Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Dor Colorada

            O assunto predominante nas rodas de conversa esta semana foi a estupenda, a fragorosa e a antes inimaginável derrota Colorada. E poderia ser diferente?
            Quem, em sã consciência, imaginaria tamanho fiasco? Quem poderia se quer conceber a hipótese de o Colorado ser eliminado, fosse por quem fosse, antes da grande final?
            Muito já foi dito, escrito e mostrado sobre esta retumbante derrota. Na qualidade de torcedor, muito mais do que conhecedor de futebol (que não sou), quero compartilhar, aqui, minhas impressões e sentimentos, fazendo voz a muitos colorados que, neste momento, estão ressentidos, decepcionados, indignados...
            O jogo. O que se viu foi um time que, apesar de quatro ou cinco chances de gol, mostrou-se incompetente para fazer o placar ou reverter o resultado adverso. Os jogadores, muitos deles, estavam apáticos e acomodados. Jogavam como se a classificação de nossa equipe fosse apenas uma questão de tempo. Nossos destaques, nossas esperanças de um futebol de qualidade, não disseram ao que foram. Deixaram muito a desejar. Nosso time nem se quer apresentou um volume de jogo que nos garantisse ao menos ter a idéia de que poderíamos ter um resultado favorável. Faltou muito volume de jogo. Ou como se diz no jargão esportivo, faltou “entrar para dentro dos caras”, “massacrar”, “atropelar o adversário”, “dar um chocolate”, “enfiar a bola goela abaixo”, “botar quente”, “entrar com bola e tudo”, “estourar a boca do balão”... Caímos covardemente acomodados com a derrota.
            A derrota. Quem é ou já foi desportista sabe que é amargo o sabor da derrota. Muito mais, se numa final. Muito mais ainda numa final como esta. Agora, uma derrota numa final desse nível, quando se era uma dos favoritos, para um time de expressão relativa e apresentando um futebol medíocre, bem, isto é absurdamente dolorido. Essa dor, o tempo cura. A lembrança é histórica. Esta fica.
            A direção. Quando a maioria dos torcedores, jornalistas, etc., questionavam o fato de o Inter estar apresentando um desempenho sofrível no campeonato brasileiro, a direção dizia que a prioridade era o mundial. Os jogadores seriam poupados e fariam trabalhos específicos voltados para aquela competição. Mais uma vez esta polêmica medida mostrou não render as expectativas. Quatro meses de preparação e um título abandonado! Para o quê, mesmo? Tem sua parcela de culpa.
            O técnico. Errou ao acompanhar a decisão da diretoria em priorizar o mundial em detrimento do brasileirão, o qual, diga-se de passagem, estava se apresentando para ser conquistado. Foi incompetente para mudar o time e seu ânimo, após o primeiro gol do adversário. Foi incompetente para, no intervalo, reorganizar a equipe para, de forma mais efetiva, buscar o gol. Tem sua parcela de culpa.
            Os jogadores. Nosso time é formado por bons jogadores. Bons profissionais. Muito bem pagos. No esporte de alto rendimento não se imagina que atletas profissionais, alguns, claro, com salário desproporcional se comparado ao futebol que apresentam, se deixem levar por nervosismos, ansiedades, angustias, etc., de tal forma que comprometam sua atuação em campo. Nervosos todos ficam. Até em jogo de bocha. Mas profissionais são mais bem preparados do que amadores. Não serve de justificativa. Agora tão sem soninho? Tão tomando remedinho? Que se preparem, pois as responsabilidades serão cobradas. Têm sua parcela de culpa.
            Os adversários. Esses fizeram sua parte. Souberam tirar proveito de um time acomodado, sem pretensão de gol. Na qualidade de franco-atiradores, souberam aproveitar os espaços que lhes foram oferecidos. Mereceram. Tiveram mais brio. Ganharam com garbo.
            Os torcedores. Esses é que não tem culpa. Estão no meio de tudo, como o marisco, entre o rochedo e a maré. Essa massa anônima, refém dos jogadores, do treinador, da diretoria, adotam uma equipe e por ela brigam, gritam, sofrem. E no fim, quando seu time perde, são os que mais sentem. Até por que não têm os polpudos salários para lhes consolar a dor da derrota. Ou vai dizer que não é mais fácil (ou menos difícil) superar uma derrota ganhando duzentos, trezentos mil por mês? Pois bem. Este, o torcedor, é o único que gasta dinheiro do próprio bolso com futebol. E é o motivo pelo qual ainda existem times de futebol. Portanto, tem todo o direito de cobrar satisfação de suas equipes, dos jogadores, do técnico e da diretoria, quando nos brindam com fiascos como este. Vou mais longe. Têm o dever de cobrar daqueles no mínimo o respeito ao clube, a hombridade, a dedicação e a eficiência. Tem o dever de mostrar sua insatisfação e sua indignação. Mas, ao mesmo tempo, são passionais. Assim como o amor da véspera se transforma no ódio do dia seguinte, o contrário também acontece. E muito rapidamente o vilão se torna mocinho. Para o bem dos clubes de futebol.
            A flauta. Está é elemento fundamental nas atividades esportivas. É a tradução material da rivalidade. Quando saudável, não pode faltar. Desde que mantido o respeito. Podemos ser adversários sem sermos inimigos.

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