Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

sábado, 16 de março de 2024

Capítulo 3 - Dia 02 - 07/02/2024 - Quarta-feira

                  Dando continuidade à aventura de dois veteranos motociclistas, saímos da cidade de Posadas, como eu disse, uma bela cidade, e partimos em direção à Corrientes, agora sim, mais no interiorzão da Argentina, porém ainda às margens do enorme e belo rio Paraná.

Bora que está perto...



                Sobre o rio Paraná é interessante destacar que em alguns pontos ele é tão largo que mal-e-mal se enxerga o outro lado.

                Na cidade de Posadas, que estivemos no dia anterior, havia uma ponte, Ponte Internacional, que levava para o outro lado do Rio Paraná, saindo diretamente no país vizinho do Paraguai.

 

                * Problemas só existem quando têm que acontecer

Logo na saída de Posadas minha Bebê (nome de batismo de minha motocicleta, kkk), começou a sinalizar um antigo defeito eletrônico que eu julgava superado...

               

Bebê pronta para a viagem

O pezinho de descanso da moto, tecnicamente conhecido como “sensor indutivo”, há alguns meses atrás, após eu viajar na chuva para um encontro de motociclistas em Cerro Branco - RS, andou apresentando um problema. Passados alguns dias daquela viagem, nunca mais acusou tal situação, mesmo eu tendo viajado na chuva em outras oportunidades. Daí que julguei ter sido um problema apenas pontual; e nunca mais me preocupei com ele, que nem era detectado nas revisões eletrônicas que eu fazia na moto.

Esse sensor evita que a moto ande com o pezinho de descanso baixado, sendo um elemento de segurança. O problema é que quando ele acusa o problema e aparece a mensagem “Side Stand” – descanso lateral, a gente engata uma marcha na moto e imediatamente o motor desliga. Com isso, mesmo com o pezinho “recolhido”, não se consegue fazer a motocicleta andar.

                Pois bem, estávamos no dirigindo à cidade de Corrientes pela RN – Ruta Nacional 12, no meio de uma das (muitas) retas daquele trecho da rodovia Argentina, há mais de cem quilômetros de lugar nenhum, e a Bebê começou a acusar o problema, obviamente que causado pela chuvarada do dia anterior.

A "solução" do problema, kkk

                Durante mais de hora viajei com o painel piscando a mensagem “side stand”. Num determinado momento, quando um calor absurdo de um sol impiedoso, beirando os quarenta graus célsius, nos obrigou a parar para descansar, se hidratar e pormos uma roupa mais leve, precisei desligar a moto. Após o descanso, não consegui mais fazer a moto andar, pois com o problema, engatava a primeira marcha e o motor desligava. Tentei fazer a moto andar uma dezena de vezes e nada! O jeito foi começar a fuçar...

 

                * O espírito da estrada

                Enquanto estávamos parados fuçando na Bebê, já sem camisa e quase sem água, pois o calor era grande, escuta-se um “estrondo” na rodovia e imediatamente encosta, bem próximo a nós, um motor home - trailer que acabara de estourar um pneu.

                Os ocupantes do motor home, instalado na plataforma de um Ford 56 a gasolina, era um casal argentino que estava voltando de uma viagem de nove meses pela costa brasileira, e chegariam em sua cidade, Buenos Aires, dentro de mais quinze dias.

                De pronto o motorista, antes mesmo de ver e resolver o seu problema, o pneu estourado, se ofereceu para nos ajudar, mesmo não conhecendo muito de moto, como ele mesmo disse. Sua esposa, muito solícita, ofereceu-nos refrigerante e água geladas.

                Mais de hora depois, nós ainda sem conseguir fazer a Bebê andar, os argentinos já com o pneu trocado e banho tomado (eles tinham chuveiro no motor home, além de uma pequena borracharia e oficina mecânica, com gerador de energia, caixa d’água, ar-condicionado,  geladeira com freezer, etc), nos despedimos, após efusivas trocas de votos de boa sorte e bons augúrios. Àquelas alturas já pensávamos em chamar um guincho (tarefa que caberia ao Chico procurar – ou não) para levar a moto até Corrientes, distante uns cento e setenta quilômetros adiante.

Mais uma meia hora depois e, por uma dessas razões que não se sabe explicar muito bem, ou por que àquelas alturas o motor da moto tenha esfriado um pouco, em uma tentativa de engatar uma marcha na moto ela “aceitou” a primeira... Com isso, mesmo ainda apresentando a mensagem de problema, estávamos temporariamente em condições de rodar...

Com enorme e emocionante alegria, pois já estávamos há quase duas horas ali na estrada, parados, sem água, derretendo, sem saber exatamente o que fazer (já tínhamos consultado soluções e alternativas na internet, mas todas indicavam a necessidade de dispositivos eletrônicos, o que não tínhamos na hora – agora carrego cinco deles com as ferramentas da moto, ahahahah) nos vestimos e bora motoquear. Nunca me vesti tão rápido na vida, ahahahahah. Como saí com pressa, feito um louco, pois tinha medo de a moto apagar ao fazer alguma marcha, saí na frente do Chico, alucinado... Em breve ele me alcançaria e passaríamos a rodar em nossa velocidade regular de cruzeiro que era 90-100 km/h. 

Dono de Harley tem que ter graxa nas unhas, ahahahahahah

                Chegamos em Corrientes por volta das 15:30 e um dilúvio inundara aquela parte da cidade, de novo. Mas agora eu sabia que não poderia desligar a moto...

 

                * Corrientes

                Chegamos em Corrrientes encharcados, desidratados, com fome, cansados física e emocionalmente, mas fomos buscar uma mecânica para moto. Após rodar feito uns tontos perdidos, sem poder desligar a moto, fazendo umas pataquadas como andar na contramão e sobre a calçada, kkk, encontramos a única que nos indicaram, mas que abriria apenas após às dezessete horas, pois naquele momento estava no horário da siesta (hábito dos hermanos de descansar – sestiar após o almoço). Resolvemos ir direto para o hotel que escolhemos nesta cidade.

           

Corrientes

     A cidade de Corrientes é grande, tendo em torno de trezentos e vinte mil habitantes, e antiga, pois foi fundada no final do século XVI. O hotel que escolhemos ficava no centro, mas dentro de uma praça, então, como não sabíamos como chegar, de moto, até a portaria do hotel (que barbarbaridade), e como eu não poderia desligar a moto, fomos para o plano B, onde ficamos: hotel Identidade era o nome, também bem no centro, quase ao lado da referida praça.

 

                * Rotina

                Antes mesmo do check in no hotel fomos comprar água, pois a desidratação é um dos riscos que se corre ao viajarmos de moto no verão.

Instalados no hotel, banho tomado, roupas e acessórios pendurados para secar (pelo segundo dia seguido pegávamos chuva na estrada) e vamos para dois compromissos: fazer o câmbio, de novo, e procurar um capacitor eletrônico que era indicado na internet para contornar o problema de minha motocicleta.

Hotel Identidade

À noite, como de costume, fomos a uma parrijada ou parrilhada, afinal, estamos na Argentina, e suas carnes dispensam comentários. Sem falar que o câmbio favorecia-nos na hora do brique, ahahahahahah.

Após o jantar chamamos um táxi e fizemos um tour pela bela avenida Costaneira da cidade. Quase uma hora de passeio, com um amigo nosso já meio cochilando ao lado do motorista, e voltamos para o hotel. Preço da corrida do táxi: vinte pilas...

 

Justa e merecida janta em Corrientes

* Alguns destaques pontuais desta etapa

Não achei a peça exata para consertar minha moto. Porém, o atendente da loja de eletrônicos, muito solícito, deixou até eu usar o computador da loja para procurar peças semelhantes pela internet. Como não conseguimos, ele me forneceu, a preço de custo, cinco capacitores que poderiam, ou não, substituir o que eu precisava e me desejou muita sorte, kkk. Fiquei muito grato pela atenção recebida.

Comprando a peça salvadora...

Os preços na Argentina são bastante em conta se comparados com os do Brasil. Refeições, souvenires, bebidas, roupas, tudo muito em conta. Mas tem-se que ter cuidado com o câmbio, pois existem os espertinhos que querem ganhar dinheiro fácil à custa de desavisados: compramos pesos a 220 por real, mas teve quem nos ofereceu a 190, 180 e até 170... Pensaram que eu não era bobo...

 

* E se foi o segundo dia

À noite, após um dia bastante intenso, mesmo apesar do pecado da gula no jantar, o sono veio fácil e foi reparador. Pela manhã já estávamos ávidos por ver se alguma das peças compradas para a moto serviria, nos permitindo voltar à estrada. Também no café da manhã soubemos de umas “novidades” futuras que nos aguardavam.

E no terceiro dia, em direção à cidade de Termas do Rio Hondo, conheceríamos o “temível” Chaco argentino...

        Gostei da placa na porta da loja de peças eletrônicas: “si usted necessita el ‘cosito del coso’ traiganos de muestra el ‘coso donde vá el cosito””, ahahahahahah (Leleco, eis aí boa dica)


Chicão e sua merecida Zero Álcool


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