Outro dia numa
roda de amigos questionei a qualidade de nossos políticos por entender que a
maioria é carecedora de preparo, aptidão e até conhecimento e formação para
exercer minimamente o cargo para o qual se candidatou.
Colega meu, filho de
político, interpelou-me dizendo que se eu penso que os políticos são incompetentes
ou que se eu poderia fazer melhor eu deveria me candidatar ao invés de ficar
apenas criticando. Sei que muita gente pensa assim e volta e meia usam tal
argumento. Mas ele, o argumento, não se aplica ao caso. Defendê-lo é mostrar
desconhecimento político.
Todos sabemos
que o exercício da cidadania, isto é, a participação política, se faz de duas
maneiras: votando ou sendo votado. Não existe alternativa. Quando alguém
justifica o voto (a ausência na eleição), por exemplo, está abrindo mão de
exercitar sua cidadania através de seu voto que, também sabemos, é um
“direito-dever”.
Eu, como a
maioria da população brasileira, participo (e bem) politicamente através da
primeira maneira; outros, pela segunda. Entendo que não há hierarquia entre os
do primeiro grupo, os que votam, e os do segundo, os que são votados.
Assim sendo,
se eu participo ativamente do exercício da cidadania, não tem por que eu não
poder criticar. Quem não quer ouvir crítica que não entre na política.
Apresentado
meu argumento as discussões se acaloraram e muitos foram os argumentos a favor
de uma e outra tese.
A meu favor
também pesa o fato de que os salários (que não são salários, mas subsídios) dos
políticos são pagos por todos nós. Ora, se nós pagamos os políticos, nós
podemos (e devemos) criticar. É mais do que justo. É cargo público mantido por
nós.
A eleição de
políticos incompetentes, safados e corruptos juntamente com muitos outros que
são honestos e probos é o ônus da democracia. Faz parte do jogo. E se a eleição
daqueles pessoas ocorre é por que o pessoal do primeiro grupo, aquele que vota,
não está cumprindo de forma satisfatória a sua função. Então se equiparam àqueles: são incompetentes, safados e
corruptos.
Para esclarecer, em claro e bom tom, prefiro sempre o
maior de todos os ônus da democracia ao maior de todos os bônus de uma
ditadura. Sempre!