Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Capítulo 5 – Dia 04 (09/02/24) – Sexta-feira

         O quarto dia desta grande viagem começa com a expectativa de, agora sim, começarmos a subir a pré-Cordilheira dos Andes, deixando para trás a parte plana da Argentina, que só seria reencontrada na volta, quando atravessaríamos el Pampa del Infierno.

 

                * Um museu, muuuuitas histórias

                Antes de sairmos de Termas del Rio Hondo, não poderíamos deixar de visitar o Autódromo de Termas do Rio Hondo, onde duas atrações principais se destacariam: o autódromo propriamente dito, que com um pouco de sorte poderíamos ver carros ou motos em treino e o museu do automobilismo. Nesse autódromo ocorreu, até ano passado, a única prova da Moto GP – a Fórmula 1 das motocicletas, da América do Sul (este ano por questões econômicas a etapa da Argentina foi cancelada). Porém, nem o primeiro, muito pouco do segundo...               

Saída do Hotel em Termas do Rio Hondo

Como dito na postagem anterior, na quinta-feira à noite um grande temporal havia atingido a cidade de Termas do Rio Hondo. Em consequência, ainda na manhã de sexta-feira muitos locais da cidade estavam sem energia elétrica e o museu do automobilismo era um deles.

Deixaram-nos entrar, fotografar, passear, ver muitos e icônicos carros de competição, muitas e icônicas motocicletas históricas e de competição, homenagens a pilotos famosos que fizeram história, mas como a iluminação era apenas a natural, fotos e imagens perdiam em qualidade. Pelo menos não precisamos pagar ingresso. Outra coisa: os banheiros não podiam ser usados, e as bebidas do bar não estavam geladas...

Museu do Autódromo TRH

                No autódromo propriamente dito, isto é, na pista de corrida, não pudemos entrar, pois estava fechada. Então foi aquilo: visitamos, mas não vimos, kkk.

                Bora para a estrada...

 

                * A beleza exuberante da natureza começa a se fazer presente...

                Feita a visita no museu, partimos para o próximo destino, a cidade de Cafayate, um município da província argentina de Salta, que fica a mais de 1600 m de altitude, lembrando que estávamos praticamente no nível do mar. É uma cidade turística que se destaca por estar na base da Cordilheira dos Andes e ter sua economia baseada principalmente na vitivinicultura – produção de vinhos.

                Logo na saída de Termas do Rio Hondo começamos a trafegar por autoestradas e rodovias argentinas, a famosas rutas nacionales ou RN. Muito belas, bem pavimentadas e sinalizadas. Então, em determinado momento pegamos a RN 307... A palavra que pode expressar o que começamos a ver é espetacular...

                Gentes, fizemos uma ascensão por morros e montanhas, em uma estrada (pavimentada) que serpenteava em ziguezague por muitos e muitos quilômetros dentro de uma mata que, em determinados momentos, parecia intocada (mas não era, por que era cortada por uma rodovia, claro, kkkk). É o que eu chamo de natureza de beleza absoluta: a estradinha no meio da mata, um riozinho pedregoso acompanhando a estrada, os carros trafegando em primeira e segunda marcha, em ziguezague, quase sem pontos de ultrapassagem... Sensacional e emocionante.

               

                * No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho...

                Antes de chegarmos a Cafayate, precisamos passar por outra belíssima cidade argentina, Tafi del Vale, na província de Tucumán, esta há mais de 2000 m de altitude (não era uma pedra, mas uma montanha no caminho, ahahahahah...). Então a subida espetacular que enfrentamos levou-nos a um vale chamado El Molar, de beleza fenomenal, e em seguida à cidade de Tafi del Vale, cidade pequena com população aproximada de 15000 pessoas. Valeria dois dias ali...

Província de Tucuman - belezas indescritíveis

                Como íamos para Cafayate, passamos por Tafi del Vale e continuamos subindo. Outra pedra no caminho, ops, montanha no caminho, kkk. Tudo em ziguezague, tudo muito, mas muito lindo. Confesso que foram as paisagens mais belas que eu vi na minha vida...

                Essa nova ascensão levou nos até um paradouro denominado El Infiernito, localizado há 3140 m acima do nível do mar...

 

                * El Infiernito geladito

                Parada obrigatória para quem vai em direção à Cafayate pela RN 307, é um ponto turístico bastante concorrido, pois é, naquela região, o ponto mais alto da rodovia e a primeira parada acima dos 3000m.


                Em Termas do Rio Hondo estávamos com a temperatura de 28°C; em Tafi del Vale, chegamos com 15°; no Infiernito estava 7°... E nós com a mesma roupa, pois a ascensão gradual não nos apontava a necessidade de pormos roupas mais quentes. O tempo fechado e a forte ventania colaboravam para termos uma sensação térmica beeem inferior...

                Paramos e, antes de qualquer coisa, nos obrigamos a pôr luvas pesadas, cachecóis e balaclavas (não sabíamos, mas em menos de cinco quilômetros teríamos que tirar tudo, ahahahahahah).

        


        Outro destaque: foi nosso primeiro contato com o animal mais clássico e tradicional da região andina: a lhama. Havia vários animais no paradouro para tirar fotos com os turistas. Mesmo com o frio, a ventania que dificultava até a conversa em ambiente aberto, estávamos lá, eu e o Chico, igual dois turistas meio bobos tirando fotos com os bichinhos... Dizem que carne de lhama é muito bom...

                Bora pra estrada que o frio está pegando...

 

                * Mundos diferentes em questão de metros ou minutos...

                Mal saímos do Infiernito, poucos quilômetros à diante, começamos a descer e tivemos três surpresas: primeira, continuamos descendo em meio a muitas, mas muitas montanhas (elas nos acompanhariam agora, até o antepenúltimo dia de nossa viagem); segundo: a temperatura subiu vertiginosamente, batendo nos 30° (em questão de minutos saímos de 7 para 30, sem contar a sensação térmica...); e terceiro, a paisagem mudou drasticamente: saímos de uma região de abundante vegetação, para uma região de semiárido, quase desértica... Ao mesmo tempo um choque e muita beleza. 

O deserto em altitude passa a ser nossa companhia

                Estávamos diante de outra forma de beleza absoluta do meio ambiente: a beleza do deserto nas montanhas. Ou seria beleza das montanhas no deserto?

                E assim descemos quase 1500 metros...

 

                * A Mãe Terra nos recebe...

                Após descer em direção à Cafayate, deixando os 3000 m de altitude, passamos por uma pequena cidade chamada Amaicha del Valle, ainda na província de Tucumán. Nesta cidade, ponto de abastecimento, não pudemos deixar de visitar o museu Pachamama.

             

Parceiro Chico com a Pachamama

   A Pachamama que significa Mãe Terra em quechua (povo indígena natural daquela região andina) é a divindade que representa a natureza no seu conjunto. Protege os humanos e os permite viver graças a tudo o que contribui. Caberia uma coluna apenas sobre esse museu. Mais uma vez as palavras são superlativas: magnífico, estupendo, espetacular...

 

                * Enfim, nosso destino...

                Assim, depois de um longo e indescritível 4° dia de viagem chegamos em Cafayate, nosso destino, nossa primeira (e que seria única) cidade de descanso, com dois pernoites. Fomos direto ao hotel escolhido, bem no centro da cidade, Hotel Los Toneles. Sobre esta estada, conto no próximo capítulo.

                Ah, para o amigo leitor ter ideia do que enfrentamos neste dia, viajamos a partir de nossa saída, pela manhã, pouco mais de 330 km em quase dez horas de estrada. Centenas de fotos depois e belezas indescritíveis, chagamos ao destino de pernoite. Conclusão: se fôssemos parar em todos os lugares bonitos, mas só nos muito bonitos, para tirar fotos, levaríamos três dias para fazer esses mesmos 300 km...
Deserto nas Montanhas



Carro do Speed Racer - Match 5
Vista parcial do museu TRH



Andar superior do museu
Motos clássicas