena, um pária das redes sociais, alguém que é olhado com estranheza e incredulidade toda vez que diz que não tem face. Acredito que com isso o mínimo que tenho a ganhar é o de economizar minha beleza e minha paciência, certo? Ou não?

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