Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

quarta-feira, 27 de março de 2019

21 Anos sem Tim Maia

Resultado de imagem para tim maisHá vinte e um anos morria Sebastião Rodrigues Maia, uma das vozes mais brilhantes que a música popular brasileira tivera até aquele momento. Foi cantor, compositor, maestro, produtor musical, instrumentista e empresário, responsável pela introdução dos gêneros soul e funk na música popular brasileira, dono de um swing que fez escola e possuidor de um domínio acústico sem precedentes no histórico musical brasileiro, ouvido cujo conhecimento e alcance ultrapassavam as possibilidades técnicas do Brasil naquele momento.

Tim Maia teria hoje 77 anos e poderia ter sido, sem sombra de dúvidas, uma das maiores, senão a maior, voz da MPB nacional. Até hoje a legião de fãs, entre eles este humilde colunista, mantém atual a exponencial importância e significado de seu repertório e da atuação de sua banda Vitória Régia. Valeu Tim. Muito obrigado!

quarta-feira, 13 de março de 2019

Sobre o 8 de março

Mais uma vez a data foi marcada por homenagens, discursos fortes, destaque aos avanços dos direitos femininos e, não podia ser diferente, algumas piadas referentes, principalmente, às lidas domésticas.
Resultado de imagem para dia da mulherApesar de todos os avanços, inclusive no aparato legal que busca diminuir as desigualdades entre homens e mulheres, é sabido que esta igualdade está longe de ser plena, e as estatísticas estão aí para comprovar: as mulheres ainda se dedicam muito mais às atividades do chamado terceiro turno, ainda possuem uma desproporcional equiparação salarial com os homens, uma vez que ganham menos pelo exercício das mesmas funções e tarefas que eles, e, mais do que nunca, ainda estão sofrendo extrema violência em face da diferença de gênero, em face do fato de ser mulher.
Com relação aos afazeres domésticos, não se precisa ir muito longe para se comprovar esta realidade: quantos homens o amigo leitor ou a amiga leitora conhece que se encarregam de dividir com suas esposas e companheiras as lidas da casa? Quantos lavam e passam roupa? Quantos cozinham e deixam a cozinha em ordem após as refeições? Quantos limpam a casa? Quantos estendem a cama, limpam o banheiro, arrumam as crianças? Quantos vão às reuniões das escolas de seus filhos? Quantos põem a mesa do café (e depois tiram)?
Sobre a questão referente à comparação salarial entre mulheres e homens, leio em um texto que, segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (sempre elas) a diferença salarial chega a girar em torno de 25 %, isto é, as mulheres chegam a receber um quarto a menos do que os homens, apesar de exercerem as mesmas funções.
Resultado de imagem para dia da mulherQuanto à violência contra as mulheres, tenho uma tese: não é que os casos (agressão, ofensa, homicídios – feminicídios) tenham aumentando, como uma observação mais simplista dos meios de comunicação nos leva a crer. Penso que sempre existiram. Só que agora tem ocorrido a seguinte situação: os meios de comunicação estão mais eficientes em tornar público essas agressões, ao mesmo tempo em que a mulheres têm se mostrado mais combativas em ver apuradas as responsabilidades por tais infrações. Antes a regra era calar, afinal, era comum as mulheres suportarem “quietas” as agressões de seus maridos e companheiros, no famoso ditado de que “o que acontece dentro de casa, morre dentro de casa”. E às vezes morria mesmo. Literalmente. Agora não mais, felizmente.
Apesar dessa infame realidade, a História do Brasil é marcada por uma sucessão de avanços (muito lentos, claro) no que diz respeito à evolução dos direitos das mulheres em oposição a seus deveres.
Em 1879 as mulheres adquiriram o direito de cursar faculdades no Brasil; em 1932 a Constituição Federal Brasileira autorizou o voto feminino; o ano de 1960 é um ano emblemático nesse processo, pois foi o ano em que passou a ser comercializada a pílula anticoncepcional. Foi um marco no desenvolvimento da independência feminina, afinal, agora amentava o poder feminino de escolha sobre a vontade ou o desejo de desenvolver ou não a maternidade. Mais mulher, menos reprodutora. A pílula deu-lhes o poder de escolha. Foi o início da Revolução Sexual, cujo símbolo máximo eram as imagens de mulheres queimando em público suas calcinhas e sutiãs, lembram? Em 1962 o Estatuto da Mulher Casada apresentou outros avanços em face do então vigente Código Civil. Antes dessa lei, só para se ter ideia, as mulheres só podiam pleitear empregos se tivessem autorização de seus maridos. Hoje isso soa absurdo, mas naquela época era muito comum. Em 1977 outro avanço: através da Lei do Divórcio foi conferido às mulheres o direito de por fim aos casamentos infelizes e violentos. Sobre isso uma observação pessoal: lembro que em minha infância a mulher separada, desquitada ou divorciada era quase que uma portadora de doença grave, acometida de uma índole moral humana extremamente reprovável. Alguém se lembra disso? E a mulher que usava calça comprida? Hein? E as que fumavam, não eram a personificação do demo? Em 2006 foi instituída a Lei Maria da Penha, primeira normatização a cerca de reconhecer os elementos caracterizadores da violência doméstica e a criar mecanismos para que os mesmos fossem combatidos, responsabilizados e punidos. Outra verdadeira revolução. Em 2015 a chamada Lei do Feminicídio passa a qualificar os crimes cometidos em face da condição humana de ser mulher como crime hediondo. Prisão para os vagabundos agressores. É muito pouco ainda, claro, mas já é um avanço.
         Penso que estamos no caminho certo, mas vejo que esse caminho, para se tornar pleno, tem que contar com a participação integral dos homens, que, observo, ainda têm que passar também por um processo de emancipação emocional e, por que não, espiritual. Só então, quando formos o que somos por sermos pessoas, e não homens ou mulheres, poderemos dizer que a emancipação feminina está se efetivando. Até lá a luta continua. Árdua, intensa e necessária.