Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Direitos Fundamentais - Direito de Defesa

         Diz a Constituição Federal Brasileira que a todos nós é garantida a inviolabilidade do direito à vida e à segurança, entre outros. Mas ainda precisamos amadurecer muito alguns elementos desse princípio.
         Li que no Texas, Estados Unidos, está em votação uma lei que autoriza alunos e professores a portarem, de forma discreta, arma de fogo nos campi (campus universitário).
         Apesar de ser um estado onde tradicionalmente a população é (e anda) armada, é também no Texas onde se acaloram as maiores discussões sobre esta permissibilidade legal. Isso por que é lá que as estatísticas (sempre elas!) mostram que, de vez em quando, algum estudante meio maluco pega seu fuzil ou pistola (já foi o tempo do revólver) e sai por aí matando colegas e professores. Os noticiários estão cheios dessas manchetes. Mas predomina o direito de defesa, muito caro aos norte-americanos.
         A questão é bastante polêmica, pois não são poucos os incidentes que causam a morte e o ferimento de pessoas por uso indevido ou imprudente de armas de fogo. Só que neste ponto as estatísticas são mentirosas, principalmente por que são esses os casos que nos chegam ao conhecimento via meios de comunicação. Ou alguém acredita que um cidadão que afugente um ladrão com sua arma vai à delegacia registrar ocorrência ou vai ao jornal dar entrevista? Só se ele for doido.
         Hoje somos refém da violência.
         Se o cidadão usar sua arma (registrada, imposto pago e tudo o mais certinho) para defender-se e a sua família, mesmo que dentro de sua casa, com certeza arrumará, no mínimo, uma grande incomodação. No mínimo terá que contratar um advogado para defendê-lo. Já o vagabundo não está à mercê desses “inconvenientes”. Começa que sua arma não é registrada, então ele não precisou gastar com registro, porte, imposto, etc. Depois, ele sabe que pode entrar em qualquer residência, atacar qualquer veículo, abordar qualquer pessoa que dificilmente ela poderá se defender. No máximo, será preso. Morto, talvez, se reagir à polícia. Na cadeia, receberá um defensor pago pelo Estado.
            Se o cidadão pudesse portar sua arma, tudo conforme as leis, isso seria mais difícil. Num grupo de quatro ou cinco, um ou dois, se não todos, estariam armados. Com certeza isso diminuiria o ímpeto da bandidagem.
            Essa semana, mais uma tentativa de assalto na RS 471, próximo ao pardal de Santa Cruz do Sul, resultou no ferimento de uma menina que viajava no banco de trás do veículo. Se o motorista para, com certeza seria roubado, senão morto.
            Se os vagabundos soubessem que o condutor do veículo ou seu acompanhante pudesse estar armado, pensariam um pouco mais antes de se aventurar nessas empreitadas.
            Sei que alguns vão dizer que o cidadão, ao reagir, se tornará presa fácil para o bandido que tem, entre muitas vantagens, a surpresa. Ora! O cidadão já é presa fácil. Se o Estado está se mostrando impotente para deter a bandidagem, ao menos dê ao cidadão o direito de se defender em pé de igualdade com os bandidos.  No começo, claro, muita gente boa poderia morrer. Mas muito safado ia morrer, também. Até por que, neste momento, somente a gente boa está morrendo. Ou será que eu estou enganado?
            Claro que não defendo o armamento puro e simples da população. Haveria critérios. E um deles, para mim, seria o de exigir, a baixos custos, que aquele que possuísse uma arma fizesse cursos regulares de manuseio, uso e manutenção da mesma. Além de testes psicológicos e psicotécnicos. Assim, diminuiríamos muito as vantagens dos meliantes.
            Infelizmente a coisa está muito fácil para a bandidagem. E não temos muitas expectativas de melhora. Ou temos?

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Cicloturismo

Próximo fim de semana, juntamente com outros colegas de Santa Cruz do Sul, São Jerônimo e General Câmara, num total de vinte e seis ciclistas, estarei fazendo um "passeio ciclístico" entre Cambará do Sul e Torres. Com plena certeza, será mais uma oportunidade para conhecermos outros imponentes destaques da paisagem do Rio Grande, os Aparados da Serra, canion Itaimbezinho e a transição serra-litoral. A chegada, oitenta quilômetros depois, será em Torres, para o essencial "banho de descarrego de início de temporada". A turma está com muita expectativa, ultimando os preparativos e a logística. 

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

História de Fevereiro (e que poderia acontecer com qualquer um)

“... Ão!.. Ão!.. Adão?
            De sobressalto o marido, de nome Wandercleison, acorda, no meio da madrugada, tendo quase certeza que sua esposa o chamara, de novo, de Adão.
            Adão!? Desta vez não se aguentou: _quem é Adão?
            Ela, também de sobressalto, responde, sonolenta e assustada: _ que Adão? _que Adão, hein? _Tá ficando louco?
_Eu tenho quase certeza que tu me chamou de Adão...
_ Tá besta é? Vai dormir e me deixa em paz... Talvez confundi teu nome...
_ Pode ser! Wandercleison é parecido com Adão...
            Muito desconfiado o marido tratou de se acomodar para retornar ao sono reparador. Não sem antes ficar meio desconfiado com aquele sorrisinho irônico de sua patroa ao virar para o lado e desejar-lhe bons sonhos, por que os dela “eram ótimos”.
            Ao longo do dia seguinte, uma quarta-feira, aquela história do Adão voltou, diversas vezes, à sua lembrança. Ficara muito mal explicada. Estaria sendo traído? Estaria ele com a cabeça florida? Seria ele o cabeça de galhada da vizinhança? Como procederia para descobrir tudo?
            Ao retornar do trabalho, notou que havia uma capela de santinha com três velas acesas sobre um móvel da sala. Estranhou novamente, pois a patroa nunca fora muito ligada em religião. O que estaria acontecendo?
_Pagando uma promessa, disse ela, sem maiores detalhes. E ele também não insistiu muito, até por que, promessa é promessa e ninguém quer saber qual a graça pedida, somente se foi atendida.
            Um tempo mais tarde, já no banho, ouviu que sua mulher conversava animadamente com uma amiga no celular quando, indisfarçadamente, de forma clara e inconfundível, ouviu-a dizer:
_ele é lindo, torço por ele... não o (não-entendeu)..., não, não por ele, pelo outro, pelo mais lindo, sim, pelo (não-entendeu de novo)...ão. Adão!? Isso na frente dos filhos que, pela naturalidade com que a ouviam pareciam já saber de público da traição de sua mãe. Seus sorrisos até acusavam uma certa cumplicidade.
            Não se aguentou e saiu do banho. Pelado e encharcado. Pôs-se estrategicamente atrás da porta. Pingando, tremendo (de frio ou de fúria), mas quieto. Agora daria o flagrante. Ela, de tão entretida, nem notou sua presença e continuou o papo.
_Fernandão, aquele liiiiindo! Que gato! Que homem! Até sonhar com ele tenho sonhado.
            O marido quase estourou... Sentiu as pernas dobrarem, um calorão lhe subindo o peito, uma vontade de voar no pescoço da traidora.
            E o diálogo continuava: _votei... votei muuuuitas vezes... Torci muito por ele. Ahã! Sim! Até promessa eu fiz para ele ficar. Ficou. Claro, com certeza, ahã, eu já paguei: isso, é, acendi três velas pra santinha. Ahã! Né, amiga, não vou pra cama sem olhar pra ele... Se a semana que vem ele for, eu vou de novo!
            Isso foi demais. O maridão deu um pulo, furioso:
_ agora tu me explica, safada! Quem é esse tal de Fernandão que tu não vai pra cama sem olhar e que a semana que vem tu vai encontrar de novo? Quem? Quem é o cafajeste? Me diz quem é que vou acabar com raça deste cana-safado?
            Risada geral. Gargalhadas gerais. Um dos filhos quase teve uma convulsão de tanto rir. E ele ali, que nem cachorro louco: espumando de raiva. E pelado. E molhado.
            Aos poucos, já enrolado numa toalha, na medida em que as explicações eram apresentadas, sua indignação foi dando lugar, primeiro ao constrangimento; depois, à vergonha; por fim, novamente, à risada geral. Como é bom rir das próprias gafes e mancadas.
            Wandercleison não costumava assistir o bigue bróder, pois achava uma inutilidade, uma sem-vergonhice e uma perda de tempo. Mas naquela noite não perderia. Queria ver este tal de Fernandão que lhe atrapalhara o sono e lhe causara tanto constrangimento.
            Wandercleison e a família ali, bestializados em frente à TV. Ele à espera da hora de conhecer seu rival televisivo.
            É! Realmente o cara era “estiloso”, “boa pinta”, pensou (estiloso e boa-pinta são formas que os homens encontram para dizer, sem dizê-lo, que um homem é bonito). É, a mulherada tem razão.
            Quando começava a ficar preocupado com as efusivas reações da patroa diante do estiloso-bróder-rival, este foi interrogado pelo apresentador do programa: “_ ao que você deve sua indicação ao paredão?” A resposta foi a seguinte: “_eu esperava que me atacassem pela frente, mas os ataques foram por trás”. Opa! Por trás, nada! Ele não notou esses ataques por trás?
            Neste momento, todos os receios do marido se desfizeram. As fantasias da patroa virariam agora motivo de chacota. Depois dessa afirmação, Wandercleison, triunfante, olhou para a esposa e disse:
_ Aposto que ele não pegou nenhuma na casa.
_ Nenhuma!
_ E nem vai pegar, eh, eh, eh.
            E foi se entregar ao sono dos justos, que não é homem de perder o tempo com estas bobagens.
            Mas, pelo sim pelo não, de vez em quando dava uma espiada na patroa e dizia: _menos... menos que não é pra tanto!
            E ai dela que confundisse Wandercleison com Fernandão!”

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

História de Praia

            Consegui usufruir de uma breve temporada de “tranquilidade” na orla marítima catarinense.
            Num dos belos dias, devidamente acomodado em uma área ocupada por muitas famílias, presenciamos, eu e os demais veranistas, a aproximação de um casal acompanhado de uma moça de qualidades físicas muito acima da média. Se é que me entendem! Corpo em dia. Muito em dia. E bronzeado. Muito bronzeado. Biquíni diminuto. Muito diminuto. Estabeleceram-se bem próximos. Montaram o acampamento: guarda-sol, cadeiras, esteiras, toalhas, chimarrão, jornal e demais apetrechos. A moça de fisiologia privilegiada estendeu sua toalha no chão e, após uma interminável e deleitosa seção de lambusamento protetor (licença poética ou neologismo?), deitou-se. Em poucos minutos era ela e seu escultural corpo estendido a sensação daquele pedaço de praia.
            A coisa esquentou quando lá pelas tantas, no intuito de não ficar com marquinhas inconvenientes, a moça, de bruços, desamarrou a parte superior do biquíni e “ajeitou” a parte inferior. Esticou-se e ficou ali, lagarteando, dourada, reluzente e deslumbrante. Um senhor já sessentão sentado a uns metros de mim desabou da cadeira, sob o olhar desconfiado da Nona. Risada geral.
            Mas a coisa ficou quente, quente mesmo, quando apareceu uma senhora para conversar com aquela família. O casal continuou sentado, mas a moça, a atração da praia naquele momento, simplesmente segurou a parte superior do biquíni com um dos braços e se levantou. Assim mesmo, sem amarrar nada. Nenhum lacinho ou nozinho. As tirinhas caídas ao longo do corpo esguio. Teve marmanjo se engasgando com o chimarrão, virando a cerveja, limpando os óculos, levantando da cadeira, esticando o pescoço, baixando a aba do boné para poder olhar com mais tranquilidade e arrumando um sem número de subterfúgios para poder espiar a beldade. E as mulheres ali, fingindo naturalidade. Algumas, inconscientemente, taparam-se com as toalhas, esticaram as peças de banho para ver se aumentavam a área protegida ou simplesmente viraram de costas. Outras (todas?), procuraram aquela estriazinha ou celulitezinha que condenaria a musa dourada à vala das mortais. Não sei se acharam... Por uns quinze minutos a bela ficou ali, estática, conversando. E com o braço segurando a parte superior do biquíni. Por uns quinze minutos pairou no ar uma dúvida atroz: será que ela vai esquecer sua situação e, ao se despedir da titia, levantar os braços para abraçá-la? Nunca tantos desejaram tanto que aquela senhora fosse embora de uma vez. E ela foi. E o que ocorreu? Nada. A máquina simplesmente tornou a se deitar e voltou a usufruir seu consagrador momento de sol.
            Para tristeza geral, ao menos de uma boa parte dos presentes, dali uns trinta minutos a moça se amarrou, a família recolheu os petrechos e, não sem que a linda  fizesse uma insuspeita ginástica para recolher sua toalha e seu protetor solar, partiram. E ela nem deu uma olhadinha para trás. Para frustração de uns marmanjos que juravam ter flertado com ela.
            Ganhou-se o dia na beira da praia...