Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A Encruzilhada da Educação - Parte 1


Um dos grandes conflitos que ocorrem nas escolas de ensino básico (fundamental e médio) é suscitado pela seguinte relação, aparentemente auto-excludente: escola meritocrática X escola humanizadora.
Numa estrutura meritocrática as posições hierárquicas são conquistadas, em tese, com base no merecimento e entre os valores associados estão educação, moral, aptidão específica para determinada atividade. Em alguns casos, constitui-se em uma forma ou método de seleção (Wikipédia, 28/2/13, 09h13min). Assim, numa escola meritocrática temos alunos bons (com muito mérito) por que foram bem nas provas, dominam os conteúdos, respeitam os professores, possuem elementos básicos de convivência social “civilizada”. Obviamente os "menos bons" ou ruins o são por não possuírem tantos e tais atributos (então, possuem menos méritos).
Nessa estrutura meritocrática os alunos são depositários do conhecimento, aqui, sinônimo de conteúdos, e cabe à escola, e aos professores, avaliar e hierarquizar os mesmos através de notas e conceitos. Os bons têm notas boas; os ruins, notas ruins.
Por outro lado, numa estrutura dita humanizadora, o objetivo seria, em última análise, desenvolver, ampliar, lapidar e delimitar as características do que é humano, tarefa nada fácil na medida em que pesquisas indicam que o termo humanização é extremamente amplo, sendo abordado pelos mais variados ramos do conhecimento humano, desde a filosofia, psicologia, ciências humanas e matemáticas, passando pelas áreas médicas, biológicas e fisiológicas, atingindo também os campos da metafísica e de áreas transcendentais como a religião.
Nesse sentido, uma escola humanizadora objetiva, em última análise, servir de instrumento para que o indivíduo, o aluno, desenvolva as suas características como ser humano pleno e consciente de si como ser social detentor de direitos e obrigações. São características como ética, moral, honra, respeito, civilidade, conhecimento, comunicabilidade, educação, disciplina, responsabilidade, etc.
A escola humanizadora é apresentada apenas como um instrumento dessa humanização e as disciplinas escolares, bem como o próprio papel dos professores, são partes desses instrumentos, ou melhor, são engrenagens dessa grande máquina humanizadora (que é a escola).
Duas questões se fazem prementes.
 Primeira: como avaliar, mensurar, estabelecer parâmetros de medição para um maior ou menor grau de humanização? O que é mais humano, o respeito, a educação, a civilidade, a ética ou a moral? A outra questão é mais complexa.
A sociedade brasileira é, por sua natureza (histórica, social e cultural) uma sociedade meritocrática. A hierarquia do “ter” é muito mais valorizada do que a do “ser”. Para os estudantes isso só piora: os vestibulares são meritocráticos; o ENEM é meritocrático; as vagas no mercado de trabalho, ao menos nas atividades mais complexas ou mais concorridas, são, salvo raras exceções, meritocráticas.
Assim, amigo leitor, a busca por uma escola pública de qualidade passa, de forma inafastável, pela forma como será equacionada esta questão. Até por que entendo que a meritocracia e a humanização não são princípios auto-excludentes; são complementares. Existe entre ambas uma relação de reciprocidade. Mas nesse momento o primeiro é muito mais significativo que o segundo.
Alguém tem alguma dúvida quanto a isso?

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