Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

quarta-feira, 28 de março de 2012

Ainda a luta dos Professores...


         A forma como está sendo conduzida a política salarial do magistério público estadual pelo governo do estado está conseguindo contornar uma situação de há muito conhecida na classe professoral: a desunião da categoria.
Não é de hoje que se sasbe que a classe dos professores nunca primou por uma grande união. Não raro os movimento de moblização, paralização e greve ocorridos em tempos pretéritos eram caracterizados pela divisão da categoria onde muitos não se deixavam comover pela luta de seus pares.
Ouvia-se muitos argumentos para a divisão da classe ou a adesão parcial aos movimentos propostos. Cito alguns, apenas para exemplificar: interesses político-eleitoreiros dos dirigentes da categoria (e assim era, pois quantos vereadores, deputados e governantes saíram das lutas de classe do magistério estadual?); desconhecimento, por parte dos professores, de seus direitos e prerrogativas (muitos ainda não conhecem seus direitos e acham - este é o termo, que tudo que vem da direção ou da Coordenadoria de Educação é certo, verdadeiro e legal e tem que ser cegamente seguido); medo das chefias imediatas que, muito comum, usavam de coação e todo tipo de pressão contra os professores mobilizados (alguns ainda tentam, como relata colega de uma cidade do interior onde a diretora afirmou, em reunião de diretores, que "meus professores não vão paralizar, ah, não vão mesmo, nunca pararam e não vai ser agora!" - e todos paralizaram, 100%, eh, eh, eh); falta de vontade dos professores diante da necessidade de, se necessário, recuperar as aulas, comprometendo suas férias, seus fins de semana ou outros (o comodismo e o interesse imediato e particular sempre pesa mais do que a luta por melhores condições de trabalho para toda a categoria); falta de verdadeiras lideranças (nas escolas) que mobilizassem os colegas na defesa de seus direitos, inclusive o direito a paralizar ou fazer greve (o professor lider tem que ser um mobilizador das opiniões e das votades, e saber que mobilizar não significa impor uma vontade ou ponto de vista. Tem que ser persuasivo, racional, saber se comunicar, ser objetivo quanto aos interesses em conflito e as ideias defendidas, aceitar a resistência, etc.); falta de comprometimento dos profissionais com as necessidades de sua categoria ("não sei o que está havendo e não me interessa saber, não me diz respeito"); falta de alcance e conhecimento político dos professores sobre a importância, a necessidade e a efetividade das ações de classe (até hoje muitos ainda acham - e esta é a palavra, que a mobilização permanente, as paralizações e as greves  nunca resolveram nada e vão continuar não resolvendo - esquecem que se ganham um vencimento mínimo ou se possuem mínimos direitos, foi graças à elas); falta de fé dos professores em sua competência para tomar decisões no âmbito da escola, contrariando, muitas vezes, a vontade ou o interesse da equipe diretiva (que não é a detentora da verdade, friso). Esse rol não se esgota, claro. Mas aponta alguns caminhos.
Então, como disse acima, as ações e declarações do atual governo estão conseguindo reverter esta situação e promover a união de toda categorial professoral. Característica histórica que está sendo contornada.
Escolas onde nunca houve movimentos coletivos de mobilização, paralização e greve estão participando ativamente. E à unanimidade. Professores que nunca participaram das atividades chamadas por seu sindicato, estão começando a quebrar a inércia e participar, de forma efetiva, dos movimentos políticos de sua classe. A discussão nas escolas, nas salas de aula, nos encontros da comunidade estão se ampliando e aumentando a mobilização dos mestres, atribuindo grande legitimidade a suas reivindicações. A votade da maioria tem prevalecido, não pela imposição de ideias ou vontades, nem se quer por uma votação que pode distinguir uma maioria atuante em face de uma minoria ausente, mas pela materialização de um consenso, que busca a vontade do coletivo e a soma de interesses num todo. A democracia começa a tomar conta das escolas, a partir, principalmente, das salas dos professores, que é o reduto de organização básica desses movimentos reivindicatórios. Para desespero de alguns e regozijo de muitos. Novas lideranças estão surgindo. 
Se semana passada a palavra de ordem era "quem tem telhado de vidro não atira pedra", a desta semana é "quem semeia vento, colhe tempestade". Ou, noutras palavras, "colhemos aquilo que plantamos".
A proposta de "aumento" do magistério, que está muito longe de atender o piso legalmente instituído, encaminhada pelo governo à Assembleia Legislativa foi aprovada. Sob forte resistência da classe. Saberemos dar nosso recado aos senhores deputados. E ao governo, então...
Apenas uma ressalva: não sejamos ingênuos! Os deputados que votaram contra a medida de aumento, ou que se ausentaram da votação para diminuir o quórum (ou não votar contra) são os mesmos que, no governo anterior, também votaram contra a implementação do piso nacional, à favor do governo, portanto. É a ciranda da relação situação/oposição. Mas nada como um dia depois do outro. Como diz o ditado, pimenta no olho da gente arde; no dos outros, é festa....
As eleições vêm aí. Daremos nosso recado nas urnas. Esse é o maior bônus político da democracia. E como pode ainda existirem viúvas da ditadura?
Magistério público estadual não é um sacerdócio em que se faz um voto de pobreza e miséria. Com certeza não é. Ninguém quer enriquecer; apenas viver com um pouco de dignidade. Só isso.

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