Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

sexta-feira, 14 de março de 2014

A Lei de Gerson e a Lei de Neymar



Há algum tempo o jogador de futebol Gerson, famoso e um dos destaques da grande seleção brasileira da Copa de Setenta, apareceu na televisão fazendo propaganda de uma marca de cigarros. Ao final concluía dizendo que “o importante é levar vantagem em tudo”.
Ao que me lembro, o “levar vantagem em tudo” referia-se a um produto que alegava ser mais saboroso, ter menos alcatrão e nicotina, etc. Nesse sentido, o fumante que optasse por aquele produto estaria auferindo uma série de vantagens.
Não demorou para que, num país como o nosso, houvesse uma apropriação da expressão “o importante é levar vantagem em tudo”. Ela passou a significar ou a fazer referência à pratica comum e disseminada de, no Brasil, todo mundo querer levar vantagem em alguma coisa.
Atualmente, em um primeiro momento, pode-se até fazer referência à classe política brasileira que, sabemos, parece ser ou formar o grupo que, raras exceções (como se as exceções já não fossem raras por sua natureza), é pródiga em levar vantagem, via de regra indevidas, em tudo. Tenho a impressão amigo leitor, que a classe política brasileira, salvo as exceções, friso, é corrupta por sua natureza.
Mas não nos iludamos. Não é apenas aos políticos que se aplica a Lei de Gerson, muito pelo contrário.
A pessoa comum, muitas vezes o cidadão de bem, também é dado à prática de querer levar vantagem em tudo. Basta uma pequena observação de nosso cotidiano para vermos que isso é muito mais comum do que se imagina. Furar uma fila, estacionar na faixa de segurança, pagar um preço a menor, dar um troco a menor, usar relações pessoas para obter privilégios, descumprir horários, fugir das responsabilidades, votar em políticos safados e incompetentes, e muito mais, tudo isso são formas de, direta ou indiretamente, obter algum tipo de vantagem. E se o indivíduo comum age assim, dá para esperar que nossos políticos sejam diferentes? Hein? Ham?
Mas um dia o Gerson, estigmatizado por sua infame lei, foi à televisão para se explicar. Não precisava. Qualquer pessoa com inteligência acima do senso comum sabia que aquela não era a ideia proposta pela propaganda. Mas que pegou como uma instrução para justificar essa disposição dos brasileiros em sempre se dar bem, isso pegou. E creio que não muda mais. Coitado do Gerson.
Agora temos observado na TV o Neymar fazendo uma propaganda de refrigerante em que os turistas, por desconhecerem a língua portuguesa, fazem papel de bobos atribuindo-se adjetivos jocosos, depreciativos e risíveis. É a Lei do Neymar: aproveitar que durante a Copa do Mundo o Brasil receberá muitos turistas e submetê-los ao ridículo para podermos dar umas boas risadas. Não é essa a ideia que a infeliz propaganda nos passa? Amigo leitor, será que eu estou vendo coisa onde não tem, do tipo chifre em cabeça de cavalo, dente em boca de galinha, perna em cobra e cabelo em ovo?
E se as pessoas começarem a achar que é normal e até aconselhável tratar os turistas da forma como o jogador de bola trata na TV, isso não vai prejudicar ainda mais a nossa imagem junto á comunidade internacional?
Confesso que a primeira vez que vi a propaganda fiquei meio constrangido. É desrespeitosa, para dizer o mínimo. E não venha depois o Neymar dizer que era apenas uma propaganda, que não foi ele quem fez o texto, etc., pois tenho certeza que ela sabia o que estava fazendo.
Tenho pena é dos turistas, visto que virão para um país onde as pessoas querem obter vantagem em tudo e onde serão motivo de chacota e de ridicularização. Depois não querem que o Brasil e os brasileiros sejam vistos no exterior como um povo subdesenvolvido que não tem muita civilidade, responsabilidade e respeito pelos outros e por si.
         Ah, e o locutor ainda diz “este (refrigerante) é produto genuinamente brasileiro!” Então tá, ficamos assim...

Nenhum comentário:

Postar um comentário