Segundo o Dr.
Google, aquele que tudo sabe e que tudo vê, é um conjunto característico de
sinais e sintomas que ocorrem após a interrupção (ou, em alguns casos,
diminuição) do consumo de uma droga, seja ela um medicamento ou uma droga de
abuso. Ainda conforme a fonte, pode causar insônia, tremores, ansiedade,
disforia, náusea ou vômitos, inquietação, agitação, aumento da sudorese,
aumento da frequência cardíaca e outros sinais de hiperatividade do sistema
nervoso autônomo. Quando mais grave, pode evoluir com convulsões e delirium
tremens. Ainda, leio que os sintomas, que estão ligados aos danos causados ao
cérebro, apresentam-se durante a sobriedade e podem ser descritos como
dificuldade de concentração, problemas de memória, reação emocional exagerada
ou apatia, distúrbios ou alterações do sono, problemas de coordenação motora e
sensibilidade ao stress. A síndrome de abstinência prolongada pode desencadear
recaídas com frequência, mas seus sintomas são potencialmente reversíveis. Por
fim, observa-se que a instalação de uma síndrome de abstinência tende a ser
mais rápida no caso de drogas de meia-vida mais curta. Seu curso tipicamente
varia de alguns dias a duas semanas, mas descrevem-se sintomas que podem
persistir por meses...
A partir dessas
informações, começo a expor ao amigo leitor o meu caso particular, destacando,
de pronto, que necessariamente as conclusões a que podemos chegar não se
aplicam a outros, pois sabemos que cada caso é um caso e vice-versa, kkk. E que
eu sirva de exemplo...
A droga está
aí. Eu nunca fui um consumidor contumaz. Sempre fiz uso com moderação, com
muito critério pois, além do preço, o estudo e a formação que tenho me permitem
criterizar o momento de começar a usar, de parar e até a opção de usar ou não.
E muito mais o momento e o lugar onde fazê-lo.
Para mim a
síndrome de abstinência durou três dias. Tão somente três dias. Depois, passado
o impacto inicial, comecei a redescobrir um mundo que há muito deixara de
existir: um mundo de tranquilidade, de respeito, de comprometimento e
responsabilidade.
Como a vida
pode ser tão boa se conseguirmos nos livrar dessa dependência... Como um dia
pode ser tão aproveitável quando estamos livres desse compromisso forçado que
eiva nosso tempo e, como reflexo, nossa vida!
Pois é amigo
leitor, infelizmente o que é bom dura pouco e não demora muito terei, com plena
certeza, uma recaída. Isso já está determinado. Ainda vou tentar prorrogar essa
vida de liberdade o máximo possível, mas sei que não há alternativa: terei que
voltar a usar. Muito mais por necessidade do que por vontade própria; muito
mais por imposição social e profissional do que por um desejo subjetivo e
íntimo de não fazê-lo.
Quem foi que
disse que é (im)possível viver sem essa droga extremamente viciante chamada celular?
Quem disse que é possível viver sem Watssap? Quem disse que é possível viver
sem que necessariamente estejamos conectados o tempo todo, full time?
Hoje faz uma
semana que perdi o celular. Uma semana!
Apesar de eu
não ser um “rededependente”, passei por três dias de uma interessante síndrome
de abstinência, traduzida por reiterados atos involuntários de procurar o
telefone naquele lugar em que sempre o guardo, de viver em função de senhas, tomadas
e carregadores, de me comunicar com grupos e pessoas pelos simples fatos de
estarem ali, a um toque do polegar ou do indicador...
E se foi assim
comigo, nessas condições peculiares, eu imagino o que não deve ser para aqueles
que realmente estão viciados, inapelavelmente viciados; para aqueles que não
suportam viver trinta ou quarenta minutos sem dar uma “tuitada”; para aqueles
que não se importam de, em uma solenidade, em uma festa, em uma reunião, em uma
palestra, em um velório ou em uma atividade de laser, se expor ao crivo das
pessoas presentes e, indisfarçadamente, lançar mão do telefone para dar uma
atualizada nas redes sociais; para aqueles que acordam na madrugada para dar
uma fumadinha, ops, consultadinha... Deve realmente ser um sofrimento atroz ter
que ficar sem a “espiadinha” básica, nem que seja por um segundo; deve ser
terrível mesmo! Deve realmente causar todos os sintomas de uma síndrome de
abstinência. Todos!
Seria risível,
se não fosse trágico. É vício, na acepção ampla da palavra. E é desrespeito e
falta de educação também. Ou não? Hein? Hã? O assunto não se esgota.
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