Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

EXPOINTER: RS, Celeiro do Brasil


Durante muito tempo o Rio Grande do Sul foi qualificado como o “celeiro do Brasil”.

Para muitos, isso era uma lisonja, um elogio, algo que merecia o apupo e o regozijo das populações locais. No entanto a mim essa expressão pode refletir outros significados, pois existe um porém. Sempre há um porém.

Quais são as implicações sócio-econômicas de um estado que se caracteriza por ser o celeiro de um país?

A primeira delas diz respeito às limitações econômicas a que este celeiro é submetido.

Um estado fornecedor de gêneros de primeira necessidade teria, pela natureza de sua função, que oferecer alimentos a baixo custo. Nesse sentido, esse estado-celeiro teria suas aspirações econômicas limitadas por um interesse maior: a alimentação da população de forma barata. Isso por si só, já representa um entrave ao desenvolvimento econômico, pois o progresso, inclusive no setor primário (agricultura, pecuária e extrativismo), pressupõe pesquisa, estudo, formação de mão-de-obra especializada, desenvolvimento tecnológico, etc. E como fazer isso se os valores gastos (investidos) não poderão ser repassados aos produtos a serem comercializados?

Outra implicação, decorrente da primeira, é que na qualidade de celeiro a economia local não se torna objeto prioritário nos investimentos públicos, na medida em que o abastecimento da população será sempre atividade complementar no contexto econômico nacional. O objeto principal será a produção de bens industrializados voltados, principalmente, para a exportação, na medida em que o Estado é sempre carecedor de divisas, e essas são, geralmente, em “moeda forte”. Assim, políticas econômicas serão voltadas para os estados industrializados, geradores de riqueza e promotores do desenvolvimento nacional. Com isso, a concentração industrial acaba por se intensificar. É uma forma superlativa do “dinheiro atrai dinheiro”. Os estados industrializados, por sua vez, não terão que se preocupar tanto em fazer maiores investimentos na produção de alimentos, afinal, o Estado (nacional) já possui um celeiro...

Outra implicação, ainda, diz respeito ao mercado de trabalho. Com plena convicção afirmo que este campo é muito limitado num “estado-celeiro”, até por que a mão de obra será preparada para as funções produtivas ligadas ao setor primário em detrimento dos demais. Gera-se aí um círculo vicioso: menos pesquisa é menos desenvolvimento; menos desenvolvimento representa menos empregos; menos empregos representa menos oportunidades para o desenvolvimento de uma mão-de-obra especializada; esta, por sua vez, sem acesso ao estudo, à pesquisa e à diversificação econômica, limita o desenvolvimento tecnológico, e assim sucessivamente. Não que haja uma estagnação. Mas o crescimento é muito limitado.

Por fim, uma implicação que merece destaque é que, assim como a economia do estado-celeiro fica submetida aos interesses gerais da nação e ao poder econômico dos estados “mais desenvolvidos”, também politicamente há uma indisfarçada submissão do primeiro. Os estados economicamente mais ricos são, via de regra, os politicamente mais fortes. Possuem os mais poderosos e atuantes lobbies. Não é por acaso que as políticas econômicas oficiais venham lhes favorecer, afinal, quem pode mais, chora menos.

            Ao longo da história do Brasil sucessivos governos chamavam o Rio Grande do Sul de celeiro do Brasil. Felizmente isso está mudando. Apesar de toda a pressão que sofremos.

            Durante muito tempo nosso estado foi tratado assim, como um simples celeiro. Um estado de segunda categoria que existia para fornecer gêneros de primeira necessidade para o restante da nação, submetido aos interesses do centro.  Esse já era um fator de reclamação dos Farroupilhas no século XIX. Felizmente as coisas estão mudando. A metade sul de nosso estado ainda sofre sérias dificuldades por ter assumido integralmente seu “papel celeiro”. Mas os governos estaduais começam a adotar medidas para revigorar essa região. Enquanto isso a região norte do Rio Grande apresenta grandes índices de crescimento econômico.

Então, quanto ouvirmos alguém se referindo ao nosso estado como o celeiro do Brasil, devemos ter muito claro que nem sempre isso é elogioso. Que por trás dessa aparente homenagem escondem-se algumas implicações que nos atingem diretamente, gostemos ou não.

Podemos até aceitar essa qualificação, desde que sejamos mais. Desde que sejamos, também, a oficina da nação, a fábrica da nação, a faculdade da nação, o porto da nação, etc. Mas só o celeiro não. Nesse sentido isso tem que soar como um xingamento. E a EXPOINTER é um ótimo lugar para tal.
          
           Pense nisso!

3 comentários:

  1. Engraçado Bruno - tu dizes que graças a deus a condição de celeiro do país está passando - a Holanda, os estados unidos, a frança, e outros grandes países, não se queixam de serem grandes produtores de grãos. Quando o rio grande do sul era o celeiro do estado - esta condição foi até o final da década de 70 - o estado tinha condições econômicas de sobra para ir levando as pesquisa e desenvolvendo cada vez mais sua condição de grande produtor. Poderia ter somado isto a o desenvolvimento industrial (não acredto que por algumas industrias esporem alguma máquinas agrícula na expointer tu tomas o estado por industralizado). Qual a condição que o rio grande do sul terá agora? Nem mel e nem porongo - Passo de espera.

    ResponderExcluir