A ignorância da gente é uma coisa espetacular.
Está sempre disposta a se fazer presente em nossa singela vida e veementemente
dá mostras que, por mais que estudemos, que pesquisemos, que exerçamos o senso
crítico e a consciência crítica, nada sabemos, pelo contrário, sabemos muito
pouco e cada vez menos, se é que sabemos mesmo de algo. É bem o que disse o
filósofo grego Sócrates, conhecido como “o homem que perguntava”: “só sei que
nada sei”.
Minha
ignorância às vezes se faz tão grande, tão presente, que parece ser quase que
uma entidade física que me acompanha diariamente. Noutras vezes ela se esconde,
hiberna, eclipsa diante do conhecimento, de um conhecimento, dando-me a
superficial impressão de que se foi embora, ao menos sobre um ou outro assunto.
Ledo engano! Eis aí sensação ou sentimento fugaz, pois basta um descuido e ela
grita, lá do fundo da sala “presente fessor!” e voltamos a compartilhar o mesmo
corpo, no mesmo tempo e no mesmo espaço.
Não raro minha
ignorância é igual ao animal de estimação do Mano Lima, a cadela Baia, pois
muitas meses me ajuda, mas noutras vezes me “atrapaia”, ahahahahahah. Isso é
parte do ser humano, e acredito mesmo que se chagamos até este momento de nossa
evolução, em uma caminhada que recém está no início, deve-se muito a ela,
inclusive nossa própria sobrevivência. É na busca por alimentar a fome de
conhecimento, e o conhecimento é o principal alimento da ignorância, que o
progresso se faz.
Semana passada
alimentei um pouco a minha ignorância.
Em uma
contenda judicial descobri que existe uma categoria de pessoas no Brasil,
distribuídas numa determinada faixa etária, que são caracterizados como os
“super-idosos”. Isso mesmo amigo leitor, na população de idade mais avançada existem
os idosos e existem os super-idosos.
Quando eu
pensei que fosse apenas um exercício de semântica de meu interlocutor, fui
pesquisar e descobri que não só existem descrições para a expressão
super-idoso, como suporte legal para tal definição.
Idoso é o
indivíduo que tem mais de sessenta anos (ano que vem este colunista já entra
para as estatísticas, sempre elas, como tal, com direito a carteirinha e tudo).
Nesse sentido, em face desta idade, os indivíduos possuem alguns “privilégios”
e algumas prioridades diante de pessoas mais novas. O super-idoso, por sua vez,
é o indivíduo que tem mais de oitenta anos e que em razão da idade, mais
avançada em relação aos demais idosos de sessenta anos, necessitam de mais
prioridades ou das chamadas “prioridades especiais”. Consultando do Dr. Google,
aquele que de tudo sabe e de tudo vê, mas que não sabe e não vê tudo, pois que
também ignorante, se observa que os super-idosos possuem algumas
características muito particulares: não apresentam doenças incapacitantes nem comprometimento
clínico físico ou mental, gozam de uma relativa qualidade de vida (seja lá o
que isso significar), tem autonomia de locomoção, de alimentação e de tomada de
decisões pessoais, independem financeiramente de filhos, netos ou programas
públicos assistenciais, etc. Um dos conceitos que encontrei diz que “são
chamados de super-idosos pessoas com 80 anos ou mais que, diante de um teste
cognitivo, apresentam um desempenho igual ou superior ao de pessoas na faixa de
50 a 60 anos. Além disso, são consideradas saudáveis por não apresentarem
doenças crônicas e não utilizarem medicamento” (nutritotal.com.br). Conheço
vários super-idosos; a rainha Elizabeth III, recém finada, era uma super-idosa;
minha família, longeva por natureza, teve muitos super-idosos, e eis que meus
pais ainda o são.
Foi uma boa
aprendizagem já que diz respeito a nossa realidade imediata e sei que muita
gente desconhece isso. E anote aí amigo leitor: estamos nos encaminhando a
passos largos para lá. Alimentei um pouco minha ignorância. Mas só um pouco...