Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

terça-feira, 20 de março de 2012

A luta continua! Apesar dos pesares...

       Semana passada foi de muita mobilização dos professores brasileiros em prol do pagamento do Piso Salarial Nacional que já foi garantido como legal pelo Supremo Tribunal Federal - STF. Esta está sendo uma luta caracterizada pela continuidade.
Aqui no Rio Grande do Sul o final do ano passado já foi marcado por uma mobilização que, àquela época, optou pela greve, mas que não obteve a adesão necessária da categoria. No entanto, boas lições foram apreendidas.
Lembro que os professores estaduais de Vale Verde, na escola onde leciono, diante da deflagração da greve, começaram um grande processo de discussão acerca da adesão, ou não, ao movimento (grevista). Neste processo, num primeiro passo, discutiram entre si sobre a importância e a significação do movimento, bem como da necessidade de uma atuação mais enérgica diante da reprovável decisão do governo do estado em não pagar o Piso Salarial Nacional aos professores, inclusive optando por "entrar na justiça" para ver-se desobrigado de seu compromisso legal.
Ato contínuo, optou-se por levar a discussão, também, aos alunos e à equipe diretiva da escola, objetivando fazer com que a decisão, pela adesão, ou não, à greve, fosse legitimada pelo envolvimento de toda comunidade escolar. Foi uma grande aula de democracia, com os professores conduzindo, de forma racional, democrática e pedagógioca, o processo de discussão.
Após diversas explanações, dos professores, dos alunos e da equipe diretiva da escola (que afinal também era interessada na decisão a ser tomada pelos primeiros) optaram por não aderir ao movimento grevista, mas ao mesmo tempo manter a mobilização e a discussão a cerca de uma atuação mais enérgica diante da resistência do estado. Inclusive aventou-se a possibilidade de uma greve no início deste ano letivo, o que não está totalmente descartado.
Este início de ano (2012) foi marcado, novamente, pela mobilização dos mestres que, ao contrário do que muitos pensam, não querem aumento de salário, muito pelo contrário. O que querem é que seja pago o vencimento (nome do salário do professor) garantido em lei que, com plena certeza, não corresponde nem à décima parte do que um professor investe em sua formação com estudos, mas que pode garantir o exercício profissional com um mínimo, muito mínimo, de retribuição salarial.
O direito dos trabalhadores à greve está garantido na Constituição Federal Brasileira, que, como sabemos, é a lei máxima de nosso Estado, por isso mesmo chamada Carta Magna e que determina, em seu artigo 9º que  "é assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender". Então, quando os profissionais de uma categoria chegam a optar por uma greve, isso não foi uma medida impensada, de uma hora para outra, decidida por uma minoria. Foi uma decisão tomada por uma coletividade que viu esgotadas as possibilidades de resolução "pacífica", no sentido de amigável, de um entrave criado. E com o magistério público estadual não está sendo diferente. Como nunca foi. É um último recurso.
O governo do estado acusa os professores e seu sindicato, o CPERS, de não quererem o diálogo. Mas que diálogo é esse cuja vontade e temas de discussão atende o interesse de apenas um dos lados? Isso para mim é um monólogo disfarçado de diálogo, isso sim.
Muitos colegas gostam de se vangloriar dizendo que "nunca precisaram fazer greve" em suas carreiras no magistério público estadual. Só esquecem de dizer que se hoje ganham um vencimento um pouco acima do salário mínimo, quando ganham, é por que muitos outros colegas, em tempos pretéritos e difíceis, se expuseram e participaram ativamente das diversas greves deflagradas. E arcaram com o ônus das mesmas, claro. Se com tantas greves passadas ainda estamos lutando pelo Piso Nacional, sob forte resistência do governo do estado, pode-se imaginar quanto receberíamos ou que direitos funcionais teríamos sem elas?
Estamos num momento em que, na escola, tudo depende do professor: o sucesso das mudanças, o funcionamento da escola, a educação, o desenvolvimento e o crescimento dos alunos, a presença e participação dos pais nas atividades escolares, o cumprimento dos dias letivos, a implantação da proposta pedagógica, etc. E a contrapartida? E o atendimento às leis que garantem os direitos funcionais dos professores? Deveres, sim, muitos. E direitos? Nenhum? E ainda temos que aguentar caras amarradas e reveses quando exercemos ou exigimos algum direito. Mas o pior é ter que ouvir a máxima pérola da ignorância, da incensatez e da falta de bom senso: "quem não estiver satisfeito que troque de profissão e procure outro emprego". É de ter pena de postura tão tosca e vazia de fundamentação e conhecimento de causa.
Por fim, há de se perguntar: quem era o Ministro quando foi criada a lei do Piso Salarial Nacional? Quem? Quem? De quem é a primeira assinatura na lei, imediatamente abaixo da assinatura do presidente Lula?  Onde está essa pessoa, agora? Onde? Quem ele é hoje?
Nada como um dia depois do outro. Quem tem telhado de vidro não atira pedra.
Ainda bem que estamos numa democracia e as eleições são periódicas. Nosso recado nas urnas será dado. Ah, se será! Quem viver verá.
Magistério público estadual não é um sacerdócio em que se faz um voto de pobreza e miséria. Com certeza não é. Ninguém quer enriquecer; apenas viver com um pouco de dignidade. Só isso.

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