Alguém aí ficou surpreso com as
bombásticas revelações desta semana envolvendo o presidente (assim, com letra
minúscula) de nossa amarfalhada República?
A propósito, a publicação do envolvimento do
presidente para cooptar o silêncio de um dos facínoras presos na operação
Lava-Jato pode ser caracterizada como bombástica?
Reitero
a pergunta: alguém aí ficou surpreso com as revelações envolvendo o Temer?
Mais: alguém aí imaginava que ele não estivesse envolvido nas falcatruas
políticas que têm vindo à tona nos últimos tempos? Alguém aí acreditava,
realmente, que ele, e só ele, era inocente, mais inocente que todos os demais?
Hein? Hã? Mais ainda: alguém aí acredita no Coelhinho da Páscoa? E na
cegonha? E no Boi da Cara Preta? No Saci
Pererê, acreditam? Alguém aí já viu os dentes da galinha? E as pernas da cobra?
E cabelo em ovo? E chifre em cabeça de mula? Não viram nada disso? Então, amigo
leitor, não tem como acreditar, minimamente que seja, na inocência de nosso
presidente. Não tem nem como ficar surpreso. Dado ao tamanho e alcance das
falcatruas, o envolvimento de nosso mandatário maior era uma questão de tempo.
Essas denúncias apenas confirmaram o que já se sabia.
Pelo
que li, um dos ministros de Temer saiu em sua defesa dizendo que o presidente
estava na reunião em que o empresário ofereceu dinheiro ao Cunha mas não se
manifestou, nem que concordava, nem que discordava com a oferta. Outro disse
que o dinheiro oferecido era uma prova de solidariedade... Tão de “brinqueixam
uit mi”? Deve estar escrito em letras garrafais e com neon rosa choque na minha
testa: IDIOTA!
Mas,
pelo simples prazer da dialética, vamos supor que fosse verdade que ele só
tenha presenciado a conversa. Vamos só supor. Não opinou, não concordou ou
aprovou; só ouviu. Ainda sim está comprometido.
Só
o fato de Temer ter presenciado a conversa já o torna culpado, pois na
qualidade de servidor público, e é isso que ele é, como presidente da
República, ele deveria ter tomado as devidas providências para responsabilizar
os envolvidos, afinal, um dos princípios constitucionais que caracterizam a
administração pública é o da moralidade. Saber de uma falcatrua e não tomar as
providências necessárias para combatê-la é, no mínimo, imoral. Se não for
ilegal.
Neste
caso ainda existe um agravante: a existência de gravações entre os envolvidos.
Não é delação, argumentação, declaração, suposição, informação; não se usou apelido,
alcunha ou pseudônimo; quiçá é apenas um indício. É uma gravação e, a se
confirmar, é prova cabal, terminativa, conclusiva, e sabe-se, como princípio do
direito, que contra os fatos não há argumentos...
Fiquemos
na expectativa. Até por que, a partir de agora quanto mais mexe, mais fede...
O Temer tem o que temer?