Além da
relação escola meritocrática-escola humanizadora, outro ponto-chave na equação
dos problemas que envolvem a educação institucional pública atualmente é que as
escolas não conseguem definir de forma clara e objetiva qual é o seu papel na
sociedade e qual sua finalidade institucional.
É muito
frequente observarmos, também, que falta às escolas um sentido de unidade que
consiga promover o esforço conjunto de todos os agentes sociais e políticos
envolvidos no processo educacional com a busca do alcance dessa finalidade,
desse papel, quando ele existe.
As
Coordenadorias de Educação, porta-vozes e representantes de um governo que,
paradoxo, criou a Piso Salarial Nacional dos professores públicos, mas se nega
veementemente a cumpri-lo, estabelecem “normas gerais” de um atuar pedagógico
defendendo uma prática pedagógica do “caminhar se faz caminhando”, isso quando
não apela para o sofisma da “pedagogia do amor”. Hoje em dia isto não basta!
As equipes diretivas, preocupadas, submetidas
e perdidas nas questões administrativas da instituição acabam por relegar o
pedagógico, fim último da escola, a um segundo plano. Apoiadas em setores sem o
devido preparo ou a quem muitas vezes privam de autonomia e iniciativa, não
sabem ou são incompetentes para estabelecer metas de aprendizagem que se
sustentem em claras propostas pedagógicas ou em teorias pedagógicas atuais que lhes
permitam maior discernimento no gerenciamento dessas questões.
Os professores, de sua parte, não conseguem,
da mesma forma, estabelecer uma linha de ação pedagógica coletiva, que minimize
os esforços individuais e maximize os resultados do todo. Na prática, a escola
sob o ponto de vista dos professores, é um somatório de iniciativas individuais
que, se muito bem intencionadas, carecem do espírito de equipe, do espírito de
classe. Em muitos casos, também, falta ao grupo autonomia e iniciativa para
determinar e gerir o processo pedagógico no âmbito da escola. Alguns não podem,
outros não querem...
Entre os pais
dos alunos, maiores interessados numa educação institucional de qualidade, são
poucos os que realmente se preocupam com as questões escolares, em especial as
questões pedagógicas. Sabem que a escola serve para “ensinar”, mas não sabem
muito bem o que isso significa, como é desenvolvido na prática ou que
resultados esperar (desse “ensinar”). Por conveniência ou desconhecimento,
acreditam que os professores fazem o que é possível, o melhor, o necessário. E
seus filhos? São considerados meros objetos desse “ensino” e não partes
atuantes e interativas do mesmo.
Por fim, não
raro os alunos entram e saem da escola sem se perguntar o que estão fazendo
ali. Não se perguntam qual o papel das direções, dos professores, dos pais e de
si próprios nesses processos de ensino que se desenvolvem no âmbito das
escolas. Quando se perguntam, não buscam as respostas; quando buscam as
respostas, se é que o fazem, deixam de discuti-las com seus pares e com os
demais agentes da educação institucional.
Ora, se essas
questões primárias e fundamentais são difíceis de equacionar, o que dizer
então, de questões mais complexas como a avaliação, por exemplo? Como
estabelecer correlações entre uma sociedade meritocrática e uma proposta
escolar humanizadora? Como cobrar a efetiva participação dos pais no âmbito das
decisões escolares, sejam administrativas sejam, principalmente, pedagógicas?
Como significar e ressignificar conteúdos e tarefas escolares? Como cobrar que
os alunos “avolumem” seus estudos e sua dedicação? Como exigir dos professores
seus deveres, se seus direitos são relegados a um segundo plano? E por aí
vai...
Amigo
leitor, a busca por uma escola pública de qualidade passa, de forma inafastável,
pela forma como serão equacionadas estas questões. Alguém tem alguma dúvida quanto a isso?
E os índices? |
Nenhum comentário:
Postar um comentário