Alguém já disse...

Os do mal começam a vencer quando os do bem cruzam os braços!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Escola e Violência

      Alguns leitores destacaram o fato de eu ainda não ter me manifestado a cerca da tragédia do Realengo no Rio de Janeiro, principalmente porque sou professor e dos mais críticos diante das questões, e das mazelas de nossa educação. Já o fiz, mas volto ao tema.
      Às vezes é delicado se tratar de um assunto tão impactante no calor dos acontecimentos, quando a opinião pública e o senso comum estão tomados por informações e manchetes que, não raro, apresentam um ponto de vista do comunicador, do jornalista ou da rede de comunicação que está apresentando a notícia. E o que esses querem é manchete; é espetáculo. Nesse sentido, a nós que ocupamos os meios de comunicação e, muito comum, somos formadores de opinião, prudência sempre é aconselhável.
      Não se pode tratar da "tragédia do Realengo" sem tratar, de forma direta e objetiva, da questão da violência escolar como um todo.
      Já tínhamos visto, ouvido ou lido a respeito de violência nas escolas brasileiras, mas nunca, nunca mesmo, poderíamos imaginar que chegaríamos a uma situação como esta (aquela).
      Coisas assim aconteciam nos Estados Unidos. Lá, os alunos eram perigosos, desequilibrados, andavam armados, cometiam assassinatos em massa. E lá, esse lá que sempre nos pareceu bem longe, era um outro mundo, um lugar onde as coisa aconteciam sem nos dizer o menor respeito.
      Agora, todo e qualquer caso de violência que por ventura tenha ocorrido no Brasil, acontece  aqui, e esse aqui é "bem próximo". E esse bem próximo foi potencializado, elevado ao status de tragédia. A população brasileira ficou estupefada. Mais ainda a classe escolar.
      Uma das principais consequências desse acontecimento foi o espíritio de insegurança instalado em nossas escolas. Nunca as comunidades escolares se sentiram tão frágeis, vulneráveis e inseguras. Tanto pelo fato em si, a morte de mais de uma dezena de crianças, com a facilidade como ocorreu e, pior, pela facilidade como fatos semelhantes poderão ser cometidos, repetidos.
      Violência nas escolas sempre houve. Não é um fenômeno atual. A questão que se apresenta é o destaque que esses fatos têm tomado. Até certo tempo, os casos que nos chegavam ao conhecimento representavam (mas não eram) fatos isolados e (pareciam) restritos às comunidades carentes onde a pobreza da população servia como (uma improvável) justificativa para os mesmos.
      Com a evolução dos meios de comunicação, com a universalização dos circuitos internos de segurança ("sorria, você está sendo filmado!") e dos telefones celulares que fotografam e filmam, a violência escolar passou a se mostrar muito mais comum do que se imagina. E muito menos restrita às comunidades escolares das classes menos privilegiadas. Tem muito estudante de classe média e alta cometendo violência escolar. Como sempre houve. Que o digam os violentos trotes aos bixos universitários que já causaram, inclusive, algumas mortes. Com certeza não são da classe baixa os estudantes que cometem tais violências. Ou será que estou enganado?
        Me parece que agora, diante desses fatos e da facilidade com  que nos chegam ao conhecimento, estamos num período de "democratização" da violência escolar.
      Não se pode esquercer que ainda tem essa questão do bullying, que será assunto de outro momento.
      Assim é que o acontecimento do Realengo vai exigir uma nova postura das escolas e dos poderes constiuídos diante da questão da violência escolar. A esses esforços deverá se somar os esforços e os interesses das famílias que, querendo ou não, são também responsáveis pelo que acontece, pelo que seus filhos e netos fazem.
      Enquanto isso, nós professores e nossos alunos do bem, continuamos nossa luta. Cumprindo com nosso mister. E tentando ser parte da solução...

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