Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

terça-feira, 30 de março de 2021

Diário de um COVID(ado...)

         Então a coisa se desenha assim: pois àquelas pessoas que não se cuidam ou que se cuidam “meia-boca”, não resta saber se vão ficar doentes, mas sim quando ficarão doentes, lembrando que o “se cuidar” é, como forma correta ou minimamente ideal, observar as conhecidas e apregoadas regras de higiene e isolamento: não sair de casa ou sair apenas se estritamente necessário, usar máscara desde o momento que sai até o momento que retorna, manter o distanciamento social, evitar aglomeração, lavar muito bem as mãos e usar muito o álcool gel. Há mais de um ano estamos nessa peleia e esmorecer agora é dar sorte para o azar.


Em algum ponto do caminho desses cuidados básicos eu falhei, por que tive o desprazer de entrar para as estatísticas, sempre elas, como mais um contaminado pelo COVID19 e pude constatar que o que falam sobre a doença, sobre a gravidade da mesma, era verdade.

Acredito que existam pessoas que contraem o vírus e ficam assintomáticos. Acredito que outros tenham sintomas leves; outros também podem ter sintomas mais graves; há também os que têm sintomas severos e precisam ser hospitalizados. É uma situação muito delicada.

Como sou um indivíduo muito metódico em meu cotidiano, como me conheço física, emocional, psíquica e espiritualmente (masáaaaaa), logo que senti o mais leve dos sintomas comecei a fazer um diário, pois sabia que “alguma coisa não estava bem, e se prenunciavam alguns dias difíceis” ...

O mínimo que posso fazer para auxiliar os amigos leitores que porventura venham, também, ficar doente, ou que não acreditam muito que a doença é tirana, é dividir com eles minha experiência. Abaixo reproduzo meu diário, destacando que o dia 1 não equivale ao dia primeiro do mês, mas ao primeiro dia em que senti sintomas. Lá vai:

- dia 01 – era um sábado: leve dor na nuca (essa sempre aparece quando estou para ficar resfriado, por isso é velha conhecida);

- dia 02 - domingo: mesma dor esporádica na nuca e na musculatura próxima, semelhante a um leve torcicolo; parecia o Robocop olhando para os lados, kkkkk;

- dia 03 - segunda: intensa dor na nuca, pescoço, ombros, e leve dor nos músculos das pernas;

- dia 04 - terça: indelével coceira na garganta e o surgimento de um pigarro; continuam as dores na nuca, pescoço e ombros; aumentam as dores nas pernas, em especial os músculos das coxas;

- dia 05 - quarta: o pigarro vira tosse suave, dor nos músculos se ampliando (braços, costas, barriga, pernas); dor nas juntas e articulações; incipiente sensação de cansaço;

- dia 06 - quinta: músculos bastante, mas bastante doloridos, crise de dor ciática aguda, dor no pulmão, lado esquerdo, sensação de cansaço aumentada (noite de dormir sentado), alterações de temperatura, calafrios, suador;

- dia 07 - sexta: bastante, mas bastante dor no corpo, tosse suave, sensação muito grande de cansaço, absoluta falta de força no corpo, (mais uma noite sem dormir na horizontal), a dor no “polmão” troca de lado, alteração de temperatura com calor e frio extremos, nariz levemente congestionado (situação agravada na tentativa de dormir deitado); ciático inflamado a todo vapor...;

- dia 08 - sábado:  dor no corpo menos intensa que nos dias anteriores, mas ainda muito insistente; cansaço diminui, mas fazer atividades básicas como escovar os dentes, caminhar, manter-se em pé, ainda estão bastante custosas; tosse mais incomodativa, respiração mais pesada, leve dor de cabeça, dor nos olhos, nariz ainda levemente congestionado;

- dia 09 - domingo: intensa dor no ciático; persiste a sensação de cansaço; alteração de temperatura, dor nos olhos, respiração ainda pesada, diarreia, suaves indícios de perdas no olfato e paladar;

- dia 10 - segunda:  diminui bastante a dor no corpo; vem a diarreia; perda do olfato e do paladar; dor ciática aguda ainda; respiração pesada;

- dia 11 - terça: continua a sensação de cansaço e indisposição, perda total do paladar e do olfato; congestão nasal, respiração pesada, dor ciática, sem diarreia;

-dia 12 - quarta: muita “zonzeira” e tontura; equilíbrio afetado, perda do paladar e olfato, congestão nasal e respiração pesada; sensação de cansaço diminuindo;

- dia 13 - quinta: muita zonzeira ainda, momentos de desequilíbrio, perda do paladar e olfato; um pouco cansado ainda; respiração menos pesada;

- dia 14 - sexta: leve zonzeira, sem paladar e olfato, respiração ainda um pouco pesada; à noite, incipiente indício de retorno do olfato e do paladar;

- dia 15 – sábado: sintomas de cansaço desaparecem, a zonzeira desaparece, respiração mais próxima do normal, olfato e paladar ainda comprometidos;

- dia 16 – domingo: parei de fazer o diário, me considerei curado, com suaves sintomas de cansaço, sem dor generalizada, mas ainda sem olfato e paladar integrais que ficariam ainda por um bom tempo comprometidos.

E aí, amigo leitor, é pouco ou quer mais? E olha que eu, apesar da idade, não sou um indivíduo sedentário, pratico bastante esportes, não fumo, me alimento bem a não possuo comorbidades...

De tudo, o que pude concluir é que o que leva a pessoa para o hospital é a falta de ar, que felizmente e graças a Deus eu não tive, pois se a tivesse, teria que ter buscado recursos, com certeza, principalmente entre os dias seis a nove, o pico da “fraqueza”.  Para não dizer que não tomei remédio, tomei relaxante muscular duas noites, quando a dor nos músculos estava muito intensa. Nunca pensei que atividades simples do cotidiano como escovar os dentes, tomar banho, trocar de roupa, calçar um sapato ou até caminhar, bem como atos involuntários como rir, espirrar, tossir, pudessem ser tão custosos e doloridos e exigiriam tanto esforço. Como diz a gurizada, “o troço foi punk!!!” Como diz meu pai, “a coisa tava osca”.

Vale a lição. Se tem alguém a ser culpado por toda essa situação fui eu mesmo que não me cuidei como devia, ninguém mais; nem médicos, nem familiares, nem o Bolsonaro, nem o Lula, nem o STF, nem a falta de vacina ou de remédio, nem ninguém. Ah, e o olfato e o paladar ainda não estão 100%, passados mais de um mês.

O aviso está dado!