E chegamos,
então, à encruzilhada da educação: a escola que temos e a escola que queremos.
Saber,
conhecer e entender a escola que temos é tarefa relativamente simples na medida
em que uma simples observação mais criteriosa nos mostra as qualidades e as
“desqualidades” dessas instituições.
Uma questão
mais complexa, no entanto, é identificar as características da escola que queremos,
até por que, queremos sempre o melhor. E por que é questão mais complexa? Por
que uma resposta satisfatória deve levar em conta uma série de fatores.
Antes de tudo,
é bom termos em mente que não se deve buscar uma “escola perfeita”. Isso
somente pode ser feito através de um exercício de especulação, afinal a
perfeição será o parâmetro de medida de uma finalidade para e escola. Ou não?
Voltando à
questão inicial, qual é a escola que queremos?
A resposta
para essa questão é uma busca reveladora.
Começa, como
requisito primeiro, pela oitiva da opinião individual e de classe de todos os
agentes envolvidos no processo educacional escolar: alunos, pais, professores,
funcionários, equipes diretivas, mantenedores.
Feito isso, e
sendo que esses agentes deixem bem claro qual é a escola que querem, o passo
seguinte será buscar um sólido elo de ligação entre as diferentes expectativas:
onde se aproximam, onde se afastam, como conciliá-las quando divergentes...
Então será
hora de estabelecer os meios e procedimentos pelos quais a escola poderá
atender tais expectativas, não se devendo esquecer que estamos partindo (e
pertencendo a) de instituições que já existem e que precisam, por consenso de
todos, serem transformadas e melhoradas.
Somente após
feito isso poderemos coadunar os diferentes interesses e necessidades dos
agentes envolvidos no processo educacional-escolar, tendo, por conseguinte, uma
escola com algumas características objetivamente definidas e que se aproxima de
um razoável padrão de qualidade: o mantenedor, no caso das escolas públicas
estaduais o governo do estado, cumprindo sua parte em pagar o piso salarial
nacional dos professores e oferecendo condições materiais mínimas às escolas,
bem como criando mecanismos para diminuir os encargos gerenciais
administrativos das equipes diretivas; essas, por sua vez, privilegiando a
defesa dos direitos de alunos, pais, professores e funcionários, exigindo o
cumprimento das obrigações pelos mesmos com pleno conhecimento de causa e
autoridade e apontando o aspecto pedagógico como o fundamental no processo
educacional; os professores, por seu lado, constantemente buscando seu
aperfeiçoamento e “ressignificando” sua práxis através dos conhecimentos
adquiridos; os alunos, fazendo sua parte, comportando-se como indivíduos
civilizados cujos estudos não fiquem dependentes exclusivamente dos horários de
freqüência à escola, fazendo seus temas e trabalhos com qualidade e dedicação;
por fim os pais, acompanhando o desempenho de seus filhos, os trabalhos e
temas, exigindo estudos complementares, e também fiscalizando o trabalho dos
professores e equipes diretivas, além, claro e óbvio, participando direta e
ativamente nos processos de gestão da
instituição escolar.
Eu pergunto então
amigo leitor: é querer demais?
Se sabemos o
que queremos, por que é tão difícil alcançar esses objetivos?
São tantas
perguntas, tão poucas respostas...