Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

História de Praia

            Consegui usufruir de uma breve temporada de “tranquilidade” na orla marítima catarinense.
            Num dos belos dias, devidamente acomodado em uma área ocupada por muitas famílias, presenciamos, eu e os demais veranistas, a aproximação de um casal acompanhado de uma moça de qualidades físicas muito acima da média. Se é que me entendem! Corpo em dia. Muito em dia. E bronzeado. Muito bronzeado. Biquíni diminuto. Muito diminuto. Estabeleceram-se bem próximos. Montaram o acampamento: guarda-sol, cadeiras, esteiras, toalhas, chimarrão, jornal e demais apetrechos. A moça de fisiologia privilegiada estendeu sua toalha no chão e, após uma interminável e deleitosa seção de lambusamento protetor (licença poética ou neologismo?), deitou-se. Em poucos minutos era ela e seu escultural corpo estendido a sensação daquele pedaço de praia.
            A coisa esquentou quando lá pelas tantas, no intuito de não ficar com marquinhas inconvenientes, a moça, de bruços, desamarrou a parte superior do biquíni e “ajeitou” a parte inferior. Esticou-se e ficou ali, lagarteando, dourada, reluzente e deslumbrante. Um senhor já sessentão sentado a uns metros de mim desabou da cadeira, sob o olhar desconfiado da Nona. Risada geral.
            Mas a coisa ficou quente, quente mesmo, quando apareceu uma senhora para conversar com aquela família. O casal continuou sentado, mas a moça, a atração da praia naquele momento, simplesmente segurou a parte superior do biquíni com um dos braços e se levantou. Assim mesmo, sem amarrar nada. Nenhum lacinho ou nozinho. As tirinhas caídas ao longo do corpo esguio. Teve marmanjo se engasgando com o chimarrão, virando a cerveja, limpando os óculos, levantando da cadeira, esticando o pescoço, baixando a aba do boné para poder olhar com mais tranquilidade e arrumando um sem número de subterfúgios para poder espiar a beldade. E as mulheres ali, fingindo naturalidade. Algumas, inconscientemente, taparam-se com as toalhas, esticaram as peças de banho para ver se aumentavam a área protegida ou simplesmente viraram de costas. Outras (todas?), procuraram aquela estriazinha ou celulitezinha que condenaria a musa dourada à vala das mortais. Não sei se acharam... Por uns quinze minutos a bela ficou ali, estática, conversando. E com o braço segurando a parte superior do biquíni. Por uns quinze minutos pairou no ar uma dúvida atroz: será que ela vai esquecer sua situação e, ao se despedir da titia, levantar os braços para abraçá-la? Nunca tantos desejaram tanto que aquela senhora fosse embora de uma vez. E ela foi. E o que ocorreu? Nada. A máquina simplesmente tornou a se deitar e voltou a usufruir seu consagrador momento de sol.
            Para tristeza geral, ao menos de uma boa parte dos presentes, dali uns trinta minutos a moça se amarrou, a família recolheu os petrechos e, não sem que a linda  fizesse uma insuspeita ginástica para recolher sua toalha e seu protetor solar, partiram. E ela nem deu uma olhadinha para trás. Para frustração de uns marmanjos que juravam ter flertado com ela.
            Ganhou-se o dia na beira da praia...

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